ESPAÇO EMPRESARIAL
Vivemos hoje no Brasil, talvez, um dos períodos mais delicados e incertos no sentido de não se ter claro o que acontecerá com a economia e com a política nos próximos meses ou até anos. Nem os mais respeitados analistas econômicos e conjunturais ousam dizer, com exatidão, quando teremos efetivamente uma retomada no ritmo normal do andamento da economia do pais. E é nesse contexto, completamente desafiador, que assumo a presidência do Conselho Estratégico da Abcic. O que se ouve na cadeia da construção são somente notícias de desaceleração, sem uma perspectiva animadora no médio prazo.
Creio, no entanto, sinceramente, que nossas dificuldades momentâneas são superáveis. O Brasil, afinal de contas, não tem descontrole total de suas finanças, possui um mercado interno dinâmico e que costuma dar respostas rápidas. Uma população naturalmente otimista e até entusiasta, além de ter conseguido certo equilíbrio na balança comercial, notadamente em função de uma agricultura que já demonstrou ser altamente competitiva e garantido, além de equilíbrio nas contas externas, uma decisiva contribuição para o controle da inflação interna dos alimentos. Além disso, o país possui uma classe empresarial dinâmica, empreendedora, criativa em todos os sentidos e que, historicamente, já superou traumas bem mais agudos do que o atual.
Do nosso lado, da área de industrialização da construção civil, também já demos mostras, em outros tempos, de que temos capacidade técnica, experiência comercial e financeira suficientes para administrar nossas empresas, conquistar mercados, atender adequadamente a demanda dos clientes e fazer a roda girar favoravelmente aos negócios. Afinal de contas não enfrentamos uma situação como a de países europeus, cuja estrutura social e a infraestrutura já está toda pronta, sem a necessidade de grandes obras. Aqui no Brasil não. Temos a nítida percepção de que tudo ainda estar por ser feito.
Os exemplos das infinitas demandas brasileiras estão por toda parte: na área de transporte, há gargalos logísticos nas rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e mobilidade urbana; também em armazenagem de produtos agrícolas; na área habitacional, trata-se de um déficit histórico. Em razão de todas essas perspectivas é que acredito que nossos desafios são superáveis. Nesse particular, sou bastante esperançoso também em função de todo o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos por diversas instâncias e entidades setoriais.
No caso específico da Abcic, creio que a trajetória desenhada pela entidade nos últimos anos é exemplar na direção de pavimentar o caminho da eficiência e da produtividade na medida em que foram priorizadas ações que reforçam uma atuação voltada para criação de normas técnicas modernas e que atendem aos mais rigorosos requisitos de qualidade do produto final. Temos exercido uma atuação bastante ativa no que diz respeito a nos posicionarmos politicamente, de forma coerente e firme, acompanhando as ações das demais entidades do segmento no que diz respeito a reivindicações comuns da cadeia da construção. Isso pode ser constatado com nossa corriqueira atuação em parceria com as demais associações do meio.
Vale observar ainda que nossa atuação não se restringe ao âmbito nacional. Nos últimos anos, tivemos, em boa parte devido ao dinamismo da nossa presidente-executiva, Íria Doniak, uma presença firme e decisiva no cenário internacional. Participamos diretamente, ou somos representados, em todos os principais fóruns internacionais de discussão de temas relativos às atividades de projeto e estrutura de concreto. Recentemente, Íria passou a integrar o fib presidium, importante fórum mundial de cunho técnico e científico, onde importantes deliberações são tomadas a respeito das estruturas de concreto. Por todas essas razões apresentadas é que não podemos esmorecer ou perder a esperança no futuro de nosso setor.