Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 29 - setembro de 2023

ARTIGO HISTÓRICO

Profissionais idealistas impulsionaram o desenvolvimento da pré-fabricação no Brasil

No entanto, o grande impulso para a aplicação sistemática do concreto pré-moldado ocorreu ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a Europa precisou ser reconstruída. A necessidade de construção em larga escala de prédios públicos, residenciais e industriais, a escassez de mão de obra e de materiais, e o desenvolvimento da protensão demandaram o uso intensivo do sistema de concreto pré-fabricado, em razão de sua alta produtividade (DONIAK; GUTSTEIN, 2022). A viabilização dessa construção industrializada na Europa teve início com o anúncio do Plano Marshall, em 1947, que visou beneficiar com auxílio financeiro, envio de maquinário e mão de obra especializada os países ocidentais europeus, aliados dos Estados Unidos.

Em 1951, o governo francês estabeleceu um plano para construção de mais de 10 mil unidades habitacionais até 1956, o que levou à produção em série de painéis de concreto e escadas na construção dos conjuntos habitacionais. Vale destacar os conjuntos Les Courtillières, projetados por Emile Aillaud e George Contenot, em 1954.

Financiadas pelo Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon), patrocinado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), as políticas habitacionais dos países do Leste Europeu promoveram edificações de baixo custo de até cinco pavimentos com a pré-fabricação de concreto, para as quais foram desenvolvidas fábricas para produção de painéis de concreto adaptadas para um rápido cronograma de montagem. Somente em Moscou foram construídas cerca de 64 mil unidades habitacionais com esta tipologia (Silva, 2020). 

Fábrica de concreto pré-fabricado. 

Nesta primeira fase de desenvolvimento dos pré-moldados, que vai de 1950 a 1970, os edifícios eram construídos com elementos pré-fabricados de um mesmo fornecedor, constituindo-se num ciclo fechado de produção. Sua justificativa era a produção massiva de elementos construtivos padronizados e repetitivos para reduzir custos e tempo de construção.

Pilar de concreto pré-fabricado montado com bate estaca. 

Desde 1980, o sistema de pré-fabricação de concreto ganhou flexibilidade, tanto em termos arquitetônicos (o uso da obra determina a modulação e adequação dos elementos estruturais), logísticos (diferentes componentes da obra podem ser fornecidos por diferentes empresas) e das interfaces da pré-fabricação com outros sistemas estruturais e etapas construtivas.

Em razão dessa reformulação do sistema de pré-fabricação, ele passou a ser aberto.

“A pré-fabricação em concreto, aberta e versátil, constitui inúmeras possibilidades, especialmente com tantos recursos de informação e tecnologia disponíveis hoje”, comenta Doniak.

Por sua vez, a incorporação da protensão em alguns elementos de concreto pré-fabricado trouxe mais vantagens a esse sistema construtivo. A protensão consiste em incorporar ao concreto ainda no estado fresco fios de aço tracionados, que, após o concreto endurecer, são liberados para exercer tensões de compressão no interior da peça de concreto (sistema com pré-tensão). Com a tecnologia, as peças de concreto tornam-se mais rígidas e esbeltas, com maior capacidade portante, e com menor número de fissuras.

Esses parâmetros se traduzem em peças pré-fabricadas mais leves, com menores seções e que podem ter grandes dimensões, mais econômicas, por consumirem menos materiais, mais fáceis de manusear, armazenar, içar e transportar, com melhor acabamento e maior durabilidade.

Pré-fabricação no Brasil

Nós usamos cookies para compreender o que o visitante do site Industrializar em Concreto precisa e melhorar sua experiência como usuário. Ao clicar em “Aceitar” você estará de acordo com o uso desses cookies. Saiba mais!