ABCIC EM AÇÃO
Economista Ana Maria Castelo, da Fundação Getulio Vargas, fez uma análise abrangente sobre o setor da construção, antecipando informações para contribuir com o planejamento das empresas associadas
Já no setor da construção, a greve não alterou a percepção da atividade, que subiu tanto em junho, como em julho, porém, segundo a economista da FGV, o índice de expectativas apresentou a maior queda da série histórica em junho, de 6,5 pontos, retomando em julho com 2,7 pontos. “Além da greve, outros fatores contribuíram para esse cenário ainda de instabilidade, como o cenário externo, retomada lenta da economia e interrupção da queda da taxa de juros”, disse.
Ainda em sua apresentação, Ana Maria fez uma análise sobre perspectivas e projeções em 2018 e cenários entre 2019 e 2022 (leia a avaliação da economista na Coluna Cenário Econômico, na página 42). Ela também mostrou o resultado de uma pesquisa feita com os associados da Abcic acerca da economia e suas perspectivas. Entre os principais fatores que estão influenciando negativamente as expectativas das empresas estão: incertezas políticas (80%), ritmo lento da economia (40%) e inflação (20%). Já sobre as expectativas em relação às reformas, cerca de 60% espera que elas sejam aprovadas em até dois anos.
A economista da FGV destacou em sua palestra a importância da retomada dos investimentos em infraestrutura nos próximos anos. “A infraestrutura está se deteriorando e se continuar nesse ritmo o Brasil pode parar. Não é possível imaginar um futuro para nosso país sem mais aportes no segmento”, enfatizou. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a nação precisa investir 4,15% do Produto Interno Bruto (PIB) por aproximadamente duas décadas para modernizar a infraestrutura do país.
Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, recebe Julio Timerman, presidente do Ibracon, e Jefferson Dias de Souza Junior, presidente da Abece
Presidente do Conselho Estratégico da Abcic, José Antônio Tessari, reiterou a relevância do evento
Para alcançar esse nível de investimentos, Ana Maria reafirmou a importância de o país voltar a ser competitivo. “Atualmente, estamos atrás de todos os países que formam os BRICs – África do Sul, China, Índia e Rússia – e de muitos países sulamericanos – Chile, Colômbia, Peru e Uruguai”. E, também, destacou a questão da produtividade da indústria, com a implantação da indústria 4.0 e a disseminação do uso do BIM (Building Information Modelling). “É o momento das empresas se posicionarem estrategicamente, implantando inovação e tecnologia, aperfeiçoando, modernizando e racionalizando o processo produtivo. Antigamente, a expansão ocorria com contratação de mão de obra. Atualmente, quem não buscar a produtividade, não vai conseguir usufruir deste novo mercado, mais competitivo”, concluiu.
Engenheiros projetistas, arquitetos, fornecedores e fabricantes de estruturas pré-fabricadas de concreto prestigiaram o Abcic Networking
Após a apresentação da economista da FGV, Íria comentou sobre a realização do evento promovido pela Coalização pela Construção com os candidatos à Presidência da República (leia matéria na pág. 28), objetivando conhecer as propostas de cada um deles para o segmento da construção e, ao mesmo tempo, de levar as considerações e reinvindicações das 26 entidades que formam esse movimento para o planalto. “O Governo precisa honrar a engenharia nacional, que sempre respondeu ao Brasil quando foi necessário, seja no fomento da atividade econômica, seja na geração de empregos, seja no desenvolvimento social do país”, disse.
Para Valter Frigieri Junior, Diretor de Planejamento e Mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), “essa foi mais uma excelente iniciativa da Abcic, especialmente em um momento que o país vive uma série de incertezas, quando os agentes econômicos precisam ter clareza para suas decisões de investimento; então, convidar a Ana Castelo, que tem conhecimento não apenas sobre a economia, mas também sobre a construção dentro da economia, contribui muito para entendermos como será o futuro da nossa atividade". Segundo ele, a ABCP, assim como a Abcic, procura ter uma interferência positiva, sobre questões gerais e também questões específicas do setor, como o FGTS, por exemplo. “Além disso, estamos torcendo por um cenário positivo, para que haja reformas e que o Brasil volte a crescer”, complementou.
Já Júlio Timerman, presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), o evento foi muito interessante e colocou uma série de interrogações, que só poderão ser resolvidas após as eleições e o próximo arranjo do congresso. “A Abcic trouxe um fórum interessantíssimo para se debater esse tipo de informação ao ser apresentados diferentes cenários econômicos possíveis", disse.
Jefferson Dias de Souza Junior, presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), elogiou a Abcic, que antecipou esse evento tendo em vista a gravidade da situação pela qual atravessamos e a proximidade das eleições. “Acredito que tal antecipação foi muito produtiva, pois temos muito o que pensar e resolver nesse período. Portanto, a iniciativa da Abcic foi perfeita".
Estiveram presente também os dirigentes da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia (ABEF), do Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CB-18), e da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).
O evento contou com a participação de profissionais da arquitetura e de projetos, como o arquiteto Paulo Campos e o engenheiro de estruturas José Martins Laginha Neto. "Vivemos um momento pré-eleitoral importantíssimo para o país e temos um cenário de crise e as aspirações para superar esse estado das coisas passa necessariamente pela esfera política. Creio que esse evento conseguiu juntar a visão sobre a economia e, especialmente, economia para o setor da construção civil, ao desenhar diferentes cenários. A aspiração coletiva que pude entrever hoje é um cenário estável para seguirmos adiante, ou seja, regras para consertar diversos segmentos da sociedade, pois não podemos continuar em uma guerra de interesses entre diferentes setores. Então, a apresentação da Ana Castelo mostrou que temos que promover esse conserto", avaliou Campos.
Para Laginha Neto, o evento foi bom, pois trouxe uma visão panorâmica sobre o que o país está passando e as possibilidades para superarmos essa situação. “Acredito ser essa uma situação difícil para o país, pois as decisões estão todas represadas e, se forem reduzidas, podem representar uma boa perspectiva".