DE OLHO NO SETOR

O painel do Concreto Show Xperience contou com a participação de Nivaldo Loyola Richter, diretor da BPM Pré-Moldados e diretor financeiro da ABCIC, que corroborou com a opinião de Íria sobre o potencial do sistema construtivo industrializado no segmento habitacional. “Quando vimos esta alta demanda por soluções industrializadas de construção, adaptadas ao setor residencial, enxergamos uma excelente oportunidade de mercado e desenvolvemos uma solução que trouxe muito mais velocidade ao processo, proporcionando uma ausência total de resíduos e menor exigência de mão de obra”.

De acordo com Richter, esse tipo de solução contribui para superar desafios de construtoras, como a dificuldade de recrutamento de mão de obra especializada e o envolvimento de um grande número de terceiros, acarretando em dificuldade de controlar processos. “Esse tipo de sistema representa uma quebra de paradigma e nos mostrou que é possível produzir em grande escala para atender a esse déficit habitacional que existe no país”. Além disso, a qualidade da obra se torna ainda maior, com paredes no prumo perfeito, zerando os erros de tolerância dimensional. 

Contudo, Richter ressaltou que é um grande desafio vencer as barreiras que existem na construção residencial. Mesmo assim, para ele, é gratificante ver o resultado, incluindo a interação das construtoras que estão enxergando as vantagens competitivas do sistema, como por exemplo, o controle maior de produção na indústria, a certeza da qualidade da matéria prima e dos insumos, planejamento de custos mais assertivo e a velocidade na construção. 
O diretor executivo da Construtora Tenda, André Luiz Monteiro, mostrou como o modelo construtivo de painéis modulares é um sucesso. “Com base em sua experiência profissional nos últimos 12 anos últiimos doze anos em que atuei na indústria de pré-fabricados, vimos que conseguimos colocar esse sistema com facilidade e amplitude. Neste período, construímos aproximadamente 15 mil unidades habitacionais, de forma muito mais segura, econômica e ágil, além de proporcionar a redução da mão de obra no canteiro”. 

Para Monteiro, a industrialização permite mudar o jogo da construção, saindo de um modelo mais arcaico para produção com alto desempenho, redução do consumo de insumos. “Mesmo com os entraves ainda existentes para a industrialização, as fábricas conseguem fazer produtos competitivos que podem ser aplicados em diversos tipos de construções”, explicou. 

Ele comentou ainda que a Tenda está estudando a implantação de novos projetos com pré-moldados, mas não apenas com painéis, mas também com grandes elementos, uma vez que o sistema construtivo se encaixa muito bem dentro da matriz de construção habitacional popular.

Sobre a evolução tecnológica da indústria, Ronaldo Franco, diretor de operações da Sudeste Pré-Fabricados e diretor de Desenvolvimento da ABCIC, tratou do sistema carrossel, que funciona como uma indústria automobilística, com processos em cada local da planta industrial: em um ponto está a armação, em outro, a cura, em outro, a concretagem, assim por diante. O que anda ao longo da produção são os pallets.

“Uma das principais diferenças deste modelo é a capacidade de produção, que é muito maior, além de ser 100% automatizado, gerenciado por um software, que informa qualquer patologia ou não conformidade. Em apenas um turno de nossa fábrica, por exemplo, conseguimos produzir o equivalente a cinco ou seis casas de 60 m²”, exemplificou Franco. 

Ele citou ainda que a fábrica em carrossel possibilita a construção de prédios de três pavimentos em apenas alguns dias e que a Sudeste atendeu um projeto de 240 casas na faixa de 70 m² em poucos meses. Segundo ele, em apenas três semanas, a obra estava com os processos finalizados de terraplanagem, de montagem dos pré-fabricados, de revestimento e de acabamento. As últimas 150 casas foram entregues em três meses.