Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 17 - julho de 2019

PONTO DE VISTA

Planejamento de rigging é vital para a segurança dentro dos canteiros com obras em pré-moldado de concreto

  • A compatibilidade do valor máximo da carga a ser içada com a capacidade bruta da tabela do guindaste;
  • A localização do centro de gravidade;
  • O motão para a carga máxima a ser içada;
  • O maior raio de operação a ser aplicado na operação mais crítica;
  • O alcance máximo da lança necessária à operação mais crítica;
  • O comprimento máximo do cabo de aço necessário à operação mais crítica;
  • O recurso tecnológico que o guindaste oferece;
  • O tipo de transportador adequado, se sobre pneus ou esteira;
  • A capacidade do solo em suportar as pressões geradas pelo guindaste e pela carga;
  • A capacidade dos olhais de içamento e a resistência da peça em suporta-los e
  • O estudo das condições climáticas e de iluminação.

É importante que o equipamento possua, no mínimo, as tecnologias embarcadas: limitador de momento de cargas – LMI, inclinômetro com controle de nível em dois eixos (x, y), indicador luminoso e sonoro, sirene, indicando desnivelamento, anemômetro, operação a distância por controle remoto sem fio.
Quais são os principais cuidados que devem ser tomados em relação ao layout do canteiro, por exemplo? 
Primeiramente, o solo deve ser nossa grande preocupação, depois temos que nos preocupar com as interferências visíveis e invisíveis (rede elétrica, postes, muros, edificações, tubulações enterradas, envelopes elétricos e etc.), a posição estratégica do canteiro também é importante para dar agilidade às ações operacionais. Quanto mais perto da área operacional, mais fácil é a realização de intervenções no guindaste. As vias de acesso do guindaste no canteiro devem ser planejadas para atender a logística do guindaste da obra.
Quais são os maiores desafios por trás da montagem e operação desses equipamentos em obras com pré-moldado de concreto? 
Normalmente o maior desafio é mesmo o solo, as construtoras costumam investir pouco na preparação da área de patolamento ou na colocação das esteiras. Outra preocupação é com o vento, içar painéis com área vélica considerável, acima de 10m de altura, já é motivo de análise de velocidade de vento. Tão importantes quanto estes desafios, são também a logística e a mão de obra qualificada.
Quais são as condições necessárias para operação segura de um equipamento de içamento de cargas?
Uma operação segura com guindaste depende de três variáveis: planejamento, pessoas e equipamento.
O planejamento é indispensável em todas as operações, em especial, para a segurança versus custos. Ele deve abranger todo o processo, inclusive a logística, que promove o deslocamento da máquina do ponto de partida até o local de operação e depois, a sua desmobilização. Assim, toda operação deve ser planejada, desde os casos mais simples, cujo formulário com valores de carga, configuração do guindaste, capacidade tabelada e acessórios, pode ser suficiente, até os casos mais complexos, no qual é necessário um plano de Rigging, que deve ser feito por um profissional legalmente habilitado e capacitado, preferencialmente certificado por uma entidade independente. 
A equipe que atua na operação de içamento é também fundamental. Geralmente, ela é composta por um supervisor de movimentação de cargas, um operador para cada equipamento e o sinaleiro amarrador. Todos esses profissionais devem estar capacitados corretamente e, preferencialmente, certificados por organismo independente, que comprovem suas habilidades e competências. Eles precisam ter pleno conhecimento de suas responsabilidades e atribuições. É importante alertar que a área da operação é restrita a essa equipe e não deve ser acessada por outros profissionais, a não ser que seja necessário para a estabilização da peça ou finalização da operação. Cada componente da equipe deve a todo instante verificar os riscos a que está submetido, e qual a situação de risco de seus companheiros.
No caso do equipamento, é de extrema importância o dimensionamento correto da máquina. E, além disso, as manutenções devem ter sido rigorosamente executadas para assegurar o bom estado de seu funcionamento.
Que cuidados devem ser tomados para maximizar a produtividade?
Manutenção dos guindastes em dia, área de trabalho preparada, uso de acessórios e dispositivos de içamento são essenciais para aumentar a eficiência da operação. A configuração do guindaste definida pelo fabricante informa qual é a carga estática que pode ser içada a certa distância. Todas as condições que afetam esse princípio reduzem a capacidade de içamento e como consequência diminuem a produtividade e elevam o risco. Assim, uma prática cada vez mais presente é planejar operações que atinjam no máximo, entre 80% e 90% da capacidade tabelada e, para operações acima dessa porcentagem, deve ser feito um acompanhamento rigoroso.
