Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 17 - julho de 2019

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Montagem é vital para a execução de obras em pré-fabricado de concreto

Cadeia da construção industrializada de concreto desenvolve estratégias e ferramentas que facilitam e modernizam os procedimentos de transporte e montagem das estruturas usadas em projetos em todo o país

Edifício Garagem 
- São Gonçalo/RJ

Cliente: MP Construtora e Incorporação LTDA
Tipo de estruturas utilizadas: pilares com emendas, vigas protendidas, vigas guarda corpo, escadas, painéis de fachada e lajes alveolares
Responsável pelo pré-fabricado: 
Auguto Baeta
Responsável pela obra: Wescley Pozzatti
Volume de concreto pré-fabricado: 13.020 m3
Fornecedor das estruturas pré-fabricadas de concreto: Incopre Indústria e Comércio
Obra executada em 2016

Ponto crucial para o planejamento da montagem da obra do Edifício Garagem foi a definição dos equipamentos e suas áreas de movimentação de carga

A Incopre, responsável pelo fornecimento de estruturas pré-fabricadas de concreto, afirma que o primeiro ponto crucial foi definir os equipamentos e suas áreas de movimentação de carga. Para isso foram definidos três platôs de patolamento do guindaste. A montagem foi iniciada pelo primeiro platô, localizado a 40 metros de altura em relação ao nível 0,00 da obra. Para tanto, foi necessário transportar um guindaste desmontado de 350 toneladas para o primeiro platô, sendo montado por um outro guindaste de 500 toneladas, patolado no último e mais elevado platô. Essa operação exigiu 16 carretas e 36 horas de trabalho.    
A montagem do edifício garagem foi dividida em quatro etapas, de acordo com o raio de operação do guindaste de cada platô. As carretas foram posicionadas para descarga no último platô, onde o espaço físico permitia apenas uma carreta por vez. Para a execução foi necessário um planejamento minucioso das cargas dentro da sequência de montagem atendendo aos horários programados pelo departamento de logística.
Inicialmente programada para 92 dias, mesmo com os desafios, a montagem foi concluída em 86 dias. Segundo a Incopre, apenas após 5 dias do final da montagem, ou seja, quando do término do capeamento das lajes alveolares, a edificação estava liberada para o acesso de veículos. “A solução em pré-fabricados de concreto foi crucial para viabilizar o empreendimento do cliente, tendo em vista que o mesmo deveria cumprir a legislação municipal no que se refere ao número de vagas por unidade. Esse edifício também contribuiu para interligar as edificações residenciais à área de lazer no topo da colina”.
O solo também foi o desafio vencido pelos engenheiros e técnicos da Tranenge Construções na concepção, produção e montagem das estruturas de pré-fabricados utilizados na construção de uma ponte sobre rio Anhumas, no quilômetro 133 da rodovia Dom Pedro I, em Campinas (SP). “Nosso maior problema foi a elaboração de um Plano de Rigging que contemplasse dimensionamento dos guindastes, levando-se em conta as dimensões e peso das peças, assim como as condições adversas como o tráfego para o acesso das carretas extensíveis ao local da obra, mas principalmente as limitações para o patolamento dos guindastes nas margens do Rio Anhumas, cujo terreno não tinha condições de suportar as cargas previstas nas patolas”, afirma o engenheiro André Moraes, gerente de contrato da obra da Tranenge. 
O problema do solo instável exigiu o apoio de um consultor geotécnico e a realização de alguns ensaios para conferir a capacidade de suporte que orientou a troca e reforço do material no solo. Segundo o engenheiro, resolvido esse problema, foi elaborado um planejamento da logística de trânsito para patolagem dos guindastes e chegada das vigas até o ponto de içamento pré-estabelecido no plano de rigging. Para coordenar as interferências e modificações no fluxo de trânsito, foi necessário o estrangulamento da via, com o uso de sinalização noturna, conforme entendimento com a Polícia Rodoviária, a concessionária e a equipe especializada da Tranenge. 
