Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 16 - abril de 2019

CENÁRIO ECONÔMICO

Perspectivas ainda incertas para retomada

O PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2018! O resultado - a mesma taxa registrada em 2017 – veio abaixo das estimativas, refletindo um terceiro trimestre mais fraco que o previsto. Ainda assim, pode-se comemorar a segunda taxa positiva consecutiva, depois do período de recessão que representou uma queda de quase 7% do PIB do país.
Por outro lado, o resultado confirma a retomada mais lenta de nossa história. Os principais vilões foram a indústria de transformação, que depois da retração severa de maio não conseguiu recuperar o ritmo anterior, e a construção civil. 
Vale notar que o resultado da construção veio pior que o esperado. Com a queda de 2,5% do PIB, a atividade passou a acumular retração de 28% desde 2014. O que significa que a subida será mais árdua.
No entanto, como se acompanhou ao longo do segundo semestre do ano passado, diversos indicadores setoriais registraram melhora, alimentando expectativas mais favoráveis para o ano de 2019. De fato, as últimas sondagens do ano passado realizadas com empresários e consumidores mostraram expectativas mais otimistas de crescimento. Na cadeia da construção esse otimismo também foi percebido.
Infelizmente, a conjuntura não tem permitido sustentar esse cenário. Em março, a Sondagem da Construção da FGV apontou queda expressiva do indicador de confiança empresarial (ICST), refletindo tanto uma percepção de negócios sobre o momento corrente mais fraca, quando uma expectativa de demanda menos otimista. A queda do ICST em março foi a maior desde de junho do ano passado, quando a pesquisa registrou o desânimo que se seguiu à greve dos caminhoneiros.
O que teria mudado em tão pouco tempo?
Vale lembrar que o ciclo de atividade da construção é bastante longo. Ou seja, demora para iniciar, mas uma vez que começa, se mantém por um período que, em geral, vai além de um ano. Assim, o ciclo de negócios fechados em 2018, especialmente no mercado imobiliário, deve se refletir nos indicadores ao longo de 2019. Ou seja, o aumento dos lançamentos e das vendas registados pelas pesquisas de mercado irá se refletir em mais empregos e renda. 
De fato, nos dois primeiros meses do ano, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que o saldo de contratações foi bastante superior ao registrado no mesmo período do ano passado (mais que o dobro). A dinâmica positiva do emprego que começou a prevalecer ao longo do segundo semestre de 2018 se acentuou nesses primeiros meses do ano.  
É importante notar que o governo iniciou o ano realizando contingenciamento do Orçamento da União, o que afetou a liberação dos recursos para o Programa Minha Casa Minha Vida. Há muitas incertezas sobre a continuidade do programa. Por outro lado, o sucesso dos leilões dos aeroportos e portos realizados nos primeiros meses mostrou o potencial de crescimento da infraestrutura. Vale notar que eles não terão impacto no setor em 2019. 
No plano macroeconômico, a recuperação do emprego e renda continua em ritmo muito lento, levando já nesse início do ano as revisões para baixo do crescimento da economia. O último boletim Focus do Banco Central, divulgado em 25 de março apontou crescimento de 2% para o PIB. Na última semana do ano passado, a previsão estava em 2,55%. Para a construção, a projeção da FGV para o PIB de 2019 se mantém positiva, em 2%.
Enfim, o crescimento que se vislumbra continua distante de nossas necessidades, o que arrefece o ânimo empresarial, além disso, o cenário político tem sido mais turbulento do que se esperava. É cedo para antever uma inflexão definitiva da melhora, mas a queda na confiança acende uma luz amarela sobre a retomada dos investimentos.

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