INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Projetos voltados para a mobilidade urbana reforçam o decisivo papel das estruturas pré-fabricadas de concreto na ampliação e construção de terminais rodoviários urbanos, que demandam qualidade e rapidez na execução
Considerado a mais eficiente forma para desafogar o transporte coletivo nos grandes centros urbanos do país, os sistemas formados por corredores de ônibus rápidos, os chamados BRTs (Bus Rapid Transit), têm demandado a ampliação e a modernização de terminais rodoviários urbanos em várias capitais do país, com a vantagem de obter um aumento na velocidade de execução das obras na comparação a outras modalidades de transporte. Em razão disso, vem ganhando espaço na estratégia de viabilização dessas obras, a utilização de sistemas construtivos que possibilitam rapidez, eficiência, racionalização construtiva com estética arquitetônica.
Nesse contexto, o pré-fabricado de concreto passou a ser a alternativa preferida nos vários projetos já executados ou em andamento em diversas partes do país. Uma característica do sistema, que atende perfeitamente as exigências desse tipo de obra, é a agilidade que ele propicia à execução das obras e que é tão necessária em empreendimentos cujos cronogramas preveem rápida conclusão.
Esse foi exatamente o caso do BRT implantado em Belo Horizonte e região metropolitana, batizado de Move pela Prefeitura de BH. Em três terminais, dos 10 previstos para ser construídos, e que, quando concluídos devem transportar aproximadamente 700 mil pessoas por dia, foram utilizadas estruturas pré-fabricadas de concreto. “A utilização dos pré-moldados auxiliou no cumprimento do prazo estipulado: inaugurar o Terminal São Gabriel, que faz parte do novo sistema, antes da realização da Copa do Mundo do Brasil”, diz Rodrigo Louzada, engenheiro da Constran.
Além disso, alguns desafios foram vencidos durante a realização da obra. Um deles foi o que envolveu a complexidade da estrutura para a colocação da cobertura do Terminal São Gabriel, uma vez que ela teria de suportar ventos que naquela região costumam exercer uma carga com valores acima da média. Os engenheiros tiveram de reproduzir um protótipo da cobertura do terminal que foi submetido a testes em túnel de ventos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “O estudo permitiu identificar os pontos nos quais a estrutura era mais exigida e estimar com maior precisão as cargas de ventos”, explica o engenheiro. Segundo ele, esses dados auxiliaram no dimensionamento dos blocos de fundações e montagem da estrutura de modo a garantir a segurança e integridade do terminal.
Outro ponto que acabou gerando grande estresse na execução da obra foi o risco de sua conclusão coincidir com o período das chuvas, o que implicava em mais um desafio, exigindo que a terraplanagem do empreendimento fosse adiantada ao máximo. Dessa forma, enquanto a Constran fazia as fundações, os pré-moldados eram fabricados pela Premo, empresa encarregada de fornecer as estruturas, o que acelerou o processo e reduziu a necessidade de mão de obra para execução do empreendimento.
Além das estruturas para o Terminal São Gabriel, a Premo também forneceu para as estações de integração nos municípios de Sarzedo, Vespasiano e Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os terminais de integração são estruturas compostas de pilares e vigas pré-fabricadas, com seções especiais para atender a arquitetura. As vigas que recebem a cobertura metálica, em duplo balanço, são curvas e foram projetadas com seção variável de modo a reduzir a excentricidade de peso próprio permanente, uma vez que as mesmas se apoiam sobre vigas-calha na região de apoio destas e também no vão e balanços.
Segundo explica o engenheiro Francisco Celso Silva Rocha, da Premo, e que foi o responsável técnicos pela parte dos pré-moldados, foi necessário executar as ligações solidarizadas no canteiro em virtude dos esforços desbalanceados de sobrecargas e vento, nas ligações viga-viga, além da ligação pilar-viga-viga. “Estas estruturas mostram a flexibilidade dos pré-fabricados no atendimento de estruturas de arquitetura diferenciada com atendimento de prazos e desempenho econômico”, explicou o engenheiro.
No caso do Terminal São Gabriel, ele foi erguido com colunas pré-fabricadas de diâmetro de 100 cm e consolos ou dispositivos para interligação com cobertura metálica e elementos de contraventamentos e balanços metálicos. Na região das plataformas do terminal, as estruturas foram executadas com vigas de seção I e lajes alveolares de piso e com interligação com a cobertura metálica. A estrutura conta ainda com passarelas e escadas também pré-fabricadas em concreto. O volume total de pré-fabricado empregado na construção dos terminais foi de 2422,24 m³.
MOBILIDADE URBANA DEVE ESTIMULAR OBRAS
Além dos 13 terminais de ônibus construídos na região metropolitana de Belo Horizonte, várias outras capitais têm em obra ou projetados sistemas de transportes semelhantes. O do Rio de Janeiro, cuja construção está sendo iniciada, terá 30 quilômetros de extensão, ligará Deodoro, na Zona Oeste, até o Centro do Rio, contará com quatro terminais e 28 estações. No primeiro trecho, que ia de Deodoro até o Caju, serão investidos R$ 1,4 bilhão. Quando concluído, o BRT Transbrasil, a previsão é que nele circularão cerca de 820 mil passageiros por dia. Ainda no Rio, já entraram em operação algumas estações do BRT Transcarioca, que ligará a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador.
Todos esses projetos de BRTs fazem parte de uma grande soma de investimentos na área de transportes previstos para os próximos anos. Segundo a mais recente edição da pesquisa Principais Investimentos em Infraestrutura no Brasil até 2019, encomendada pela Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, o segmento de transporte absorverá a maior parte do total de investimentos previstos para as áreas de infraestrutura brasileira até 2019, um volume estimado em R$ 1,17 trilhão. Desse total, nada menos que R$ 438,4 bilhões serão destinados a obras de transporte. Os modais que concentram
os maiores montantes, segundo o
levantamento, são ferrovias, com 38,3%, os portos e hidrovias, com 21,1% e as rodovias, com 17,6%.