Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 7 - abril de 2016

CENÁRIO ECONÔMICO

Cenário não está tranquilo, nem favorável, mas é preciso olhar adiante

Em 2015, o PIB da construção encolheu 7,6%. O número de empregados com carteira na construção caiu 10% em relação ao ano de 2014, configurando o segundo pior resultado entre os setores da economia. A produção de insumos da construção registrou queda acumulada no ano de 13%. E fechando os números negativos da cadeia, o comércio de materiais teve retração superior a 8% no ano passado.
Os números acima dão uma dimensão da profundidade e da extensão da crise que atingiu a cadeia da construção civil brasileira no ano passado. 
As causas dessa retração bastante severa têm sido exaustivamente discutidas: sabemos que elas passam pelo fim do ciclo imobiliário recente, pelo corte dos investimentos em infraestrutura e finalmente pela profunda crise de confiança que abateu os investidores em geral, especialmente, a partir do final de 2014.
As perspectivas continuam desanimadoras em relação a 2016, pois os fatores responsáveis pela contração da atividade continuam presentes. A confiança dos empresários e consumidores iniciou o ano em patamar bastante baixo.
Entre os empresários da construção, a percepção dominante é de que a atividade continuou se retraindo nos dois primeiros meses do ano. A sondagem da construção da FGV/IBRE indicou que em janeiro e fevereiro, o índice de confiança das empresas seguiu recuando: seus dois componentes, o índice de situação atual (ISA) e o de expectativas (IE) atingiram o piso da série histórica iniciada em julho de 2010. 
Uma carteira de contratos muito abaixo do normal tem determinado uma avaliação bastante negativa em relação aos negócios. Essa percepção negativa da situação atinge todos os segmentos da construção, mas mostra-se mais forte entre os empresários da área de edificações. Renda das famílias em queda e condições de crédito mais difíceis estão contribuindo para que os estoques no mercado imobiliário permaneçam elevados. Os distratos têm crescido, complicando ainda mais o cenário. Na área corporativa, a combinação estoques altos e retração severa da atividade torna o quadro também bastante difícil.
Entre os empresários da infraestrutura, os sucessivos cortes nos investimentos públicos explicam a percepção bastante ruim da situação dos negócios. 
Assim, diversos indicadores mostram que a percepção dominante dos empresários continua muito negativa e em um setor que trabalha com ciclos longos, isso significa que a retomada ainda está distante. Ou seja, não se vislumbra ainda uma acomodação da atividade, mesmo que em patamar baixo. 
Para tentar reverter esse pessimismo, o governo anunciou medidas para melhorar a oferta do crédito imobiliário, por meio da Caixa Econômica, e para infraestrutura, por meio do BNDES. São medidas importantes que podem atenuar os distratos, por exemplo, mas por si, não serão capazes de determinar um novo ciclo de crescimento. As incertezas no plano político estão sendo determinantes nas decisões das famílias e empresas e não sabemos ainda por quanto tempo esse quadro irá persistir. 
O que as empresas podem fazer nesse cenário tão negativo? Como diz o velho ditado: não há mal que sempre dure... As crises não são eternas. Infelizmente, as incertezas atuais não permitem economistas e analistas, em geral, apontarem o final desta. No entanto, no nível micro, ou ainda, “portas adentro” das empresas, não apenas é possível, mas desejável trabalhar. As iniciativas no sentido de “arrumar a casa” ganham grande relevância.  Mesmo no auge de seu ciclo de crescimento, a cadeia da construção não teve melhora de produtividade, o que comprometeu eficiência e os ganhos em geral. Somente a redução dos entraves à produtividade em todos os elos setoriais irá capacitar o setor para o novo ciclo de crescimento.

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