Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 6 - dezembro de 2015

PONTO DE VISTA

Pré-fabricado no Brasil destaca-se pela alta qualidade e importância da certificação

Vencedor do fib Outstanding Concrete Structure Award em 2014, na categoria Edificações um dos prêmios mais importantes na engenharia de concreto no mundo, o hotel Bella Sky teve como engenheiro de estruturas responsável o dinamarquês Kaare K. B. Dahl, gerente sênior de projetos na área de estruturas de concreto da Ramboll, empresa de engenharia e consultoria com atuação global, em especial na Europa, fundada em 1945, na Dinamarca. 


Com uma carreira bem-sucedida e reconhecida internacionalmente, Dahl iniciou sua trajetória há 31 anos na Ramboll, na área de programação de software, e atualmente, têm trabalhado em alguns dos maiores projetos da empresa. Entre os principais projetos  da sua carreira estão: Copenhagen Zoo; The Seed Silos em Copenhagen; The Bella Sky Hotel e Niels Bohr Building.
Em entrevista à Industrializar em Concreto, destaca a importância da certificação e da qualidade no segmento de pré-fabricados de concreto e mostra como o segmento tem um potencial de crescimento no Brasil, uma vez que na Dinamarca cerca de 80% da construção é feita com essa solução de engenharia. Ele também conta como foi sua experiência no país, a visita a Universidade de São Paulo em São Carlos, ao NETPRE - Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto, da Universidade Federal de São Carlos, e a uma indústria de pré-fabricado no interior de São Paulo.
Na sequência, confira os principais pontos abordados por ele:
Após uma semana no Brasil, como vê o desenvolvimento do setor, especificamente da indústria de pré-fabricados no país?
O Brasil é um país com um grande potencial de desenvolvimento, a industrialização da construção é de fundamental importância no que diz respeito à evolução, pois está diretamente ligada com os conceitos de produtividade e qualidade. Visitei uma indústria local e acompanhei a linha de produção observando que a inspeção está presente em todas as fases do processo. Há um rigor desde a os materiais componentes do concreto, as dosagens, a utilização do concreto e também na confecção das armaduras. Tudo isto é fundamental. Olhando o produto final sabemos muitos detalhes de como ele foi executado, o alto nível de qualidade requerido é perceptível. Dentre os elementos produzidos, lajes alveolares, pilares, painéis e vigas, um dos quais penso que o Brasil deveria avançar são nos painéis estruturais. Usamos muito na Dinamarca, pois é possível utilizar materiais isolantes no seu interior possibilitando um maior conforto térmico aos usuários, na medida em que reduzem em parte a necessidade de outras fontes de energia para promover calor, o que em nosso inverno rigoroso é fundamental, mas recursos podem ser usados tanto para o frio como para o calor, reduzindo o consumo energético de aquecimento e resfriamento dos ambientes.  
 

Qual sua opinião sobre a adoção de uma certificação, como o Selo de Excelência Abcic?
Na Dinamarca, assim como nos países europeus de uma forma geral, só é permitido o uso de elementos estruturais certificados. O motivo dessa exigência é que precisamos ter certeza de que o fornecedor tem um controle de qualidade criterioso e que observa os requisitos e normas aplicáveis e acima de tudo que este controle seja avaliado por uma assessoria independente. O setor aqui no Brasil está no caminho certo, porém é necessário que os consumidores exijam esta prática. 
 

Qual sua opinião sobre o trabalho desenvolvido nas universidades que visitou?
Tive uma conversa muito boa no NETPré com o Professor Marcelo e vi que sua equipe desenvolve pesquisas muito interessantes. Especialmente com os consolos, ele mostrou que as ligações nestes elementos melhoram muito com o suporte químico. Essa é uma pesquisa muito válida e muito precisa. É necessário sempre que o resultado das pesquisas seja comunicado ao mercado de uma forma clara, às vezes a linguagem do meio acadêmico não revela, o quanto uma pesquisa pode ser aplicada na prática.
Já na USP, também em São Carlos, além de visitar o laboratório, tive a oportunidade de ministrar uma aula para os alunos da pós-graduação que é coordenada pelo Prof. Mounir. Há comprometimento no trabalho que ele e a Professora Ana desenvolvem lá. Os alunos, de um nível muito bom, demonstraram bastante interesse e tivemos um espaço para debates e esclarecimentos. São Carlos, sem dúvida, se constitui num importante núcleo de apoio à indústria. A pesquisa e o desenvolvimento são vitais para que o setor possa se desenvolver ainda mais.
 

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