ARTIGO TÉCNICO
Um ponto não bem definido nas indicações em Leonhardt e Monnig (1978) era o comportamento da parede frontal, correspondente a face frontal do cálice (Figura 1). Usualmente, considerava-se que essa parede estaria sujeita apenas à flexão produzida pelas pressões sobre ela. Observou-se, no entanto, que ocorre uma flexo-tração do colarinho na parte frontal do cálice, em que 85% da tensão na armadura seriam provenientes da tração simples e 15% da flexão. No entanto, para projetos, pode-se considerar apenas a tração, pois a diferença na área necessária das armaduras é pequena.
Os resultados indicam que a resultante das pressões da parede frontal é transferida para a fundação basicamente por meio das paredes longitudinais. Estas paredes trabalham como consolos submetidos à força indireta, o que torna necessária uma armadura vertical no canto da parte posterior do cálice, confirmando o comportamento apresentado em Leonhardt e Monnig (1978).
Figura 1 - Transferência dos esforços em cálice com interfaces lisas e rugosas com grande excentricidade
Fonte: El Debs (2017)
2.3 Ligação com interfaces com chaves de cisalhamento
Neste caso, os resultados indicaram uma significativa diferença com o modelo apresentado em Leonhardt e Monnig (1978). Assim, foi proposto um novo modelo descrito a seguir.
Como a transferência dos esforços do pilar para as paredes internas do cálice é feita por meio de bielas, ela se desenvolve praticamente em toda a altura das paredes frontal e posterior, bem como pelas paredes longitudinais. A armadura vertical é calculada conforme o modelo da Figura 2
Figura 2 - Modelo para cálculo da armadura vertical para cálices de interfaces com chaves de cisalhamento
Fonte: El Debs (2017)
As bielas que fazem a transferência dos esforços do pilar para parede interna do cálice produzem pressões horizontais. Com base nos ensaios de cálices com colarinho, notou-se que a inclinação das bielas não é constante e é menos inclinada em relação à vertical na parte tracionada do pilar do que na parte comprimida. Além disso, as pressões na parte posterior do cálice tendem a se concentrar na parte superior, ao passo que, na parte frontal do cálice, elas tendem a atuar ao longo de toda a parede. A Figura 3 mostra o modelo indicado para o cálculo.
Figura 3 - Modelo para cálculo para as pressões horizontais em cálices de interfaces com chaves de cisalhamento
Fonte: El Debs (2017)
Fazendo ajuste aos resultados experimentais de medidas de deformações na armadura, são sugeridos os seguintes valores para a inclinação média das bielas, em relação ao plano horizontal: a) para parede frontal 60º e b) para a parede posterior 35º. Substituindo esses valores, considerando dc=hext-hc e adotando zc = 0,9 dc, são deduzidas as expressões 2 e 3 para as parcelas das resultantes, no trecho de lemb/3 contado a partir do topo do cálice:
Assim como no caso de interfaces lisas e rugosas, as pressões horizontais tendem a concentrar nos cantos, produzindo flexo-tração nas paredes frontal e posterior.
3. LIGAÇÃO VIGA X PILAR
3.1 Considerações iniciais
As pesquisas relacionadas às ligações viga-pilar se justificam por ser a principal ligação das estruturas de esqueleto, tanto pelo seu papel no comportamento da estrutura como pela sua quantidade nas estruturas típicas.
As ligações viga-pilar são normalmente projetadas considerando que elas se comportam como articuladas ou perfeitamente rígidas. No entanto, elas podem apresentar um comportamento intermediário, nesse caso denominadas de ligações semirrígidas.