INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Atendimento a requisitos de qualidade, segurança e meio ambiente, desde a tecnologia do concreto a precisão dimensional, da proposta encaminhada ao cliente à segurança de montagem, integram o programa Selo de Excelência Abcic, indutor do desenvolvimento tecnológico do setor que se traduz em competitividade na gestão empresarial e com resultados práticos evidenciados pelos clientes
Após 17 anos de seu lançamento, o Selo de Excelência Abcic transcendeu seu objetivo principal que era, de forma evolutiva em três níveis, prover as empresas associadas um sistema de gestão integrada pela qualidade, segurança e meio ambiente. Isso porque ele criou, nas empresas que aderiram ao programa, um ambiente favorável para introdução de novas tecnologias, adoção de tendências e, principalmente, de gestão integrada.
“O Planejamento Estratégico Abcic 2016-2020 já evidenciava a necessidade de se aprofundar o trabalho consolidado pelo Selo, buscando, talvez, um nível IV”, explicou a engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic. “Naquela ocasião, havia o prognóstico que a digitalização avançaria de forma muito rápida e que o BIM seria mais do que uma ferramenta de projeto. Ele seria um sistema integrador de ações e filosofias, que uniria aspectos relacionados à sustentabilidade, que teria interface com modelos de gestão, indicadores e pessoas”, disse.
Nesse sentido, o BIM conta com nove dimensões - implementação (1D), ambiente colaborativo (2D), modelagem tridimensional (3D), gerenciamento integrado de prazos (4D), gerenciamento de custos (5D), desenvolvimento sustentável de projetos e sua relação com as emissões de CO2 (6D), manutenção e operação do ambiente construído (7D), segurança e saúde ocupacional desde o projeto (8D) e introdução da filosofia lean (9D). Contudo, o professor Ignasi Perez Arnal, sócio fundador da BIM Academy, criador e diretor técnico da Cúpula Europeia do BIM, tem trazido o conceito da décima dimensão do BIM (10D).
“Lendo sobre esse tema, o que me chamou a atenção foi que todas as dimensões do BIM têm uma meta comum: a industrialização da construção civil, ou seja, transformar a construção num setor mais produtivo integrando as novas tecnologias através da digitalização”, reflete Íria. “Assim, se avaliarmos resumidamente as nove dimensões, a conclusão é que, de fato, o norte aponta para a industrialização”.
“A partir dessa ponderação, a proposta dessa matéria será a de resgatar a evolução do Selo de Excelência ABCIC, como o indutor do desenvolvimento tecnológico da indústria do concreto pré-moldado, um dos sistemas construtivos industrializados que vem sendo protagonista de importantes obras pelo país, englobando o mercado imobiliário e a infraestrutura. A considerar que gerenciamento integrado, segurança e gestão ambiental, bem como ferramentas importantes como o “lean construction” possuem uma relação intrínseca com a industrialização e também com o programa implementado pela associação”, ressalta Íria.
Norte para as empresas
Carlos Gennari, sócio diretor da Leonardi, uma das empresas que conquistou o Nível III, afirma que a implementação do programa criou não apenas uma organização de processos, mas também uma ambiência e cultura favoráveis à inovação. “Obtivemos o Selo em 2005. Inicialmente trilhar o caminho evolutivo até o nível III não foi fácil. Porém, a cada conquista, era perceptível tratar-se de um investimento que nos traria a segurança necessária para avançar em base sólida, ao mesmo tempo, em que da metade do caminho para frente não somente o retorno era palpável, como muitos caminhos se abriam para novos desenvolvimentos”.
Segundo ele, o selo trouxe norte, estabilidade e efetiva melhoria contínua. Com isso, houve fortalecimento do “core” e segurança para o crescimento da empresa, possibilitando a fábrica tornar rotineira a produção de elementos com resistências acima de 100 MPa e peças arquitetônicas. “Novas tecnologias estão sendo aplicadas, como o uso de scanner a laser, CNC na produção de moldes com base em formas orgânicas e atendendo a um modelo numérico, precisão dimensional milimétrica na montagem, entre outras”.
Os dirigentes da Tranenge também compartilham dessa avaliação. A empresa, que está implementando o Selo de Excelência Abcic, possui outros modelos de certificação: ISO 9001, ISO 14001 e PBQP-H 2018 SIAC Nível A. “O Selo de Excelência Abcic traz requisitos claros e específicos para o desenvolvimento da melhoria contínua, em especial para produção e montagem das estruturas pré-moldadas, quando comparado com os demais programas”, comenta o diretor da empresa, Ivan Ribeiro.
Ele explica que as certificações já obtidas possibilitaram que a Tranenge absorvesse a cultura conceitual que tem origem no ciclo do PDCA (Plan, Do, Check e Act). “Investir em certificação e programas de gestão tem permitido ao nosso Comitê Diretivo a análise de indicadores oriundos dos dados que somente uma estrutura sólida de organização e controle nos permite obter, acrescenta.