Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 18 - dezembro de 2019

CENÁRIO ECONÔMICO

Ciclo ascendente (a continuação)

De acordo com as últimas projeções do mercado - boletim Focus do Banco Central de 22 de novembro - o PIB de 2019 deve registrar alta de 0,99%. E em 2020, o PIB irá crescer 2,2%. O resultado de 2019 representa uma frustração das expectativas observadas no final de 2018. Vale lembrar que naquele período, o país vivia uma certa “ressaca” pós-eleitoral, mas a despeito da forte polarização que dividiu o país, as pesquisas mostraram que entre empresários e consumidores predominavam expectativas mais favoráveis de crescimento. O Boletim Focus do Banco Central apontava projeção de 2,5% para o PIB de 2019, o que seria um novo patamar na retomada - uma vez que em 2017 e 2018, o crescimento ficara em torno de 1%.
Vista por outra perspectiva, no entanto, essa última projeção tem um lado positivo: é superior à que foi captada pelo boletim em meados de agosto, quando o mercado esteve bastante pessimista com o ritmo de crescimento, apontando alta de apenas 0,80% no ano e quando se chegou a temer uma nova recessão no país.  
Mas essencialmente, a mudança traduz o que foi o ano de 2019: com muitos altos e baixos e muitas incertezas.
É importante pontuar que a frustração com o crescimento de 2019 teve causas externas e domésticas. No plano externo, a guerra comercial EUA-China adicionou incertezas ao cenário de desaceleração do crescimento mundial. A despeito de taxas de juros negativas em boa parte do mundo desenvolvido, os investidores registram aversão crescente ao risco, afastando os recursos dos países em desenvolvimento.
No plano doméstico, dadas as dificuldades políticas do governo, a pauta avançou de acordo com a vontade do Congresso, o que significa que muitas medidas não foram aprovadas como se esperava. A taxa de desemprego se manteve elevada e a informalidade continuou crescendo. As famílias chegaram ao final do ano ainda muito endividadas e o investimento se manteve em patamar muito baixo.
Para o setor, a não aprovação até o momento, do marco regulatório do saneamento continuou afastando investidores.  A crise fiscal em todas as esferas do governo derrubou drasticamente o investimento público, atingindo até mesmo o Programa Minha Casa Minha Vida.
Mas a mudança para cima das projeções nos últimos meses do ano merece destaque por refletir aspectos positivos da conjuntura mais recente. O principal destaque positivo do ano foi a aprovação da Reforma da Previdência. No segundo semestre, houve também a liberação de recursos do FGTS para estimular o consumo das famílias. Chega-se ao final do ano com uma inflação abaixo da meta (4,25%), permitindo o Banco Central reduzir a taxa Selic ao menor patamar de sua série histórica. O mercado de trabalho formal seguiu registrando novos postos – até outubro foram 841,6 mil empregos com carteira.
No setor da construção também há boas notícias que se refletiram nos indicadores: até outubro, o saldo líquido de vagas geradas alcançou 126,6 mil novos postos.
 A redução das taxas de juros começou finalmente a chegar ao mercado imobiliário: o crédito habitacional ficou mais barato e um pouco mais fácil. Os financiamentos com origem nos recursos da poupança continuaram se expandindo – as contratações devem crescer mais de 30% no ano, com alguns bancos já oferecendo crédito a taxas de juros inferiores a 7% a.a. O cenário de baixa taxa de juros da economia vem impulsionando a procura por ativos reais, deslocando muitos investidores para esse mercado. 
Na infraestrutura, a despeito da forte restrição fiscal, há estimativa de crescimento dos investimentos privados. De acordo coma Inter.B consultoria, em 2019, os investimentos deverão crescer 7,4%, confirmando a reversão da trajetória de queda já observada no ano de 2018.
Vale notar também que a confiança dos empresários da construção, captada na Sondagem de novembro, chegou ao final do ano em alta, apontando elevação tanto da melhora dos negócios no momento corrente, quanto das expectativas para os próximos meses. 
Assim, o balanço final para a economia e para o setor vem carregado, em parte, pela frustração com o que se esperava no início. No entanto, esse balanço mostra também a melhora dos indicadores nessa reta final do ano, que embasa as projeções de elevação no ritmo de crescimento do país em 2020 – acima de 2% e em um contexto de baixa inflação e taxa de juros. A melhora do mercado imobiliário vai ajudar nesse movimento.
De todo modo, é importante destacar que as condições para escapar definitivamente da armadilha do baixo crescimento ainda precisam ser estabelecidas ao longo do próximo ano.

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