Como está a capacitação de mão de obra no mercado de equipamentos para construção, em especial, na área de içamento de cargas e pessoas?
A capacitação da mão de obra ainda está aquém do necessário. Infelizmente muitas empresas ainda consideram a capacitação de seus colaboradores como uma “despesa”. Esquecem-se de que o colaborador treinado aumenta a produtividade, reduz os custos de manutenção, diminui a ocorrência de sinistros e pode gerar desconto na apólice de seguros. Por incrível que possa parecer, temos empresas que mesmo investindo em equipamentos de última geração, negligenciam a capacitação de seus colaboradores.
Na Sobratema, um dos nossos pilares é o trabalho na capacitação profissional das pessoas que atuam no mercado de equipamentos para construção. Por isso, em 2001, foi fundado o Instituto OPUS de Capacitação Profissional, que já formou mais de nove mil colaboradores para mais de 600 empresas no Brasil e no exterior. Entre os cursos do Opus ligados à área de movimentação de cargas estão Formação de Rigger, Supervisor de Rigging, Sinaleiro Amarrador e Formação de Operadores de Guindastes, Grua, Pontes Rolantes e Pórticos. Esses cursos fornecem conhecimento técnico, teórico e, em alguns casos, prático, seguindo as especificações das Normas Brasileiras de Recomendação (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho (NR), visando capacitar adequadamente o profissional para as situações regulares e diferenciadas de trabalho. 
Além disso, há ainda uma parceria com a Associação Brasileira de Ensaios Destrutivos e Inspeção (Abendi) disponibilizando a certificação de 3ª parte (independente) para profissionais que atuam no segmento de içamento e movimentação de cargas (Rigger, Supervisor de Rigging, Sinaleiro Amarrador, Operadores de Guindastes, Gruas, Pontes Rolantes e Guindautos). Esta certificação segue os preceitos da ISO/IEC 17024 – Avaliação da conformidade que tem como objetivo a total segurança da operação – pessoal, equipamentos e materiais – de acordo com os padrões estabelecidos pelas normas regulamentadoras.
Como o Sr. analisa a questão da Construção 4.0 no Brasil?
A Construção 4.0 é um caminho sem volta e representa um passo importante a ser dado pela cadeia produtiva no país. Alguns fundamentos, como simulações de projetos em 3D, rastreabilidade dos materiais e gestão de projetos com software, já podem ser vistos no Brasil, sendo utilizados para aumentar a produtividade, a qualidade e a eficiência em uma obra. Especificamente no segmento de equipamentos para construção, alguns fabricantes já adotam tecnologias e processos da Indústria 4.0, possibilitando melhorar a eficiência e a produção.
Como o Sr. avalia a iniciativa da Abcic em lançar um manual de montagem para obras com estruturas pré-fabricadas de concreto?
O lançamento desse manual de montagem é uma iniciativa pioneira e uma ação extremamente importante para o segmento porque será uma referência para todos os tipos de obras que utilizam o pré-fabricado de concreto. Certamente, esse material contribuirá para a execução de uma obra mais sustentável, com menor geração de resíduos, um canteiro mais organizado, contribuirá também para garantir a segurança de todas as operações envolvendo o sistema construtivo, bem como trará informações técnicas relevantes para o planejamento de Rigging das empresas e para a formação e capacitação de profissionais que atuam no setor.
O Sr. é um dos membros do Júri do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto. Poderia fazer uma avaliação sobre a importância da premiação para o setor da construção?
O Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto ressalta a importância do pré-fabricado de concreto para a construção no Brasil. A cada edição, recebemos projetos complexos e interessantes que mostram como essa indústria já está preparada para atender os mais diversos desafios impostos tanto pelo segmento da infraestrutura como pela área imobiliária. Isso dificulta – no bom sentido – o trabalho do Júri, que precisa definir o Vencedor, os Destaques e as Menções Honrosas. Em diversas edições, essas definições foram alcançadas com diferenças mínimas nas pontuações, o que demonstra o alto nível técnico e de qualidade do sistema construtivo fornecido pelas fábricas e aplicados no país.
A Sobratema é uma associação com estreita relação de parceria com a Abcic. Qual sua opinião sobre as ações da entidade no estimulo da maior industrialização da construção civil?
A Abcic tem realizado um trabalho proativo e exemplar para divulgação e disseminação dos conceitos da industrialização em concreto no Brasil e no exterior. A Sobratema reconhece e apoia institucionalmente todas as iniciativas da Abcic, por entender seu papel protagonista nessa industrialização e o que ele representa para o segmento da construção. Além disso, participamos de ações conjuntas como a participação no Conselho e no Departamento da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), entre outras.
 

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