ESPAÇO EXECUTIVO
A Jornada de uma "nova tecnologia"
A pré-fabricação é um sistema construtivo consagrado no mundo e no Brasil há mais de 5 décadas. Entre os associados da Abcic, há inúmeros cases voltados a segmentos de shopping centers, centros de distribuição e logística, varejo e mais recentemente nosso setor tem se dedicado a construção de arenas esportivas, aeroportos, BRTs, entre outras áreas.
Apesar da pré-fabricação em concreto ser uma tecnologia amplamente difundida, trata-se de uma “nova tecnologia” a ser aplicada na habitação, que tradicionalmente usa métodos convencionais. No entanto, se de um lado existe por parte do mercado grande interesse na evolução de metodologias que tragam padrões industriais de construção, afastando-se das maneiras artesanais de produzir, por outro, existem inúmeros desafios. A resistência à inovação por parte de construtoras e usuários é um deles. Outros são: as dificuldades técnicas e legais na sua certificação, os altos custos e o longo prazo envolvido para desenvolver novas tecnologias.
O ponto de partida foi estabelecer um conceito de produto e a definição do processo. A construção de uma fábrica, o início da produção e os ajustes necessários a fim de atender as necessidades operacionais e de produção e não somente ao que era perceptível pelo cliente final, mas também aos critérios de desempenho estabelecidos pelas normas técnicas até a obtenção e manutenção do DATEC (Documento de Avaliação Técnica), expedido por uma Instituição de Avaliação Técnica ligada ao SINAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas), no contexto do PBQP-h - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade, vinculado ao Ministério das Cidades.
É necessário, no entanto, investir em fábrica, no desenvolvimento tecnológico e na comprovação da qualidade, mas também no planejamento e logística, pois sem tais conceitos não se viabiliza a industrialização. Parece óbvio, mas na prática se tenta aplicar conceitos de industrialização racionando o processo de forma convencional. Incluindo, por exemplo, as tolerâncias do processo construtivo que deixam de ser em centímetros e passam a ser em milímetros. A mão de obra precisa estar qualificada e constantemente capacitada.
A integração do negócio imobiliário ao processo de industrialização na construção, com a solução de paredes pré-fabricadas de concreto armado autoportantes tem se mostrado uma ótima alternativa para a construção de casas e apartamentos. E tem tido sucesso nos programas habitacionais do Minha Casa, Minha Vida. Este programa traz importantes contribuições para a melhoria de vida da população de baixa renda. Ele necessita de aprimoramento, mas é inegável sua grande contribuição à habitação social. Estamos prestes a ver a nova edição do MCMV, etapa3. Torcemos que sejam incorporadas melhorias já sugeridas pelos órgãos gestores e empresas e que as praticas do programa sejam melhoradas.
Concluo registrando que existe grande oportunidade para a construção em concreto armado pré-fabricado nas necessárias soluções de habitação popular. As dificuldades anteriormente referidas, especialmente no que tange a financiamento, tecnologia e melhoria dos programas habitacionais, são um caminho crítico. Mas é possível antever que soluções industriais em concreto serão uma parte cada vez maior da construção habitacional.
Ao compartilhar com os leitores a jornada da Domus Populi, do seu início há seis anos até os dias hoje, quando começamos a colher os frutos, ao entregar os apartamentos aos compradores e com o domínio de uma tecnologia industrializada, certificada e reconhecida na sua qualidade, pretendo concluir com algumas características necessárias para que o setor, independente de sua área de atuação vença o momento atual, que nos desafia dia após dia. É necessário ter objetivos claros, inovar, repensar o produto, o modelo de negócio se necessário for, ter o domínio do processo para agregar tecnologia, comprovar a qualidade, mas acima de tudo perseverar!