Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 8 - agosto de 2016

DE OLHO NO SETOR

Painel do ConstruBR conclui: industrialização já não é opção, mas uma necessidade

Evento reuniu integrantes da cadeia e constatou que o momento é o ideal para a "quebra de paradigma" da construção convencional para a industrializada

Composição da mesa redonda, moderada por Jorge Batlouni (à direita), vice presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, que contou com (da esquerda para a direita), João Carlos Leonardi, da Leonardi Construção Industrializada; Laura Marcellini, diretora técnica da ABRAMAT; Ubiraci Espinelle Lemes de Souza, professor da Poli-USP; e Roberto Candusso, arquiteto do escritório Roberto Candusso 


A urgência em se ampliar o nível de industrialização da construção brasileira foi destaque na programação do ConstruBR 2016, realizado em abril, junto com a Feicon Batmat. Com a palestra Benefícios e Barreiras da Construção Industrializada, o presidente da Abramat - Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, Walter Cover fez um apanhado da situação atual e das perspectivas da industrialização no Brasil, ressaltando a crescente necessidade de se aumentar sua produtividade da construção civil brasileira.
"Trouxe a questão da produtividade por ela ter relação direta com o conceito dos sistemas construtivos industrializados, uma vez que eles proporcionam maior velocidade no andamento das obras e redução nos custos totais das obras, entre outros benefícios, que interferem diretamente na produtividade", afirmou Cover. "Vale observar ainda que em termos de custo final, o uso de sistemas construtivos industrializados se torna competitivo se levarmos em consideração, no cálculo final, não apenas o custo por m², mas também fatores como maior velocidade da obra, canteiros melhor organizados, redução no desperdício de materiais e menor necessidade de mão de obra, proporcionados pela industrialização", acrescenta Cover.
O palestrante ainda elencou outros benefícios da industrialização: estruturas produzidas em ambiente industrial, onde o controle de qualidade é muito mais rígido; ganhos de sustentabilidade, pois gera menos resíduos em todo o processo construtivo; além da redução no transporte de materiais para os canteiros, o que implica em menos consumo de energia e, consequentemente, menor geração de poluição. 
Em sua palestra, Cover também relacionou as principais barreiras ao maior uso de sistemas construtivos industrializados no Brasil. "Uma delas é a questão da falta de isonomia tributária entre as estruturas pré-fabricadas e aquelas montadas em canteiros. Os estudos feitos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) comprovam essa falta de isonomia. Obviamente não queremos que haja mais impostos sobre as estruturas moldadas em canteiro. Queremos sim, é uma redução da carga tributária da indústria de pré-fabricado. Para tanto, já tivemos diversos encontros com autoridades fiscais de vários Estados para levar nosso pleito e sensibilizar os governantes para o problema”, relembra o presidente da Abramat. 
 

"Esperamos que, quando houver a retomada, estejamos com outra mentalidade e outro nível de produtividade e de industrialização da construção”
Laura Marcellini, diretora técnica da ABRAMAT


Outra barreira apontada por Cover para o baixo índice de industrialização do setor está na legislação sobre a contratação de obras públicas. "Os orçamentos das licitações são todos orientados e baseados em critérios voltados para obras convencionais, o que dificulta a contratação pelo sistema construtivo industrializado", observou. Para o presidente da Abramat, é necessário ainda encontrar uma nova forma de os vários integrantes da cadeia da construção se relacionar. "Temos de reorganizar toda essa rede de relacionamentos, construtora, fornecedores e projetistas, pois a dinâmica é diferente no caso da construção industrializada", finaliza Cover.
A análise do presidente da Abramat sobre a necessidade de uma nova forma de encarar a obra do ponto de vista da industrialização foi referendada pelo empresário João Carlos Leonardi, diretor comercial da Leonardi Construção Industrializada, um dos participantes da mesa redonda promovida no evento. "Não é possível pensar na industrialização do processo construtivo somente quando o projeto já está pronto. E normalmente é o que ocorre. Na fase final da elaboração do projeto é que se vai buscar uma alternativa para saber da viabilidade da industrialização daquela obra. Se isso for feito na fase inicial, aí sim a industrialização poderá propiciar todos os seus benefícios para o empreendimento", afirmou Leonardi em sua apresentação denominada Industrialização da Construção: o mais elevado estágio da racionalização do processo construtivo.
Para Leonardi, o atual momento vivido pela industrialização no Brasil é um dos mais importantes dos últimos tempos. Prova disso, segundo ele, é que, num esforço de várias entidades, lideradas pela ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial foi lançado, no fim do ano passado, o Manual da Construção Industrializada. "Chegamos num ponto em que a industrialização da construção deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade", define Leonardi.
Durante sua apresentação, o empresário exibiu e detalhou uma série de obras em diferentes segmentos realizadas no Brasil e no exterior com uso de estruturas pré-fabricadas. Descreveu também uma obra cujo projeto executivo acaba de se aprovado e que tem o diferencial de ter sido concebido para ser executado por meio do sistema industrializado de construção. "Trata-se do Hotel Terroá, que será construído no segundo semestre de 2016 no interior de São Paulo. É um edifício de 14 pavimentos, cujo incorporador contemplou, no estudo de viabilidade financeira do empreendimento, todas as modalidades possíveis de construção e concluiu que a solução mais adequada, também financeiramente, seria a obra ser toda construída com pré-fabricado", relata. 
Além de Leonardi, também participaram da mesa redonda o professor Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, da POLI-USP, e o arquiteto Roberto Candusso, do escritório de arquitetura Roberto Candusso. O primeiro ressaltou o papel fundamental do pré-fabricado para o aumento da produtividade na construção brasileira. "Para efetivamente conseguirmos elevados níveis de produtividade é necessário conceber a obra pensando na organização do trabalho, na micrologística, no layout e organização do canteiro e também conseguir um trabalho conjunto envolvendo projetistas, engenheiros, construtoras e ainda os fornecedores de materiais. E o sistema que permite atingir plenamente todos esses aspectos é a industrialização", observa o professor Ubiraci. 
Entusiasta dos sistemas construtivos industrializados, o arquiteto Roberto Candusso falou sobre o tema: Como o processo industrial pode contribuir para a evolução da construção civil sem se tornar uma barreira para a criatividade na elaboração dos projetos arquitetônicos. Nesse contexto, chamou a atenção para as diversas obras das quais participou em sua experiência profissional de mais de 40 anos e nas quais sempre utilizou painéis de fachada e lajes alveolares, entre outras estruturas pré-fabricadas. "Em alguns casos, como edifícios residenciais ou hotéis fizemos projetos que demostravam claramente a possibilidade de compatibilizar beleza arquitetônica com rapidez na execução das obras", explicou o arquiteto, chamando a atenção para a necessidade de haver padronização dos materiais utilizados na construção. "Isso ajuda no processo de racionalização produtivo antes de termos a completa industrialização da construção", concluiu Candusso. 

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