Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 29 - setembro de 2023

ARTIGO HISTÓRICO

Profissionais idealistas impulsionaram o desenvolvimento da pré-fabricação no Brasil

Edifício da Unidade de Ensino e Docência no Campus da Universidade de Brasília. CEPLAN. 

Iniciado em 1962, o CRUSP deveria ficar pronto para alojar os atletas dos Jogos Panamericanos de 1963.  A firma Ribeiro Franco propôs o sistema de pré-fabricação em concreto para cumprir os prazos. Mas, o FUNDUSP, responsável pela obra, desconfiou da novidade e dividiu a execução entre duas empresas – a Servix construiria seis prédios pelo sistema tradicional e a Ribeiro Franco, outros seis prédios pelo sistema de pré-moldados.

O sistema construtivo com pré-moldados empregou lajes nervuradas, vigas em seção T, com vazios no miolo e um sistema misto de enrijecimento da estrutura, com solda da ferragem dos pilares e rejuntamentos de concreto. No conjunto dos seis prédios foram fabricados 1092 pilares, 546 vigas e 2016 painéis de lajes nervuradas.

O ciclo de produção de cada peça foi de 22 h, considerando concretagem, cura térmica, desforma e transporte para o local da montagem. A montagem de um pavimento poderia ser feita em 28 h por uma equipe de sete operários e um guindaste.

Como a Ribeiro Franco não possuía experiência com pré-moldados, os edifícios executados pelo sistema tradicional ficaram surpreendentemente prontos antes. Um dos motivos foi a disposição dos edifícios que dificultou a locomoção dos guindastes de torre, com capacidade para içar peças estruturais de até três toneladas. Outro foi o baixo aproveitamento das fôrmas metálicas. Junte-se a isso, a falta de experiência da firma e da mão de obra utilizada. A despeito dos edifícios pré-moldados terem sido entregues depois dos moldados no local, o tempo de construção foi recorde, com redução de 40% na quantidade de homens por hora em comparação com o sistema convencional (VASCONCELOS, 2016).

Outro marco da construção industrializada no Brasil no período foi a Refinaria Pasqualini (REFAP), em Canoas, no Rio Grande do Sul, projetada pelos arquitetos Carlos Fayet, Cláudio Araújo, Moacyr Moojen e Miguel Pereira. A solução adotada nos pavilhões foi de estruturas porticadas pré-moldadas e sistema de cobertura composto por um vigamento com espaçamento modular. As ligações foram feitas por meio de encaixes, parafusos e apoios simples e considerou sua flexibilização para substituições e adaptações futuras.

Um dos prédios do Conjunto Residencial da USP, maio de 2010.

O período de 1960 a 1980 representa a fase de experimentação e estímulo do uso de pré-moldados no Brasil. Ele acontece muito por conta da iniciativa de arquitetos e engenheiros comprometidos com os princípios da industrialização da construção, que viam nela uma oportunidade para atender às principais demandas construtivas das cidades. Ademais, a vinda de grupos multinacionais da indústria e do varejo, com cronogramas de obras que consideravam os sistemas de seus países de origem, só podiam ser viabilizados com a industrialização.

É por conta desses idealizadores que surgem as primeiras empresas de pré-fabricados de concreto no país, como a Cinasa (Construção Industrializada Nacional), em Brasília, a Engefusa (Engenharia de Fundações), no Rio de Janeiro, a Protendit, em São Paulo, a Precon, em Minas Gerais, e a Cassol Pré-Fabricados, em Santa Catarina.

Algumas delas já não existem mais. Outras já passaram dos cinquenta anos de existência. Os vínculos entre as histórias dessas últimas e a história cinquentenária do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) serão explorados a seguir.

Protendit (65 anos)

Entusiasmado com as aulas sobre concreto protendido com o Prof. Hubert Rüsh na década de 1950, que foi seu orientador no doutorado na Alemanha, Augusto Carlos de Vasconcelos voltou ao Brasil, em 1955, com a ideia de fundar uma empresa de pré-moldados de concreto.

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