Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 18 - dezembro de 2019

GIRO RÁPIDO

Mario Franco, gênio da engenharia de projetos

A engenharia brasileira perdeu um de seus mestres neste ano. No início de setembro, o engenheiro Mario Franco deixou, os 90 anos, um legado extraordinário, com cerca de 2.000 projetos, obras icônicas e referenciais para todos os profissionais e empresas do setor da construção e da área de arquitetura. Foram 70 anos de atuação profissional contínua, que contribuíram para o Brasil ter um papel de destaque tanto na engenharia como na arquitetura mundiais.
Entre suas obras preferidas estão ainda o Centro Empresarial Nações Unidas, o Hotel Unique (com Ruy Ohtake), o Palácio das Convenções do Anhembi (projeto de Jorge Wilheim em parceria com Miguel Juliano) e o Pátio Victor Malzoni, com duas torres espelhadas e um grande vão central, incluído para garantir a preservação de uma casa bandeirista tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).
O último trabalho realizado pelo engenheiro foi a concepção estrutural das obras da Cidade Matarazzo, empreendimento ainda em andamento nas imediações da avenida Paulista. 
O notável engenheiro recebeu diversas homenagens ao longo de sua carreira. Pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), recebeu o título de “Associado Honorário”, em 2003, e em conjunto com a Gerdau, a entidade lhe conferiu o título de “Personalidade de Engenharia Estrutural 2011”. Ele ainda teve o reconhecimento do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), em 1985, com o “Prêmio Emilio Baumgart” (Ibracon - 1985), e do Instituto de Engenharia, com o “Eminente Engenheiro do Ano 2001” (Instituto de Engenharia de São Paulo), entre outros.
Nascido em Livorno, na Itália, em 1929, Franco teve uma infância atribulada por sua origem judia. Às vésperas do início da II Guerra Mundial, aos 10 anos, teve de vir ao Brasil devido a perseguição imposta pelo regime fascista italiano. Formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), recebeu um convite do engenheiro Julio Kassoy, em 1952, para fundar o Escritório Técnico Julio Kassoy e Mario Franco Engenheiros Civis. Ele ainda se dedicou a lecionar no Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da própria Poli, além de dar aulas de Resistência dos Materiais e Sistemas Estruturais da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) no período de 1972 a 1999. Foi ainda professor visitante do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa (Portugal) e em Macau (China). 
Filho mais novo de Mario Franco, o engenheiro e também projetista de estruturas, Carlos Franco, ressalta que seu pai sempre teve uma paixão em executar seus trabalhos, o que o inspirou a seguir sua profissão. “Ele também era muito didático, conseguindo traduzir problemas e fenômenos complexos em uma linguagem muito clara e acessível. Os alunos comentavam que ele tinha a habilidade de tornar visível e tangível questões complexas, contribuindo para o aprendizado e entendimento. Ele sempre gostou muito de lecionar”, relembra Franco, que acrescenta ainda que possuía uma grande curiosidade e estava disposto a ter constantemente novos desafios em sua profissão. “No final dos anos 60, por exemplo, ele começou a usar a calculadora programável, que à época era algo bastante inovador. Quando apareceram os programas de computador, como o SAP, ele fez questão de buscar cursos para aprender a utilizar as novas tecnologias. Inclusive, nesse período, nós estudamos e aprendemos juntos”. 
 

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