CENÁRIO ECONÔMICO
Ana Maria Castelo Coordenadora de projetos do IBRE/FGV
O PIB cresceu 2,9% em 2023! A agropecuária e as exportações foram determinantes para o crescimento que superou muito as projeções do início do ano. Pelo lado da demanda, vale destacar também o aumento do consumo das famílias, decorrente da melhora no mercado de trabalho e na renda.
Apesar da surpresa positiva do desempenho da economia no ano passado, não passou despercebida a queda de 3% na formação bruta de capital, que puxou a taxa de investimento para 16,5% - a taxa mais baixa desde 2019. O mau resultado do investimento acendeu uma luz amarela entre os analistas, pois sinaliza uma piora na capacidade de crescer de forma sustentada sem pressionar a inflação.
Por enquanto, não há motivos para alarme, o Boletim Focus mostra que a maioria dos analistas projeta uma inflação dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Bacen, o que permite prosseguir com a queda na Selic. No entanto, a previsão de uma Selic em 9% a.a. ao final do ano ainda representa uma taxa muito elevada, assim como o crescimento de 1,78% para o PIB não é um resultado a ser comemorado.
E para aumentar nosso potencial de crescimento é preciso expandir a capacidade produtiva, aumentar os investimentos. Esse não é um desafio trivial, especialmente porque ele precisa vir junto com o aumento de produtividade.
As últimas sondagens da construção do FGV IBRE têm registrado recorrentemente a falta de mão de obra qualificada como um empecilho ao crescimento setorial. Um processo produtivo, que ainda é majoritariamente artesanal, com baixa produtividade, sofre com as dificuldades de as empresas encontrarem pessoas treinadas.
Esse quadro tende a se agravar ante as projeções de crescimento da construção em 2024. De acordo com as estimativas do FGV IBRE, o PIB da construção deve aumentar 2,9%, sendo que para parcela formal, o desempenho será melhor, da ordem de 3,7%.
A Sondagem realizada em dezembro entre as construtoras captou o maior otimismo com os negócios tanto das empresas de Edificações, quanto de Infraestrutura. A Sondagem também apontou as expectativas de mais demanda por mão de obra.
Isso significa que o setor produtivo formal para sustentar um ritmo de expansão condizente com as necessidades do país precisa, necessariamente, melhorar sua eficiência e aumentar seu ritmo de industrialização.
Por outro lado, aqui mostram-se as possibilidades de crescimento para a cadeia da construção, especialmente para as empresas de pré-fabricados de concreto.
Volume de produção de pré-fabricados
Sondagem realizada pela FGV também revelou o otimismo das associadas da ABCIC com as perspectivas de crescimento em 2024: a maioria espera um aumento da produção e vai aumentar seus investimentos. O otimismo se explica pela diversidade de setores que são atendidos pela indústria de pré-moldados de concreto. Vale notar que a percepção dominante entre as empresas é que 2023 já foi um ano de retomada da produção.
Nessa retomada, vale destacar que a agenda de sustentabilidade ganha cada vez mais relevância entre as empresas – mais da metade já tem planos de implantação do UHPC.
Enfim, o ano de 2024 já começa com importantes desafios, mas podese dizer que são bons desafios porque estão diretamente relacionados à pauta da sustentabilidade e modernização, que se espera que continue avançando entre as empresas