DE OLHO NO SETOR
Laura Marcellini e Thomas Diepenbruck, membros do Advisory Board da Smart.Con, trazem sua avaliação sobre a inovação, indústria 4.0 e digitalização e o contexto da industrialização nessa tendência
A pré-fabricação, tanto em concreto como em outros materiais, apesar de não ser algo novo, incorpora diversos fatores que a tornam um processo enxuto e confiável, uma vez que preconizam a produção em série, de forma padronizada. Por ser um processo industrializado, que permite a utilização do BIM (Building Information Modeling), está totalmente alinhado com a tendência de digitalização da construção. Essa avaliação é do engenheiro Thomas Diepenbruck, superintendente técnico de Engenharia e Inovação da HTB e membro do Advisory Board da Smart.Con, uma conferência e exposição inéditas para a indústria da construção no Brasil, e que tem como seu principal objetivo criar uma plataforma de disseminação de conhecimentos, novas tecnologias e inovação para os setores de Engenharia, Infraestrutura, Real Estate e Rental.
Dentre os principais benefícios do sistema construtivo, ele destaca o detalhamento de todo o projeto executivo antes de iniciar a execução da obra, o que evita decisões tempestivas no canteiro de obras, menor efetivo de mão de obra necessário, menor desperdício e risco de desvios de materiais, menor necessidade de área para estocagem de materiais e menor geração de resíduos. “Ele permite a fabricação dos elementos em ambiente controlado, desse modo, não estando sujeito às intempéries, maior qualidade dos elementos, com menor variação dimensional e melhor controle da execução e a redução de prazos de execução quando comparados com estrutura in-loco”.
Segundo Diepenbruck, a HTB aplica, há muito tempo, a pré-fabricação em concreto em diversas obras, tanto no segmento industrial quanto, mais recentemente, em centros de distribuição, nos quais tem sido um forte competidor nos últimos anos. Alguns dos projetos mais recentes citados por ele são a ampliação da fábrica de fertilizantes da Yara em Rio Grande (RS), edifício garagem para a Fraport, no aeroporto de Porto Alegre (RS), fábrica de papel e celulose da Bracell, em Lençóis Paulista (SP) e o centro logístico CA35 para GTIS Partners em Cajamar (SP).
Thomas Diepenbruck, da HTB: “Um dos benefícios da industrialização em concreto é o detalhamento de todo o projeto executivo antes de iniciar a execução da obra”
Na avaliação de Laura Marcellini, diretora técnica da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) e membro do Advisory Board da Smart.Con, a industrialização pode agregar muitos benefícios ao setor, na medida em que contribui para elevação da produtividade, redução de prazos das obras, redução de geração de resíduos, melhoria do controle e da qualidade final da obra, boas condições de emprego aos trabalhadores, entre tantos outros. “A pré-fabricação em concreto oferece soluções técnicas muito versáteis para a produção industrializada de diversas partes das edificações e que é aplicada a diferentes tipos e finalidades de obras como obras industriais, comerciais, habitacionais e de infraestrutura”.
A Abramat tem liderado diversos movimentos em prol da industrialização na construção, com a participação ativa e constante da Abcic. Desse modo, Laura explica que pela entidade representar 22 segmentos da indústria, com presença em diferentes canais de representação, é necessário catalisar as muitas sinergias existentes entre eles, no qual as experiências podem ser somadas, otimizando o resultado final para todos os envolvidos. Um exemplo disso é o Edital lançado pelo Ministério da Economia com relação justamente à meta relacionada à Construção Industrializada, com a participação de outras 10 entidades, incluindo a Abcic.
Sobre a indústria 4.0, o tema, segundo Laura, tem várias interfaces e oportunidades na cadeia produtiva da construção. Do lado das indústrias de materiais, componentes e sistemas construtivos, os avanços na aplicação de tecnologias da Indústria 4.0 são crescentes nos processos de produção, “portas a dentro” das fábricas. Na atividade de construção propriamente dita, são evidentes os avanços no uso de BIM desde as etapas de concepção e projeto e também no planejamento, controle de execução das obras, orçamentos e suprimentos, até o uso nas fases de uso/operação e manutenção das obras, e sua integração com outras tecnologias e ferramentas.