ESPAÇO EXECUTIVO
Acertadamente este espaço é, em geral, utilizado para promover e difundir o sistema construtivo que representamos e a indústria nacional em consonância com os preceitos de nossa associação, esteio técnico para o mercado brasileiro da industrialização da construção.
Hoje, gostaria de refletir sobre a realidade político-institucional do País. Talvez estejamos acostumados a encarar a corrupção como algo inerente à nossa cultura e deixamos de a encarar como o grande mal da sociedade que é. A corrupção enfraquece as instituições democráticas e afeta a vida de cidadãos, entidades públicas e privadas. No meio empresarial, em particular, ela deteriora os mecanismos do livre mercado ao distorcer a competitividade com práticas desleais e anticompetitivas, o que gera insegurança, afugenta novos investimentos e encarece produtos e serviços, comprometendo o crescimento consistente de longo prazo. Os custos político, econômico e social que acarreta denigrem os valores morais da sociedade e gera insegurança social e econômica. Somos todos prejudicados.
Apenas a união de esforços de governo, empresas e cidadãos pode promover um ambiente de integridade. Nos últimos anos, a consciência quanto à necessidade e às vantagens de se implementar políticas de responsabilidade social vem crescendo nas empresas, fazendo-as buscar a integridade de suas atuações ao implantar preceitos de boa governança para combater e evitar práticas antiéticas e ilegais.
É fundamental a participação do setor privado no enfrentamento do problema. A crise pela qual passamos não permite mais ignorar que possíveis ganhos no curto prazo não compensam os riscos estruturantes de longo prazo.
Qual nosso papel diante deste cenário? Como o setor privado pode agir para promover um ambiente de trabalho íntegro se a corrupção demonstra tomar formas variadas em nome de uma suposta viabilidade nos negócios, do menor ao maior? Como reduzir o índice de empresas envolvidas nesses atos, não só antiéticos como ilegais?
Essa responsabilidade deve ser um esforço permanente de cada funcionário, de cada empresa e de todo o setor para a formação de um sistema íntegro e uma nova cultura. A adoção de instrumentos e medidas de promoção de programas de integridade e da ética difundidos por instituições renomadas – Ministério da Transparência (antiga CGU), Instituto Ethos e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), entre outras –, contribui para que as empresas fiquem menos expostas à ocorrência de corrupção e para a promoção dessa cultura de governança pautada na ética em todo o país.
A consequência dessas atitudes tem um impacto positivo que proporciona melhor uso dos recursos, trazendo benefícios à sustentabilidade social, econômica e ambiental do desenvolvimento do País. Ação e reação, corruptor e corrompido – não podemos por as empresas como vítimas ou vilãs, o que limitaria o potencial de cada um em contribuir para um ambiente de negócios saudável, previsível e eficiente.
Nossa atividade é estratégica, seja na implantação da infraestrutura necessária para o desenvolvimento da atividade econômica, seja para o avanço da inclusão social. Isso sem mencionar a importância na geração de empregos. Nossa atividade será ainda mais valiosa ao contribuir com uma nova cultura que encerre o círculo vicioso da corrupção que nos levou para a pior crise econômica da história recente.
Para promover o sonhado crescimento sustentável é fundamental a redução dos níveis de corrupção e fortalecer as instituições. O combate não é tarefa fácil e, embora o enfrentamento seja longo, já compreendemos que é um caminho sem volta e que a todos beneficiará. Começamos, assim, com o comprometimento de todos e iremos vencer.