Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 23 - setembro de 2021

ABCIC EM AÇÃO

Industrialização contribui para aumento da segurança, qualidade e sustentabilidade na construção civil

Em dois eventos promovidos no mês de fevereiro, a pré-fabricação em concreto foi evidenciada como uma solução de engenharia que alia o emprego de tecnologias inovadoras ao planejamento assertivo, garantindo aumento de produtividade, maior segurança ao trabalhador e atendimento aos mais diferentes desafios de um projeto

A engenheira Íria Doniak abordou de forma ampla a pré-fabricação do projeto à obra incluindo conceitos de qualidade e sustentabilidade

Durante sua palestra, a presidente executiva da Abcic ressaltou que quando se toma a decisão de construir utilizando a industrialização em concreto é preciso pensar o projeto com vistas em obter o máximo benefício ofertado pela solução de engenharia, assim o projeto não pode ser o mesmo de uma construção convencional. “Com a industrialização, a produção irá para um ambiente industrial, haverá o transporte dos elementos e ocorrerá a troca da mão de obra por processos logísticos e de montagem”, destacou. 
Outro fator importante trazido por Íria é que os benefícios do pré-fabricado de concreto contribuem para uma redução de custos e prazos, atendimento de cronogramas ousados, aumento da qualidade, produtividade, sustentabilidade e segurança na obra, com isso o custo por metro quadrado torna-se um indicativo menos relevante, até porque esse valor vai ser variável conforme as características do projeto.
Segundo Íria, o setor possui normalizações específicas, que precisam ser consultadas, conhecidas e seguidas. A principal norma, nesse sentido, é a ABNT NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, que trata dos aspectos mais relevantes em obras projetadas e construídas com o sistema. Duas outras referências importantes para a cadeia produtiva são o Selo de Excelência Abcic, programa de certificação desenvolvido pela entidade, com caráter evolutivo, que avalia aspectos relacionados à qualidade, segurança, sustentabilidade, desempenho e tecnologia das indústrias associadas, e o Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto, publicação de referência que trata dos aspectos relevantes para um planejamento e execução de montagem assertivos em obras industrializadas de concreto. 

O engenheiro Livi contextualizou aspectos de viabilidade e deu ênfase a logística envolvida no processo da pré-fabricação

Por fim, a presidente executiva da Abcic apresentou aos alunos participantes a versatilidade da pré-fabricação de concreto, mostrando como o setor tem atuado em inúmeras aplicações, destacando as edificações, verticalização, infraestrutura, arenas esportivas, fachadas e projetos especiais, entre outros.
Já no dia 26 de maio, o engenheiro Luiz Livi falou sobre “Viabilidade e Logística nas estruturas de concreto pré-moldado”. Ele iniciou sua apresentação ressaltando o potencial do setor e algumas características da solução de engenharia, como a velocidade, que possibilita um payback menor aos investidores; qualidade e produtividade, pelas estruturas serem fabricadas em indústrias com processos produtivos planejados, controlados e monitorados; redução de riscos e custos fixos no canteiro de obras; diminuição de desperdícios e reaproveitamento de materiais e recursos naturais; durabilidade estrutural, entre outros. 
De acordo com Livi, os custos totais de uma obra moldada in loco superam o investimento em uma obra com o pré-fabricado de concreto, pois precisam ser considerados, por exemplo, a destinação de resíduos, logística de entrega de materiais, custos da não qualidade, tempo, payback, estrutura administrativa pesada, entre outros. “O custo do metro cúbico de concreto não é o quesito mais importante”, ressaltou. 
O engenheiro também apresentou os seis fatores que precisam ser considerados no planejamento para a execução de um novo empreendimento. São eles: logística, prazo, exigências técnicas, necessidades do cliente, adequação fabril e condicionantes da montagem. Ao longo de sua palestra, ele foi mostrando cases de sucesso do setor que exemplificam cada um desses fatores. 
No caso da logística, Livi comentou que antes de projetar a obra, é preciso avaliar a localização do empreendimento e qual será a estratégia para se chegar ao canteiro. Em termos adequação fabril, a indústria precisa se preparar para produzir com um custo adequado e para isso é necessário saber se, por exemplo, será necessária a confecção de novas formas, quais as características do concreto disponível para uso, o tipo de máquina para corte e dobra, utilização ou não de elementos protendidos, entre outros. 
Segundo Livi, a produção precisa estar alinhada com o prazo exigido pelo contrato, o que significa que as estruturas devem ser fabricadas, levando-se em conta todo o planejamento, incluindo etapas como faseamento da obra e sequência de montagem. Além disso, é necessário verificar as fases transitórias locais e globais, atender às normas vigentes e estar atento às situações particulares de cada obra. Especificamente sobre montagem, Livi citou que é fundamental avaliar os equipamentos disponíveis, interferências físicas, limitações legais e se o içamento pode ser caracterizado como não convencional. 
O engenheiro Marcelo Cuadrado Marin ministrou sua palestra “Projeto de estruturas de concreto pré-moldado: Influência das ligações”, no dia 2 de junho, trazendo alguns princípios gerais relacionados à construção industrializada de concreto, como por exemplo, conceber o projeto da obra, visando a utilização do sistema construtivo, a fim de aproveitar todos seus benefícios; minimizar o número de ligações e o número de tipos de elementos, utilizar elementos da mesma faixa de peso e resolver as interações das estruturas com outras partes da construção, ou seja, compatibilizando todas as disciplinas. Nesse sentido, ele comentou que o Building Information Modeling (BIM) pode potencializar essa interlocução, por ser uma ferramenta colaborativa. 
Outro ponto abordado por Cuadrado foi buscar as referências existentes no mercado sobre a industrialização em concreto. Além das normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ele citou o livro do professor Mounir Khalil El Debs, Concreto Pré-Moldado: Fundamento e Aplicações; o Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto, da Abcic, os boletins e manuais da Federação Internacional do Concreto (fib) e os manuais do Instituto Americano de Concreto Pré-Moldado e Protendido (PCI). Para matérias e reportagens, ele recomendou a Revista Industrializar em Concreto, da Abcic, e o PCI Journal.
O engenheiro apresentou diversos exemplos de sistemas estruturais para garantia de estabilidade global, incluindo àquelas onde a estabilidade é proporcionada por ação de pilares engastados na fundação, podendo estar associados a vigas articuladas; ou por ação de pórtico composto por pilares e vigas, interligados entre si por meio de ligações resistentes a momentos fletores; ou por elementos de contraventamento, como paredes, elementos celulares e elementos de contraventamento tipo X e/ou outros; e estruturas de pisos ou cobertura que formam diafragmas que garantem a transferência de esforços horizontais para os elementos verticais de sustentação e contraventamento.
Cuadrado conceituou às análises de primeira ordem e de segunda ordem e exemplificou como os esforços obtidos em uma estrutura são resultado de uma análise de ambas. Ele reforçou a importância de estudar e conhecer sobre o tema na concepção do projeto das estruturas pré-fabricadas de concreto. Segundo ele, as ligações absorvem o momento fletor, com isso há um menor deslocamento das estruturas e os efeitos de segunda ordem são menores. Ademais, o engenheiro trouxe situações reais de ligações rígidas, semirrígidas e articuladas e as tipologias apresentadas na ABNT NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado.

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