Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 22 - abril de 2021

CENÁRIO ECONÔMICO

Alívio curto, impactos expectativas

No último trimestre do ano passado, os indicadores da atividade mostraram a economia rumo a retomada: o PIB registrou crescimento pela segunda vez consecutiva. No entanto, os indicadores já apontaram a desaceleração da alta. Assim o crescimento do segundo semestre foi insuficiente para compensar a queda do período anterior. De todo modo, o resultado – uma retração de 4,1% do PIB de 2020 – foi menos ruim que o previsto pela ampla maioria dos analistas no início da pandemia.  
A cadeia da construção representou uma força mitigadora da queda da atividade. O PIB da construção, contaminado pela expressiva queda no mercado de trabalho informal, registrou queda de 7%.  Contudo, as Sondagens da FGV apontaram que ao final de 2020, na indústria, no comércio e entre construtoras prevalecia a percepção de que a situação corrente dos negócios estava melhor do que a do final do ano anterior. Em 2020, a construção foi a atividade que mais contribuiu para a geração de empregos formais no país, com o destaque para a área da infraestrutura.
A questão que se levanta é em que medida essa dinâmica vai prosseguir, ou seja, se a cadeia continuará a registrar crescimento, e a construção se manterá como um dos protagonistas da geração de empregos formais. 
A construção é um setor de ciclo produtivo longo com grandes efeitos multiplicadores sobre a atividade em geral, ou seja, as obras iniciadas geram efeitos positivos para além de seu próprio ciclo por um período que em geral superior a 12 meses – a menos que as obras sejam paralisadas.
 Um ano de eleição, emendas parlamentares direcionadas para as obras em andamento e as medidas do governo Federal de ajuda aos entes regionais por conta da pandemia foram fatores que contribuíam para o crescimento da atividade na infraestrutura no ano passado. Vale ressaltar que houve melhora relativa dentro de um contexto em que os investimentos na área não alcançam sequer o mínimo necessário para a recomposição do estoque de capital existente.
Em 2021 não há eleições, nem pacote de ajuda aos estados. E o pior: a pandemia recrudesceu, exigindo novas medidas de isolamento, o que deve atingir a atividade econômica e as finanças públicas. A aprovação de marcos regulatórios setoriais trouxe algum alento, mas com pouca perspectiva de impacto neste ano. 
Ao final do primeiro trimestre de 2021, as sondagens já captaram a nova piora do cenário, refletindo o ritmo extremamente lento de vacinação no país. Assim, as incertezas cresceram muito, abalando a confiança dos empresários da Cadeia da Construção.
Outro fator importante que tem contribuído para a deterioração da confiança é o ciclo de alta dos custos setoriais. A desorganização da produção industrial, o aumento de preços das comodities metálicas, do frete e a desvalorização do câmbio contribuíram para o aumento de preços dos insumos, que se iniciou no segundo semestre do ano passado e se mantem nesses primeiros meses do ano. Entre setembro e dezembro de 2020, o componente Materiais e Equipamentos do INCC-M subiu 12,6%, atingindo elevação acumulada em 12 meses de 19,3%. Nos três primeiros meses de 2021, a variação em 12 meses da cesta de materiais do INCC já alcança 27,3%, sendo que vergalhão e cimento acumulam variação de 61,5% e 28,5%, respetivamente. 
Vale lembrar que a atividade corrente reflete, em grande medida, decisões tomadas muito tempo antes. Da mesma forma, as decisões tomadas hoje irão ter reflexos nos próximos anos. Isso significa que as perspectivas de crescimento da construção ao longo do ano de 2021 estarão determinadas em parte por negócios realizados, projetos que já foram “vendidos”. Assim, a percepção positiva dos empresários da cadeia ao final do ano, sugere que a produção formal pode contribuir positivamente para a atividade geral do país ao longo do ano. 
No entanto, a crise atual tem uma natureza diferente de qualquer outra vivida pelo país. Para combatê-la, todos os esforços precisam estar direcionados para evitar a propagação do Covid-19, o que além de vacinas, exige distanciamento social.
Assim, a deterioração do cenário captada nas últimas sondagens acende um alerta em relação ao movimento de retomada dos investimentos.

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!