ARTIGO TÉCNICO
Fig.1 Prédio com 65m, com estrutura integralmente pré-fabricada de concreto, em Jaraguá do Sul. Diferentes fases da montagem (a e b)
Entre as realizações mais recentes podem ser citados dois empreendimentos: O Edifício Varanda Botânico e o Complexo Parque das Cidades.
O Edifício Varanda Botânico foi construído em 2019, em Ribeirão Preto (SP), com cerca de 22 mil m² distribuídos em 25 pavimentos e 82 metros de altura, para abrigar 250 apartamentos de um e dois dormitórios (Fig.2). O empreendimento incorporado pelas construtoras TAP e Trisul conta com estrutura concebida com pilares-parede nas extremidades e núcleo de rigidez na área dos elevadores. Esses elementos verticais foram moldados no local, com formas mistas de madeira e metal. Os pavimentos são compostos por lajes alveolares, com vãos livres de 10,4m, apoiados no núcleo de rigidez e nos pilares-parede. Basicamente cada ciclo de produção do pavimento compreendeu a moldagem ”in loco” dos pilares-parede e núcleo de rigidez, em seguida, a montagem das lajes alveolares e, finalizando o ciclo, a concretagem da capa das lajes, juntamente com as vigas perimetrais.
A estrutura do estacionamento e da área de lazer (piscinas), situada fora da projeção da torre principal, também foi executada com pilares, vigas e painéis alveolares pré-fabricados. A modulação adotada permitiu a utilização de poucos pilares, com aproveitamento dos vãos livres para a delimitação das vagas e circulação do estacionamento. Nessa região, os arrimos também foram industrializados com a utilização de painéis de concreto protendido incorporados na própria estrutura. Essa solução possibilitou a redução total do uso de formas nessa região.
A resistência do concreto nos pilares-parede com 24h também teve que ser reavaliada, pois as lajes alveolares deveriam ser montadas nesse tempo. Com isso, a formação dos vínculos nas ligações entre lajes alveolares e pilares foram realizados pelo emprego de armaduras adequadamente dispostas, quando da concretagem da capa das lajes. Outra preocupação foi com a estabilidade dimensional relativa às suas folgas e desvios, para que a montagem pudesse transcorrer de forma rápida e segura, sem utilização de escoramento. Por isso, foram empregados pequenos consolos nos pilares-parede. Já a logística, armazenamento e montagem implicaram um ajuste no canteiro da obra: a grua vertical, por exemplo, foi dimensionada considerando o peso exato de cada elemento pré-fabricado, bem como sua posição no pavimento.
O uso do pré-fabricado de concreto nessa obra ressaltou os benefícios de sua aplicabilidade para torres habitacionais, como, por exemplo, o cronograma reduzido, com importante redução de custos indiretos, o ganho de flexibilidade na arquitetura dos pavimentos, uma vez que o teto é plano e todas as instalações são externas à estrutura, abrigadas por forro.
Estruturalmente, toda protensão das lajes é aderente, resultando em bom comportamento relativamente ao Estado Limite Último e também ao Estado Limite de Serviço de abertura de fissuras e deformações. Um importante aspecto é o controle de qualidade dos elementos estruturais protendidos, como resistência do concreto nas idades de desforma e movimentação dos elementos, controle do nível de protensão e precisão dimensional. Além disso, com a necessidade de definição prévia de todos os subsistemas em fase de projeto, como é feito nas obras industrializadas, a obra não sofreu retrabalhos ou incompatibilidades entre as diversas disciplinas. Finalmente, a ausência de escoramento nos pavimentos trouxe flexibilidade no cronograma geral da obra.
Fig 2. Edifício Varanda Botânico, Pré-Fabricado de Concreto, na fase de construção em Ribeirão Preto