Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 2 - agosto de 2014

DE OLHO NO SETOR

Evoluem os debates dos grupos de trabalhos da industrialização da construção brasileira

GTs liderados pelo Deconcic-Fiesp e ABDI realizam vários encontros e já alinhavam ações e propostas para estimular o uso dos sistemas construtivos industrializados na construção civil brasileira


Cover: “Acredito que o uso de sistemas construtivos industrializados provocará um salto na velocidade, qualidade e sustentabilidade da construção civil”. 
Exatamente este é um dos pontos apontados como prioritários também pelo GT liderado pela Fiesp, juntamente com: contratação, coordenação modular, qualificação de mão de obra e incentivos. “Além da inclusão no ConstruBusines 2014 das medidas e ações apontadas em nossos encontros, elas também serão apresentadas nos diversos documentos que estão sendo preparados pelas entidades e que serão encaminhados e debatidos com os candidatos nas eleições deste ano, visando auxiliar na implementação de ações políticas futuras”, informa Walter Cover. 
Em quase todas as reuniões realizadas no GT da Fiesp participa um convidado especial para abordar aspectos relacionados aos temas das discussões. Segundo Cover, numa das reuniões já realizadas, a convidada foi a professora Mércia Maria Bottura de Barros, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), que fez uma explanação sobre os conceitos de industrialização na construção. Na ocasião, a professora ponderou, segundo Cover, que a industrialização na construção é um processo evolutivo, com incorporação de inovação tecnológica e de ações organizacionais, com o objetivo de aumentar a produção e aprimorar o desempenho da atividade construtiva. 
Num outro encontro, a palestrante convidada foi a economista Ana Maria Castelo da Fundação Getúlio Vargas. Ela apresentou os resultados do estudo “Tributação, Industrialização e Inovação Tecnológica na Construção Civil”, realizado por iniciativa da CBIC, ABRAMAT, ABCIC, Drywall e IAB. “O estudo mostrou que a adoção de sistemas industrializados é mais econômica frente a construção convencional, assim como os custos de mão de obra e materiais. Em contrapartida, o ICMS é maior, o que desacelera o desenvolvimento deste mercado”, recorda Auricchio, do Deconcic.
A observação é referendada por Cover, que salienta que a tributação atual, principalmente o ICMS, incentiva mais a adoção de processos tradicionais na construção. Mas a avaliação do grupo é de que é difícil tratar desse assunto no momento atual, em virtude de movimentações para aprovação de alterações gerais no ICMS, uma unanimidade dentro do Confaz – Conselho Nacional de Política Fazendária, órgão deliberativo encarregado de promover a harmonização tributária entre os Estados e a União. “Dessa forma, a ideia dominante no grupo é definir medidas de incentivo aos sistemas industrializados e ações que reduzam as dificuldades de contratação e que acelerem o processo de utilização de industrializados”, observa Cover.
Na avaliação de Auricchio, independente da carga tributária, “a industrialização deve ser vista como a solução para a racionalização dos processos construtivos e um importante passo para o desenvolvimento da construção no País”. Para o diretor titular do Deconcic, a adoção de soluções industrializadas na construção brasileira tem grande potencial de contribuição no aumento da produtividade das obras. “Além disso, ela também contribui para a melhoria da qualidade do produto final, na redução dos custos de produção e do tempo de execução das obras, bem como impacta positivamente no meio ambiente por utilizar recursos naturais com racionalização”, complementa. 
Um maior índice de industrialização auxiliará na redução do déficit de moradia existente no país
Concordando com o diretor do Deconcic no que diz respeito à importância da industrialização para a modernização do setor da construção civil brasileira, o presidente da Abramat acrescenta ainda que um maior índice de industrialização auxiliará na redução do déficit de moradias existente no País. “Acredito que haverá um salto grande na velocidade, qualidade e sustentabilidade na construção civil quanto houver um incremento no uso desses sistemas construtivos industrializados. Haverá também uma grande contribuição para melhorar um tema central no desenvolvimento do país: a produtividade no uso dos recursos tanto do trabalho, quanto do capital”, finaliza Cover. 
AUMENTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO PASSA POR REVISÃO DE CONCEITOS
Há uma unanimidade entre os analistas envolvidos com a construção, de uma forma geral, sobre a necessidade de se rever conceitos para que a industrialização da construção civil brasileira seja disseminada de maneira a atender as urgências do País nas áreas da habitação e da infraestrutura. “A questão da construção industrializada ainda não está consolidada no mercado, como ocorre nos países do hemisfério norte. É preciso mudar a cultura da construção artesanal, ainda muito praticada no país”, argumenta Marcos Otávio Bezerra Prates, diretor do Departamento das Indústrias Intensivas em Mão de obra e Recursos Naturais da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 
 A análise de Prates é referendada por Íria Doniak, presidente da Abcic. Ela lembra que nos países europeus e na América do Norte, a industrialização está presente há mais de 50 anos e tem sido fortalecida ao longo de todos esses anos. “Em nosso país, pelo contrário, sempre se incentivou o uso intensivo de mão de obra, sem requisitos específicos de qualificação, de maneira que a construção civil pudesse absorver a mão de obra disponível, independentemente de sua procedência, o que culminou na desindustrialização, política que não é sustentável para os dias atuais”, pondera.
 No entender de Íria, para reverter este quadro é necessário tomar medidas emergenciais em diversas frentes que somente são possíveis aliando a força das entidades que representam a cadeia produtiva com o governo e entidades que congreguem indistintamente os diversos sistemas construtivos e tecnologias disponíveis no país como é o caso da Fiesp e seus grupos de trabalhos voltados à essa discussão do tema, assim como o grupo coordenado pela ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. "A industrialização da construção civil é a única forma de atingir os níveis de produtividade atualmente requeridos sem comprometimento da qualidade, vindo ao encontro das atuais demandas do governo e também da inciativa privada”, complementa Íria.

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