DE OLHO NO SETOR
Dois importantes eventos com apoio e participação ativa da Abcic incorporaram duas das pautas previstas no Planejamento Estratégico da associação, estabelecido em 2015
Engenheiro Farid Ibrahim (Clark Pacific – USA), palestrante no Trimble Day - Indústria 4.0, com dirigentes e representantes da Abcic e de empresas associada.
Também sobre as novas formas de administrar dados dentro da atividade da construção, Fátima Gonçalves, diretora de desenvolvimento de negócios da Trimble Brasil, explicou que além dos benefícios já conhecidos dos softwares que centralizam e reproduzem visualmente as informações de projeto, como redução de custos, aumento de produtividade e maior controle sobre emissões de gases prejudiciais ao ambiente, o BIM promove a integração entre diferentes países, pois, "hoje os projetos são comercializados globalmente, as fronteiras acabaram". Fátima também comentou o futuro da engenharia, sendo que os clientes exigem menores prazos e mais qualidade: "Nesse sentido, a produtividade faz toda a diferença e o caminho é a digitalização. Isso significa não apenas transformar o 2D em 3D, mas inserir uma quantidade cada vez maior de informações, pois os projetos do futuro terão dados sobre manutenção facilitada, por exemplo".
Fátima Gonçalves, da Trimble, fornecedora associada da Abcic e dirigentes da entidade. Parceria de sucesso no evento Trimble Day
Tão importante como a administração de dados do projeto em determinado empreendimento é a forma como esses mesmos dados são coletados. A palestra de Rafael Rigoni, gerente de treinamento da Trimble, destacou justamente esse ponto: "temos hoje fotografia a laser, escaneamento 3D, drones, sensores embutidos, monitoramento remoto, tudo para sabermos com precisão o que está acontecendo. Algumas dessas tecnologias são baseadas em rádio frequência e podem ser usados, entre outras demandas, para medição da temperatura do concreto, nível de umidade e até gestão da mão de obra". Rigoni citou o BIM como dotado de conectividade onipresente, permitindo acessar informações a qualquer hora ou local e assim facilitar as tomadas de decisões e mencionou os recursos de realidade virtual e realidade aumentada como maneiras de melhor interagir com os dados. O profissional da Trimble ainda mencionou recursos da indústria automobilística e aeronáutica que já influenciam a indústria da construção, como o uso de inteligência artificial.
Sobre a influência de outros campos da indústria na construção civil, a palestra do engenheiro Abram Belk citou exemplos: “alguns conceitos da indústria de manufatura podem ser usados na construção civil”, avaliou Belk, "o princípio de interoperabilidade é usado entre todas ferramenta do software, da fabricação até a execução da obra; o conceito de virtualização é aplicado aos modelos; a descentralização é benéfica quando há diversos projetistas no elo do projeto, que podem tomar decisões de maneira autônoma uma vez conhecido o modelo global; com o sistema de respostas em tempo real, temos os dados sempre disponíveis, tanto para contratantes como contratados e permite a simulação de cenários; com o conceito de modularidade, muitos serviços podem ser descartados ou acionados sob demanda". Belk explicou que, com o BIM, o controle de qualidade é baseado em dados do projeto usados diretamente na execução e também citou a integração promovida pela ferramenta, podendo conter o projeto de fôrmas ligado ao projeto estrutural, pedidos de concretagem e resultados de laboratório.
O painel seguinte abordou especificamente a pré-fabricação em concreto e as soluções de realidade virtual aplicadas nesse processo, por meio de depoimentos de Carlos Felipe, da Plannix, e Willian Niquelatti, da Bagio Engenheiros Associados. Segundo Carlos, o sistema criado surgiu de uma dificuldade de trabalhar com as ferramentas disponíveis no mercado e com a preocupação sobre a gestão de fluxo e implantação de informações. Como estudo de caso, foi apresentado um projeto de pequeno porte que usou a solução criada: "O empreendimento foi uma parceria entre a Bagio e a Marna Pré-Fabricados, sendo o projeto estrutural baseado em pilares, vigas, lajes e placas. A geração do modelo era feito com a Tekla, que enviava os dados para o Precast Control da Plannix; em seguida, os dados eram devolvidos para a Tekla e, então, enviados ao Trimble Connection".
Os profissionais também explicaram que com o sistema implantado, a rastreabilidade de elementos e processos era garantida, assim como o acesso a informações, pois foram usados códigos em etiquetas identificando as datas de todos os processos executados e a singularidade de cada peça: "O processo se dava por meio da equipe da Marna gerando arquivos que eram enviados ao Willian, profissional da empresa que executou a obra, e era feito o processamento; então, por meio do aplicativo da Trimble, a equipe da Marna, produtora dos pré-fabricados de concreto, tinha a visualização atualizada do status da obra na tela do celular", explica Carlos Felipe.
O painel apresentado pelo engenheiro Carlos Costa, da Trimble, e Wesley Gomes, da Vollert, abordou a adoção de novas tecnologias como futuro não apenas da construção civil, mas da atividade econômica em geral: "Há inclusive uma página do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) sobre a Indústria 4.0 e como seus recursos devem ser cada vez mais absorvidos", considerou Costa. Sobre a introdução de pautas da Indústria 4.0 no setor da construção, o engenheiro citou alguns princípios básicos da 4ª revolução industrial, como internet e robotização; segundo Carlos Costa "teremos em breve interpretação de dados do projeto por robôs e geração de modelos integrados com soluções de execução".
Já Wesley Gomes, salientou que na atual fase da industrialização iremos lidar com uma quantidade cada vez maior de dados. O sistema carrossel, por exemplo, é um conceito que vem da indústria automobilística e quando aplicada a empreendimentos da construção, processa elementos planos, como lajes, pilares e vigas, podendo também ser utilizado em termos de dosagem de concreto. "Com a circulação de dados dentro de um sistema, a interface entre profissionais é aperfeiçoada, garantindo menos erros de interpretação de projeto e riscos de retrabalho", concluiu Gomes.
Em palestra sobre a utilização de softwares de projetos em obras de infraestrutura, Renato Porto, da Engemap, compartilhou experiências e benefícios gerados pelo uso de novas tecnologias: "No projeto de uma rodovia de 14 km, no estado do Paraná, em que usamos uma ferramenta de traçados, obtivemos uma redução de 8% dos custos, o que no caso significou uma economia de 6 milhões de reais, aproximadamente". O profissional também explicou que em obras como essa, a absorção de informações de georreferenciamento pelos softwares é indispensável, assim como estudos geológicos em obras ferroviárias ou rodoviárias.