PONTO DE VISTA

Roberto Clara
Diretor de Engenharia da Lucio Engenharia

A construção civil brasileira tem potencial para melhorar sua produtividade e alcançar os níveis de excelência vistos em outros segmentos econômicos, como o agronegócio e a indústria automotiva, que investem em tecnologia, digitalização e inovadoras práticas produtivas. Segundo um estudo da McKinsey, a produtividade global da construção cresceu apenas 1% nos últimos vinte anos e o Brasil, em relação a outras nações, regrediu por alguns anos nesse índice, tanto é que 80% de 100 megaprojetos analisados pela consultoria tiveram aumento de custo e atrasos de quase 20 meses no cronograma de entrega da obra. 

Nesse sentido, a construção tem um aliado que é a industrialização. O mercado tem evoluído bastante em termos de racionalização, mas para elevar realmente o patamar da produtividade, é necessário aplicar em larga escala de processos construtivos industrializados. 

A Lucio Engenharia, uma das principais incorporadoras de São Paulo, tem trilhado esse caminho. Segundo Roberto Clara, diretor de Engenharia da construtora, é possível produzir empreendimentos com qualidade, custos e prazos adequados, com uma equipe técnica dedicada ao controle de processos mais globais, contando com os especialistas das indústrias para as soluções mais técnicas. Com 40 anos de atuação no mercado imobiliário, a incorporadora tem sua trajetória marcada pela construção de ícones, incorporação de marcos e lançamentos de conceitos. A companhia tem a inovação como um de seus pilares e aposta na atuação em properties e investimentos em negócios imobiliários.  

Em entrevista para a Industrializar em Concreto, Clara explicou os motivos pelos quais a Lucio considera a industrialização um caminho sem volta. Ele ainda avaliou a interconexão entre sustentabilidade, produtividade, qualidade e digitalização com os sistemas construtivos industrializados. “Se precisamos aumentar a produtividade de nossa economia como um todo, como plano de desenvolvimentos do país, necessariamente, teremos que aumentar o nível de industrialização de nossos produtos”, disse. 

Desde 2007 na Lucio, Clara possui 38 anos de experiência em edificações residenciais, industriais e comerciais e 20 anos como sócio e diretor técnico de construtora de médio porte. Atualmente é membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (CTQ - Sinduscon/SP) e da Comissão de Estudos de revisão da Norma de Execução de Estruturas de Concreto Armado e Protendido – ABNT NBR 14931.

A seguir, estão os principais pontos abordados pelo diretor de Engenharia da Lucio:

Qual sua avaliação do cenário atual da construção civil no país?

A produção e comercialização de imóveis residenciais e corporativos é cíclica. Atualmente, estamos em plena aceleração do mercado, com muita demanda de projetos e obras, isto é, é um momento muito bom para o setor. O desafio, agora, é aumentar a produtividade para fazer frente a um déficit de 7,8 milhões de moradias e para o esperado do aumento da demanda por prédios corporativos.

Como analisa o atual nível de industrialização no setor da construção?

O nível de industrialização do setor da construção ainda é muito baixo devido a diversos fatores, entre eles: a forma como são tributados os produtos industrializados. Se precisamos aumentar a produtividade de nossa economia como um todo, como plano de desenvolvimentos do país, necessariamente, teremos que aumentar o nível de industrialização de nossos produtos e, portanto, teremos de modernizar a tributação incidente sobre o nosso setor.