ESPAÇO EMPRESARIAL
Aquiles Gadelha Ponte
Diretor da T&A Pré-Fabricados
Nos últimos anos a pré-fabricação de concreto tem conquistado participação de mercado em diversos segmentos, tais quais: edificações de múltiplos pavimentos, obras rodoviárias e ferroviárias, portos, arenas esportivas, aeroportos, torres eólicas, metrôs, prédios residenciais, dentre outros. Esse processo tem ocorrido de forma natural pela crescente demanda por construções “industrializadas”, em que há redução do número de colaboradores, menor exposição às incertezas, gestão facilitada, prazos mais curtos, maior eficiência energética e menor impacto ambiental, redução de custos e, finalmente, maior qualidade final. Porém, devido à longa crise econômica que atravessamos nos anos recentes, a indústria sofreu um revés no ritmo de obras e, consequentemente, na realização de investimentos. Em contrapartida, houve um aumento de eficiência pela necessidade de se reinventar.
Como no momento atual o desemprego é uma das maiores preocupações do novo governo e a construção civil, de uma forma geral, é o setor que tem maior potencial de contratação imediata, existe uma expectativa de que ele seja prioritário. O grande entrave, contudo, está na falta de recurso da União. Será necessário investimento privado que, por sua vez, requererá um ambiente favorável, em que haja segurança jurídica, planejamento e crédito facilitado a juros acessíveis.
Após a Lava Jato e seus desdobramentos, entendo que as empresas de médio porte deverão ter um papel ainda maior que no passado, reforçando a necessidade dessas condições prévias para investirem. Com a aprovação da Reforma da Previdência e a melhora fiscal, teremos um ambiente propício à retomada de todo o setor, mas acredito que de forma gradual para os próximos dois anos.
Vejo também a pré-fabricação em concreto tendo um papel de protagonismo ainda mais intenso nessa retomada, dando, assim, continuidade ao que já vinha ocorrendo pré-crise. Isto porque uma de suas maiores vantagens é a menor exposição às incertezas e gestão por parte do cliente, como redução da mão-de-obra direta, garantia de preço final, prazos e qualidade comprovada, que são pré-requisitos imperativos em tempos de crise.
Além disso, a melhoria da produtividade na construção só virá com o crescimento da industrialização, por meio da qual, cada vez mais, as construtoras se tornarão montadoras, como ocorreu no setor automobilístico. Adicionalmente, como a indústria tem maior capacidade de incorporar novas tecnologias, o setor dará um grande salto de eficiência por meio do uso de novíssimas tecnologias, como o BIM, IoT (Internet of Things), Realidade Virtual, uso de drones e impressoras 3D, dentre outras.
Nesse sentido, a ABCIC tem prestado um papel fundamental para toda a construção nacional e não apenas para a indústria de pré-fabricados de concreto, pois é por meio dela que temos maior oportunidade de conhecer novas tendências e tecnologias já difundidas em outros países. Além disso, como Associação, a aproximação e troca de informações técnicas com os diversos segmentos envolvidos em nosso setor, como projetistas de estruturas, fornecedores de materiais e arquitetos, são facilitadas e realizadas de uma forma ampla e coordenada, atendendo às diversas demandas do nosso mercado. Concomitantemente, a troca de informação entre as indústrias de pré-fabricados e a criação do Selo de Excelência Abcic nivela positivamente o setor. Para exemplificar, já existem diversas empresas de estruturas de concreto pré-fabricado no Brasil que estão utilizando o BIM, concreto de ultra alto desempenho, concreto com fibras e concreto autoadensável.
Acredito em um futuro muito promissor para a indústria do pré-fabricado de concreto, que tem conquistado novos mercados a cada dia e atendido às crescentes demandas de um mercado cada vez mais competitivo.