Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 5 - agosto de 2015

CENÁRIO ECONÔMICO

Empresários indicam redução no investimento em 2015

A Sondagem de Investimento - pesquisa da FGV realizada no segundo trimestre em todo o País mostra um quadro crítico para o investimento. Para o setor da construção, a retração dos investimentos das empresas pode representar um retrocesso grande na busca por elevação da produtividade.
A Sondagem mostrou queda na indicação de investimentos realizados nos últimos 12 meses comparativamente aos 12 meses anteriores nos quatro grandes setores de atividade – indústria, serviços, comércio e construção. No entanto, a construção é o que apresenta o pior resultado. O saldo líquido na construção – diferença entre os que assinalaram aumento e redução dos investimentos – ficou negativo 25 p.p, ou seja, há um maior percentual de empresas indicando que reduziram seus investimentos. O resultado da construção superou largamente o da indústria de transformação (-11 p.p).  
No que diz respeito à previsão de investimentos nos próximos 12 meses em relação aos últimos 12 meses, o saldo líquido da construção foi de -16 p.p, próximo ao da indústria de transformação, que ficou em -17 p.p; comércio e serviços tiveram saldos positivos.  Vale notar que na comparação com a pesquisa realizada no último trimestre do ano passado, houve redução da intenção de investir em todos os setores.
Os empresários da construção foram também os que indicaram mais dificuldades para realização de investimentos.  Em todos os setores, a principal limitação para a realização dos investimentos foi atribuída às incertezas em relação à demanda.  
Os resultados da construção podem ser analisados por segmento de atividade.  A pesquisa mostra que a queda na intenção de investir nos próximos meses (saldo negativo)  é especialmente elevada em obras viárias (-27 p.p)  e obras de arte especiais (-37 p.p). Em edificações, o saldo também, foi negativo (-6 p.p).
Ainda no que diz respeito aos planos de investimentos, a maioria assinalou incerteza em relação à sua realização. Ou seja, mesmo quem está indicando que vai investir, não tem muita certeza, o que significa que a decisão pode mudar, dependendo da própria conjuntura econômica.
Sobre a finalidade dos investimentos, o aperfeiçoamento, modernização/racionalização do processo produtivo se mantém como o item mais assinalado. No entanto, a construção é o setor com maior percentual de assinalações em “não investiu”. Esse percentual se elevou de forma significativa em relação à pesquisa realizada no ano passado.
Enfim, a atividade em declínio e a falta de perspectivas de retomada do crescimento no curto prazo estão elevando o pessimismo empresarial, afetando também os planos de investimentos das empresas.  
De fato, os números do emprego mostram que a atividade da construção registrou uma queda expressiva no primeiro semestre do ano. A pergunta que decorre desse cenário é se o setor já chegou ao seu ponto mínimo de atividade, ou ainda, ao fundo do poço.  As recentes sondagens setoriais indicam que números negativos continuarão a vir nos próximos meses.  
Assim, inevitavelmente, a taxa de investimento acusará nova retração em 2015. O ajuste fiscal em curso está atingindo severamente o setor da construção, que representa mais da metade do investimento do País.
A recente divulgação da segunda fase do Programa de Investimento em Logística mostra-se um elemento importante na criação de uma agenda positiva que sinalize um caminho para a retomada do crescimento.  Mas, indiscutivelmente, ainda há muito que fazer para que essa agenda se consolide.


Ana maria castelo
Coordenadora de projetos do IBRE/FGV

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