ARTIGO HISTÓRICO
A vinda de indústrias multinacionais no final da década de 1970 contribuiu também para o uso mais intensivo da pré-fabricação no Brasil, pois “os estrangeiros não admitiam levar muito tempo para construir suas fábricas e exigiam rigoroso nível de qualidade”, conta Felipe Cassol.
É deste período, a execução de um conjunto de edifícios habitacionais, no bairro Kobrassol, que inicialmente era um loteamento com participação do grupo, para o qual a Cassol forneceu painéis auto-portantes de parede dupla. Mais recentemente uma avaliação feita nos edifícios constatou não haver manifestações patológicas 40 anos depois.
Após uma viagem de Murilo Cassol, filho de Adroaldo, à Finlândia, no final dos anos 1980, onde conheceu e adquiriu, numa feira, máquinas que produziam lajes alveolares por extrusão, a Cassol equipou sua fábrica em São José e inaugurou outra fábrica em Araucária, no Paraná, de maneira que as lajes alveolares em concreto protendido passou a ser o principal produto da empresa.
A implementação de pistas com as máquinas extrusoras requereu um estudo da curva granulométrica dos agregados a serem usados no concreto, para assegurar a qualidade das lajes e o menor desgaste dos equipamentos. “Este desenvolvimento contou com o apoio técnico da Votorantim, por meio da Cimento Rio Branco e da Enga. Íria Doniak, que à época era assessora técnica na Votorantim Cimentos”, explica Felipe.
Íria Doniak, hoje presidente-executiva da ABCIC, posteriormente através de sua empresa, participou como consultora da gestão de Murilo Cassol como presidente da Cassol Pré-Fabricados, durante o plano de expansão da indústria, estruturando os processos, P&D e laboratórios das fábricas. Este trabalho possibilitou importante apoio à estruturação do Selo de Excelência ABCIC junto à entidade, que contou com um comitê das empresas associadas, da atualização da norma técnica ABNT NBR 9062, então datada de 1987 e da consultoria do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações).
Felipe enfatizou a importância do controle e desenvolvimento tecnológico do concreto para a indústria de pré-fabricados, “que é por onde passa a competitividade do sistema construtivo, para liberar as peças das fôrmas ou da protensão em tenra idade, às vezes com menos de 24 horas, com 21 MPa” de acordo com as altas exigências normalizadas. “É necessário um controle bem estruturado para implementação dos concretos especiais e, em especial, do UHPC (concreto de ultra alto desempenho), que nos permitirá produzir estruturas mais leves, de fundamental importância considerando a logística do nosso sistema. Além disso, temos muitas peças em concreto aparente que, juntamente com os misturadores de alta eficiência e automação das centrais, precisam garantir não somente resistência, mas estética e desvio padrão de 3,5 MPa como normalizado para a indústria”, complementa.
Edifício de 14 pavimentos em pré-fabricados São José da Terra Firme, em São José, Santa Catarina. Crédito: Banco de imagens da ABCIC
O concreto de alto desempenho é inerente ao processo de produção das indústrias de uma maneira geral, considerando que a própria resistência de liberação das peças das formas e protensão, já citada anteriormente, é especificada em norma ou projeto para suportar os esforços de movimentação e transporte.
Felipe reconheceu também a participação dos professores Tuing Ching Chang, José Luiz Prudêncio (UFSC), José Zamarion Ferreira Diniz e Augusto Carlos de Vasconcelos, “cujas consultorias foram fundamentais para estabelecer princípios fundamentais de projeto e nas suas interfaces com a montagem, bem como no controle tecnológico da empresa. ”Estes renomados profissionais estiveram conosco como consultores em momentos decisivos”