PONTO DE VISTA
O engenheiro Paulo Rogério Luongo Sanchez é um entusiasta do Building Information Modelling (BIM). Considerado uma referência e um dos principais especialistas no assunto, o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) tem se dedicado à difusão e implantação da tecnologia em todo o território nacional. Atualmente, ele também lidera o projeto “Disseminação do BIM” da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que tem buscado elaborar estudos, orientar empresas e promover capacitação profissional para que o BIM se torne ainda mais conhecido e incluído nos projetos.
Sua atuação para a aplicação do BIM na construção estende-se também na área empresarial. A Sinco Engenharia, na qual é diretor, utiliza a ferramenta desde 2011, quando foi criado o departamento BIM. Hoje, todas as obras realizadas pela construtora, com mais de trinta anos de mercado, são modeladas e acompanhadas com o auxílio da tecnologia. Em entrevista exclusiva para a Industrializar em Concreto, Sanchez faz uma análise do uso do BIM no Brasil e no mundo, ressalta suas vantagens para o setor e para a área das estruturas pré-fabricadas de concreto, fala sobre políticas públicas e define seu impacto nos negócios de construtoras, incorporadora e empresas de engenharia e arquitetura. “Você trabalha de uma forma muito mais transparente, porque o BIM é a melhor ferramenta para socializar as informações”, avalia.
Na sequência, confira os principais pontos abordados por ele:
O BIM já é uma ferramenta usual ou ainda está em implementação nas construtoras? Qual o percentual de empresas que já busca a contratação em BIM?
O BIM já é uma ferramenta usual. No mercado de São Paulo, as construtoras já enxergam as vantagens da utilização do BIM, incluindo aquela que está diretamente ligada à parte financeira, porque elas conseguem economizar recursos com o BIM.
Sobre o percentual, vou fazer o mapeamento da seguinte forma: dentro do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP, somos em trinta empresas, que são consideradas as maiores do Estado de São Paulo, e 70% delas já utilizam o BIM. Esse percentual cai consideravelmente se compararmos com o mercado de São Paulo, que está estimado em aproximadamente duas mil empresas. E em relação ao mercado nacional, esse índice fica ainda menor.
No entanto, temos iniciativas para difusão do BIM. Hoje, a CBIC está promovendo um roadshow em todo o Brasil, mostrando como está ocorrendo implementação do BIM. Eu, como organizador, irei para Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Salvador, Curitiba, Santa Catarina, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, enfim, na maioria das capitais para mostrar, justamente, que qualquer construtora já tem condições de utilizar o BIM dentro das suas obras.
Quais os principais benefícios resultantes do uso do BIM?
Os principais benefícios são a garantia da produtividade no empreendimento, garantia do prazo de entrega da obra e melhor visualização da construção virtual. O BIM é uma construção virtual inteligente, porque possibilita modelar sua obra e colocar informações técnicas (quantidade, prazo e execução). Então é possível enxergar, antes do seu início, como será a execução desde começo até o final. O profissional consegue ver as interferências que surgirão, os prazos determinados, a logística feita. Com isso, a construtora tem lucro, pois há um aumento da produtividade e diminuição das interferências de estrutura, alvenaria, instalações, entre outras, já que tudo pode ser feito antes mesmo do planejamento. Além disso, é possível entregar no prazo porque a obra foi construída virtualmente.