ESPAÇO EMPRESARIAL
Luiz Livi, Sócio-Diretor da Pré Infra Pré-Fabricados
Após a queda esperada da construção civil e do setor de pré-fabricados no início do ano, fruto de uma eleição atribulada e das incertezas iniciais sobre os rumos do país com o novo governo, saindo de uma pandemia e em plena guerra entre Rússia e Ucrânia, em meados de março o mercado começou a dar sinais de crescimento, com o aumento do número de orçamentos e com a efetivação de negócios que estavam paralisados desde novembro de 2022, quando os investidores reduziram o apetite por novos negócios.
A partir do entendimento de que a economia brasileira está longe de um colapso e com a sinalização de uma possível redução da taxa de juros, os empreendedores voltaram a pensar em novos investimentos e no crescimento dos seus negócios, impulsionando o mercado da construção, a industrialização e o pré-fabricado.
No início do ano, atuamos fortemente em obras para uso comercial, como Mall´s e lojas de médio porte, destinadas a locação, mas o “carro chefe” tem sido os atacarejos, que se instalam com bastante profusão no Rio Grande do Sul, nossa área de atuação. Houve também um aumento das consultas e dos fechamentos de obras industriais, fruto de expansões ou novas implantações. Neste item realizamos obras para a CMPC, indústria do ramo papeleiro, para a Braskem, indústria química e, no início de junho, fechamos um grande contrato para a duplicação de uma fábrica de vidros, no interior do RS.
Nossa avaliação é que o pré-fabricado está sendo escolhido para novos empreendimentos, diferentemente da época em que a indústria ainda “garimpava” espaço, na maioria das vezes oferecendo o pré-fabricado como uma “alternativa construtiva”. Consolidamos nossa tecnologia e estamos no top of mind de quem quer construir qualquer tipologia de edificação. Fruto do trabalho sério da Abcic e suas associadas e de novas realidades do setor, como a necessidade de prazos curtos e de um processo que garanta qualidade e continuidade, mesmo sob intempéries, ausência de mão de obra e escassez de materiais.
Estima-se que a queda de produtividade no construção tenha alcançado mais de 10% entre 2019 e 2021 e a única maneira de recuperá-la é com a industrialização, se aproximando do “canteiro de montagens”, e se afastando do “canteiro de obras”. Este é um desejo e uma necessidade do empreendedor, resultando em uma curva de industrialização nos canteiros exponencial. E alguns indicadores tendem a piorar, para as obras convencionais, como a ausência de mão de obra, qualificada ou não. O setor, que já foi porta de entrada para o mercado de trabalho para os jovens, foi substituída por outras atividades e pelo empreendedorismo e inquietação naturais do povo brasileiro.
A agenda ESG também contribui (e muito) para a industrialização dos canteiros. O uso racional dos recursos não renováveis está na pauta das empresas. Os concretos mais inteligentes e o controle de qualidade sobre a produção são uma resposta à racionalização dos recursos requerida, assim como a ausência de erros de construção e a redução de desperdício de materiais. Qualidade de construção somado ao uso racional dos recursos é a grande mola propulsora para a “virada de chave” em prol da industrialização que vivenciamos.
Assim, industrialização em concreto tem um potencial enorme de crescimento, seja em setores consolidados ou naqueles que ainda não experimentaram sua qualidade e produtividade. A Abcic está no centro desta revolução, ao promover a boa técnica, o desenvolvimento empresarial e tecnológico do setor e ao agregar as empresas que enxergam o mercado com o mais alto nível de consciência e respeito de suas obrigações técnicas, éticas e sociais. Que ótimo se todos os pré-fabricadores experimentassem o crescimento relevante proporcionado pela Abcic.