“No dia da montagem das estruturas pré-fabricadas foi montada toda a sinalização noturna e após as 22 horas o trânsito foi desviado e liberado o início dos trabalhos de patolagem do guindaste, assim como o posicionamento das vigas no lugar de onde elas foram içadas”, conta Moraes. O içamento das vigas longarinas, que mediam 41 metros, começou duas horas após o fechamento do trânsito e durou quatro horas. Em seguida, a pista foi limpa e o trânsito liberado. 
No caso da movimentação de peças tão grandes e pesadas, como essas da ponte sobre o Rio Anhumas, ganha especial atenção o cuidado com o item segurança. “Deve ser feito um plano de segurança que tenha vários documentos complementares específicos para a área de montagem de estruturas, como plano de carga para içamento dos componentes por equipamentos de grande porte, plano de elevação das plataformas aéreas para trabalho dos operários, projeto das linhas de vida para garantir a fixação dos cintos de segurança, projeto de fixação de redes de segurança tipo S, quando for o caso”, analisa a professora Sheyla Serra, da Universidade Federal de São Carlos.
Para ela, é necessário também ter projetos específicos para garantir a estabilidade da estrutura incompleta e provisória, como concretagens, uso de mão francesa e estais de fixação. “Além disso, temos ainda a necessidade de identificar as áreas de circulação dos equipamentos, de içamento dos componentes, como também de confeccionar um Programa de Condições e meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), assim como atender as normativas legais como a NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção”, destaca Sheyla.
A observação sobre o atendimento a NR-18 é compartilhada pelo presidente do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci), Haruo Ishikawa. “Para o segmento de estruturas pré-fabricadas, que possui a otimização de tempo e custo como seu maior chamariz, as Normas Regulatórias, em especial a NR-18, uma das mais abrangentes, é um dos fatores que tem ajudado a impulsionar a produtividade com segurança neste segmento”, analisa.
Ishikawa lembra ainda que, no momento, a Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia, em conjunto com a indústria da construção, está realizando um trabalho de modernização da NR 18, do qual o Seconci-SP também está participando. O objetivo, segundo ele, é simplificar e tornar a norma factível de ser seguida em todos os seus aspectos. Para ele, outra norma relevante para o segmento é a NR-35 – Trabalho em Altura, que, a seu ver, tem se mostrado muito relevante na prevenção dos acidentes da construção. “Por suas características, esta norma também traz um elevado grau de segurança na montagem das estruturas pré-fabricadas de concreto”, esclarece. 
Junto com as normas específicas relativas à segurança, especialistas chamam a atenção para a importância da evolução das normas técnicas da ABNT para o segmento de pré-fabricado. O engenheiro Carlos Melo, coordenador da Comissão de Estudos da ABNT NBR 9062:2017 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, lembra que na primeira norma, de 1985, a montagem de estruturas de pré-fabricado era abordada em um parágrafo. “Na norma de 2017, a questão da montagem está presente em três páginas. A revisão teve como um dos principais objetivos abordar a questão da segurança. Sabidamente, no momento da montagem, as estruturas pré-fabricadas estão em seu ponto mais vulnerável. Desta forma, o capítulo de montagem foi completamente reformulado, dando mais diretrizes e determinando, de forma mais específica, os cuidados a serem tomados”, opina.
Outro ponto destacado pelo engenheiro na revisão da norma foi a formalização do engenheiro de montagem. “Este profissional, que tem grande responsabilidade no processo, precisa atuar de forma efetiva para garantir a segurança em todo o processo. A revisão da Norma inseriu o já conhecido plano de Rigging, que agora se torna obrigatório. Assim, o engenheiro de montagem precisa definir como o processo de montagem será executado, em função dos equipamentos disponíveis e a situação do local da obra. Estas informações são divididas com o projetista, que deve considerar estas informações para verificar as etapas transitórias do processo”, finaliza. 

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