GIRO RÁPIDO
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou o 93º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), de 18 a 21 de outubro, e o ENIC Político, no dia 30 de novembro, de forma gratuita e virtual. Importante fórum de debates dos temas do setor, o encontro trouxe nomes como o do ministro da Economia Paulo Guedes e do economista Eduardo Giannetti.
Guedes parabenizou o empenho da indústria da construção para garantir a geração de emprego e renda no Brasil. “Foi um setor exemplar na busca de segurança no trabalho. Criou empregos durante a pandemia, manteve um ritmo de atividade impressionante, compartilhou as práticas de segurança no trabalho com o setor e com 5 mil prefeitos pelo país inteiro”, disse.
“O setor da construção cresceu 7,3% no emprego, do 2º para o 3º trimestre de 2021, segundo a Pnad Contínua”, completou o presidente da CBIC, José Carlos Martins.
Guedes ressaltou que sempre acreditou no aperfeiçoamento das instituições e que “o plano econômico do governo é transformar a economia brasileira numa grande economia de mercado, numa grande economia de consumo de massa, numa economia que tem impostos mais baixos, numa economia que é mais aberta à integração econômica, numa economia que é desburocratizada e numa economia que depende mais de investimentos privados do que estatais”, disse.
Ele afirmou ainda que o governo está atento ao aumento dos preços da construção e que se houver abuso vai acelerar a abertura à importação. “Não queremos abrir rápido, porque temos que proteger a indústria brasileira”, ponderou.
Já o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, destacou que cada real empregado na construção civil tem um retorno extraordinário, principalmente na manutenção e na geração de empregos. “Não há maior dignidade para o ser humano do que ter a sua ocupação remunerada”, disse.
Sobre o mundo e o Brasil no período pós-pandemia, Gianetti disse que há algumas certezas ao lado de outras incertezas. Segundo ele, o planeta estará mais endividado, tanto no que se refere aos países quanto às famílias, menos globalizado e mais digitalizado. “O Brasil, no pós-covid, terá que prestar muita atenção ao endividamento público, ainda que a relação entre a dívida do governo e o PIB tenha crescido, mas abaixo do esperado”.Quanto à economia, Gianetti se mostrou pessimista. “O Brasil vem em uma recuperação cíclica, com crescimento de 5% em 2021. No entanto, esse desempenho não pode ser extrapolado para o futuro.” Ele disse não descartar uma guinada fiscal populista do governo nas vésperas da eleição de 2022. " Vamos ter um ano cheio de emoções, com ameaça de inflação e aumento dos juros. O quadro inspira cuidados”, pontuou.
O Enic debateu os aumentos nos custos da construção. Para a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, os aumentos foram abusivos. “Foram aumentos em proporções de 100, 120%, como nós assistimos em alguns insumos a partir do 2º semestre do ano passado. As empresas conseguem sobreviver somente com o reequilíbrio econômico dos contratos. Nós tivemos esses aumentos impossíveis de serem previstos dentro de qualquer orçamento de obra. O setor precisa continuar trabalhando para ‘limpar’ os canais de importação, que hoje estão obstruídos”, disse.
O presidente da Coopercon-SC, José Sylvio Ghisi, liderou o movimento de importação de aço da Turquia para atender a demanda de 230 empresas brasileiras. “Com todos os problemas de alta nos preços e desabastecimento, nos unimos com empresários do Brasil para trazer navios da Turquia com aço por um custo mais baixo. Foram 40 mil toneladas e 230 empresas construtoras acreditaram em nossos processos. Nossa meta é trazer outro navio com mais 20 mil toneladas até o fim do ano”, ressaltou.