Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 4 - abril de 2015

ARTIGO TÉCNICO

Ganhos de sustentabilidade em lajes alveolares protendidas


Figura 3: Execução de um recorte para pilar, com o concreto ainda fresco (foto à esq.); Reforço no recorte de pilar feito na pista (foto à dir.) [Fonte: Petrucelli (2009)]

Após serem posicionadas na estrutura, as lajes alveolares são equalizadas entre si por meio de torniquetes e, em sequência, as juntas longitudinais entre as lajes alveolares devem ser preenchidas com concreto, graute ou argamassa. Em razão das juntas longitudinais das lajes atuarem como chaves de cisalhamento que garantem a transmissão dos esforços cortantes entre as lajes, este procedimento também é denominado de chaveteamento. Quando o chaveteamento é executado de forma completa anteriormente à execução do capeamento, tem-se uma melhor solidarização do pano entre as lajes, havendo assim uma maior segurança para o procedimento de concretagem da capa. A capa estrutural possui espessura mínima de 5 cm e deve ser executada na sequência determinada pelo seu projeto de acordo com a sequência construtiva e de montagem da estrutura, sendo a capa armada com tela estrutural para controle da fissuração, mas também para a garantia do comportamento de membrana em casos de incêndio. Adicionalmente, as capas estruturais podem ser reforçadas com armaduras de continuidade negativas (passivas), proporcionando um efeito de continuidade para as lajes alveolares quando submetidas às sobrecargas variáveis.


Figura 4. Limpeza da pista de protensão (esquerda); Estocagem das LACP (direita) [Fotos: Direitinho, 2014]

3. Ganhos potenciais de sustentabilidade em lajes alveolares
Segundo o relatório Brundtland (1987), produzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, sustentabilidade é o desenvolvimento que atinge as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atingirem as suas próprias necessidades. Portanto, não apenas questões como a redução dos desperdícios, diminuição dos níveis de ruído, utilização de processos energeticamente mais eficientes, saúde e segurança do trabalhador, como também questões econômicas e ambientais evidentemente devem corresponder as principais preocupações.
Segundo Elhag (2008), a “Precast Flooring Federation - PFF”, a qual reúne os principais fabricantes de lajes alveolares do Reino Unido, empreendeu a partir desse ano um programa integrado com o objetivo de reduzir as emissões de CO2, de reduzir os desperdícios e o consumo de energia, diminuindo o impacto no transporte, entre outros. Todos estes impactos não costumam ser contabilizados dentro de sistemas produtivos nas empresas mais convencionais. O enfoque da sustentabilidade procura abordar todos estes aspectos ao mesmo tempo. Com este propósito, a “PFF” estabeleceu um programa de sustentabilidade onde os objetivos fossem atingidos gradualmente, respondendo às principais razões para responder à pergunta: “Por que usar pisos protendidos em lajes alveolares?”. 


Figura 5. Içamento e montagem em obra de LACP (esq.) [Fonte: Araújo, 2011]; Distribuição de telas soldadas para posterior execução de capa estrutural (dir), [Petrucelli, 2009]

A seguir, serão agrupados os ganhos de sustentabilidade potenciais das LACP em função das suas respetivas naturezas:
Ganhos de natureza exclusivamente econômica
Ainda de acordo com Van Acker (2002), e por comparação com a generalidade das restantes soluções para lajes, as LACP têm a vantagem de apresentarem uma superfície inferior lisa, o que diminui a quantidade de material a ser aplicado no revestimento de tetos, bem como o uso de mão-de-obra para a execução desses revestimentos. Além do mais, a produção em ambiente industrial das LACP propicia um efeito de escala, que acaba gerando vantagens econômicas que não são possíveis de alcançar com processos “semi-artesanais”, como aqueles que correspondem à execução das lajes no local.
Ganhos de natureza exclusivamente ambiental
Segundo Elhag (2008), um estudo dentro de oito semanas realizado junto a um número de empresas associadas da “PFF”, sugeriu que a produção e o transporte de pavimentos em LACP perfaziam um total de não mais de 0.199 “ecopontos”/tonelada de produção líquida (“ecopontos” é uma classificação de emissões poluentes tabelada pelo Building Research Establishment - BRE).
Por outro lado, as LACP podem incorporar materiais reciclados, o que é mais difícil de conseguir em processos construtivos convencionais para laje. Assim, segundo Elhag (2008), estudos de qualidade realizados pelo Building Research Establishment demonstram percentagens de materiais reciclados com até 10 a 20% para as LACP, tanto para agregados finos ou graúdos. Ainda segundo ele, as LACP podem ser trituradas e usadas em diferentes reaplicações, no final da vida útil dos edifícios (como camadas de sub-base e preenchimento de material em rodovias, ou até como agregados graúdos na produção de concretos com fck de até 40 ou 50 Mpa). Mais recentemente, Basan et al. (2009) apresenta o resultado de uma pesquisa do Politecnico de Milano, na qual se conseguiu lajes com desempenho estrutural satisfatório empregando até 30% de agregados reciclados.

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