ESPAÇO EMPRESARIAL
Neste início de ano de 2018, já é possível observar alguns sinais de retomada da economia, embora de forma ainda muito incipiente. Existem indicadores que mostram a reversão dessa crise em que o Brasil enveredou de 2015 até agora. A construção civil como regra, é o primeiro setor a sofrer com o corte de investimentos, e o último a retomar a curva ascendente de crescimento da atividade.
Neste exato momento estamos atravessando essa fase de transição, onde a oferta de obras começa lentamente a crescer, e os preços dos insumos básicos da cadeia de produção também avançam na mesma direção. E é aí que mora o perigo!
O setor do pré-fabricado de concreto passou estes quase três anos renegociando com fornecedores e cortando custos de produção e montagem, reduzindo margens de lucro para sobreviver num mercado onde todos derrubaram seus preços de venda. Não há milagres. É a lei da oferta e da demanda.
Como empresários, devemos ficar atentos a esse movimento. Se esta retomada de crescimento for lenta e gradual, a recomposição de preços terá uma tendência de seguir no mesmo ritmo. Isto pode ser bom para todos, pois o risco de aumentos repentinos de preços dentro da cadeia de produção, no início de novos contratos, é mitigado, reduzindo a chance de operar no prejuízo. Por outro lado, crescer rapidamente se mostra preocupante. Temos de estar constantemente avaliando riscos em função das tendências de preços do mercado e dos prazos de duração de cada contrato.
Este é também mais um ano crítico para o Brasil e sua economia. As eleições de 2018 trazem incertezas sobre o rumo da nossa economia, o que dificulta prever a duração e o ritmo da retomada da curva de crescimento. Devido ao exagerado tamanho, o Estado brasileiro exerce grande influência na economia do país e a nossa política não visa o planejamento de longo prazo, deixando os investidores e empreendedores inseguros em tirar seus projetos da gaveta. A máquina pública é pesada e ineficiente e decisões são tomadas muitas vezes apenas com critérios políticos, em detrimento de critérios técnicos.
O que nos resta fazer? Trabalhar muito, e trabalhar sempre com foco em custo e em produtividade, buscar alternativas de melhores compras, acessar o mercado externo quando for o caso, fortalecer o relacionamento com os parceiros da cadeia do pré-fabricado por meio das ações da ABCIC, trocando experiências e gerando sinergia na busca da saúde do setor como um todo.
As viagens técnicas internacionais promovidas pela ABCIC abrem um horizonte de ideias, atualizando as tendências e realidades da indústria do pré-fabricado de concreto e aproximando fornecedores e clientes de vários países.
Estamos também presenciando um declínio da taxa Selic, de 12,9%(Jan/2017) para o patamar atual de 6,75%(Mar/2018), de modo que, apesar de ainda elevada, já atrai o interesse de alguns investidores por ativos fixos. Por outro lado, na contramão da tendência da taxa Selic em queda e inflação em patamares bem abaixo da meta do Banco Central, os bancos permanecem indiferentes à esta realidade, mantendo um spread bancário completamente fora da realidade, mesmo com o risco da inadimplência que, se não diminuiu, também não cresceu.
Todos estes novos componentes tão recentes no xadrez da economia do país, somados a cenários futuros diversos, fazem do Planejamento Estratégico de uma empresa um exercício de imagística.
O que não muda na gestão da empresa é o fazer hoje o máximo que pode ser feito hoje, e amanhã novamente, e assim por diante. É no dia a dia que temos a possibilidade de agir. Não é esperando que o novo presidente seja fulano ou beltrano, ou que os bancos tomem a iniciativa e baixem suas taxas de juros de financiamento de capital de giro ou de aquisição de bens.
Esse desafio é para todos nós, empreendedores e empresários que têm no “otimismo realista” a sua filosofia de vida.
(*) – Resiliência: é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse, algum tipo de evento traumático, etc.