DE OLHO NO SETOR
Diferentes contextos ressaltaram a industrialização em concreto como uma importante solução de engenharia ligada à transformação digital, para atender projetos de múltiplas áreas com produtividade, qualidade e sustentabilidade.
Augusto Pedreira de Freitas: "para obter o máximo de produtividade, é preciso conceber de forma assertiva o projeto"
Em sua apresentação na Jornada Tecnologia e Sistemas Construtivos, que ocorreu no dia 28 de outubro, Freitas citou ainda os tipos de sistemas construtivos industrializados como pré-viga e pré-laje, que é o mais próximo à construção convencional; pré-viga e laje alveolar; pilares e vigas pré-moldadas e lajes alveolares e o sistema de painel portante.
Para Freitas, para obter o máximo de produtividade, é preciso conceber de forma assertiva o projeto. Ademais, a decisão sobre qual sistema construtivo será utilizado em um empreendimento deve ser feito na etapa de definição do produto e, não após o produto estar concebido. “Os engenheiros devem estudar muito as ligações, caso contrário pode ocorrer patologias no sistema de painel portante”, alertou. Ele exemplificou que em pouco mais de um ano, é possível entregar o empreendimento concluído, pois esse sistema permite a construção ágil, produtiva e com um retorno de investimento mais rápido.
A seu ver, o painel portante pode ser aplicado em diversos tipos de projeto, não apenas em segmentos econômicos, além de ser uma tendência. “Para o segmento residencial, o sistema apresenta muitas vantagens, pois se tiver uma repetitividade maior, posso retirar a concretagem da obra, levando para a indústria a produção das peças, com mais qualidade, segurança e sustentabilidade”, disse Freitas, que complementou que existe ainda a possibilidade do uso de sistemas mistos.
Por fim, ele trouxe algumas dicas para a implementação de um novo sistema construtivo pela construtora ou pelo cliente final:
A Jornada da AECWeb também contou com a palestra da engenheira Íria Doniak, que comentou sobre os dois estudos da McKinsey: “The Next Normal in Construction” e “Modular Construction: From projects to products”. Ela reforçou que a construção tem os menores índices de produtividade e de crescimento nessa área e está atrás em quesitos como digitalização e a implementação de ferramentas da indústria 4.0. “O ambiente mercadológico está em processo de transformação, por isso é preciso olhar com atenção para o progresso tecnológico, para a adoção de processos disruptivos e o que as novas gerações estão buscando”.
Íria Doniak: "A indústria tem em seu DNA a inovação, pesquisa e desenvolvimento, por isso é mais fácil buscar as ferramentas para o aumento de produtividade, maior controle e monitoramento, maior rastreabilidade. Assim, esse é o ambiente ideal para uma maior interação das ferramentas 4.0"
A presidente executiva da Abcic ponderou sobre o fato de uma construção convencional chegar a ter em torno de 400 contratos para a realização do empreendimento. “Se não houver convergência entre os fornecedores, não é possível extrair o potencial de nossos recursos, o que acarreta em um resultado aquém do que poderia ser alcançado”.
Sobre os sistemas construtivos industrializados, Íria lembrou que no período antes da pandemia já havia uma tendência de ampliar o percentual de sua aplicação, mas que esse processo ganhou mais força no período da crise sanitária e deve ser mais catalisado no pós-pandemia. “Houve um maior rigor nos canteiros de obras em questões ligadas à sustentabilidade e segurança sanitária, além de uma maior conscientização sobre a importância de agregar valor ao ciclo de vida do empreendimento”.