Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 7 - abril de 2016

ARTIGO TÉCNICO

Desenvolvimentos na pré-fabricação do concreto. Lições do passado e avanços para o futuro

 


Fig. 3. Realização de testes em postes de concreto protendido


Alguns anos mais tarde, em 1936, Freyssinet construiu a primeira ponte de concreto protendido em todo o mundo, que tinha um vão de 19.0 m sobre a Represa Portes de Fer. Os suportes e a estrutura dessa ponte de 4.66 m de largura também foram feitos de concreto protendido.


Fig. 4. Viga de concreto protendido na Ponte de Portes de Fer


Após a Primeira Guerra Mundial, a Europa testemunhou um aumento substancial na industrialização das construções. As destruições de muitos prédios residenciais durante a Guerra e a falta de construção de novos edifícios nesse período geraram uma altíssima demanda de sistemas de construção simples e de baixo custo, principalmente para edifícios residenciais.
A Segunda Guerra Mundial também teve grandes consequências na construção. Enquanto menos de 1 % das residências construídas nos Estados Unidos antes da Guerra envolviam processos industriais, por volta de 1945 mais de 200 000 unidades residenciais haviam sido erigidas pela iniciativa pública ou privada. 
Na França, as necessidades, imediatamente após a Guerra proporcionaram ao arquiteto Jean Prouvé a oportunidade de desenvolver e refinar técnicas inspiradas em máquinas para a fabricação de estruturas industrializadas para a construção, feitas principalmente de aço. 
A Segunda Guerra Mundial terminou com uma nova crise de habitação, tanto nos Estados Unidos quando na Europa. Embora não tenha havido batalhas no solo dos Estados Unidos, os grandes números de soldados que voltavam aos lares e que rapidamente formavam famílias, gerou uma grande necessidade de habitações. A demanda por habitações após a guerra, resultante da fase que recebeu o nome de “baby boom”, foi atendida, novamente, graças à pré-fabricação. 
Compreensivamente, então, as condições que prevaleciam durante a primeira metade do século favoreceram o desenvolvimento de métodos industrializados de construção, para atender às necessidades mais prementes de habitações.  
Em seu livro sobre uma máquina para a construção de casas, Hans Neufert, provou que era teoricamente possível erigir fileiras intermináveis de construções com a produção em uma linha de montagem das estruturas no próprio canteiro de obras e com o auxílio de longos trilhos em linha reta. Um exemplo extremo dessa mudança de mentalidade, não obstante o livro ter falhado em oferecer provas conclusivas de que o método proposto era a única maneira de se chegar ao objetivo desejado.  
A pré-fabricação com elementos de concreto protendido foi uma, porém não a única, maneira de industrializar a construção. A pré-fabricação com painéis em larga escala e sistemas de construção fechada não foram, absolutamente, o único método de construção industrializada utilizado naquela época, embora tenha desempenhado um papel substancial nas habitações no período após a Segunda Guerra Mundial.
No mundo inteiro, arquitetos, engenheiros e até mesmo pesquisadores que trabalhavam no campo naquela ocasião, estavam sob uma grande confusão conceitual. O resultado foi a ausência de uma teoria que poderia servir como base para as tecnologias da época e para as muitas construções já completadas. A característica mais marcante dessas águas turbulentas foi a confusão entre praticamente todos os profissionais entre si, embora muitos deles confessassem que a industrialização era claramente o curso que a construção teria, inevitavelmente, de seguir no futuro imediato. 
O arquiteto americano B. Fuller estava entre os pioneiros da construção pré-fabricada industrializada. Foi um dos primeiros a perceber que duas necessidades fundamentais são subjacentes à construção de edifícios: reduzir o peso e produzir componentes padronizados com métodos de linha de montagem. Seu projeto Dymaxion para uma casa feita de materiais plásticos, aço dúctil e duralumínio (1928) foi assunto de inúmeros artigos e debates por órgãos das imprensas geral e especializada, e foi, naquela época, considerado como o protótipo para futuras residências em série. No entanto, nenhuma residência chegou a ser construída com base nesse projeto. Em 1943, Fuller publicou um revolucionário mapa mundial Dymaxion usando um novo tipo de projeção geográfica, patenteado por ele.
Em Houses, Permanence and Prefabrication (Londres, 1945), outro arquiteto, Hugh Anthony, afirmou que a pré-fabricação, na verdade, é uma técnica. De acordo com esse autor, ela consiste da racionalização dos métodos de construção, sujeitos a atender um grande número de condições anteriores, para superar a maioria das dificuldades relacionadas com a construção física no local. Essa foi, naquela ocasião, uma nova abordagem à construção, revisitando procedimentos que haviam permanecido essencialmente imutáveis por 2 000 anos.
Três métodos principais podem ser identificados na pré-fabricação de residências no século 20. 
Os anos de 1945 a 1970 foram caracterizados pela produção em massa, pela euforia e pelo desejo de lucro. Sistemas fechados com base em grandes painéis prevaleceram na Europa Oriental e tiveram uma presença significativa no Ocidente. Esses sistemas eram capazes de impor suas regras estritas por causa da economia e da velocidade de construção que permitiam, embora à custa de considerações arquitetônicas. 

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