Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 20 - outubro de 2020

DE OLHO NO SETOR

Qualificação de pessoas na área de movimentação de cargas é tema de uma nova comissão de estudos para normalização

Instituída em junho deste ano, a Comissão conta com a participação do setor de pré-fabricados de concreto, por meio da engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, e do engenheiro Luciano Catalano, da Sudeste, como representante da indústria

A formação, o treinamento e a capacitação de pessoas são práticas indispensáveis no setor da construção. Na área de equipamentos de içamento e movimentação de cargas, a certificação de terceira parte também é um recurso comum para profissionais de Rigger, Supervisor de Rigging, Sinaleiro Amarrador, Operadores de Guindastes, Gruas, Pontes Rolantes e Guindautos. A Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi) é a instituição que fornece essa certificação, que segue os preceitos da ISO/IEC 17024 – Avaliação da conformidade – Requisitos gerais para organismos que realizam certificação de pessoas, e objetiva a total segurança das operações, seja para pessoal, equipamentos ou materiais, de acordo com os padrões estabelecidos pelas normas regulamentadoras.
Essa certificação foi instituída em 2014, em uma parceria com a Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). E, após seis anos, a Abendi decidiu ampliar e dar maior representatividade a essa iniciativa, por meio da elaboração de uma norma brasileira. “A partir das discussões no âmbito do Comitê Setorial, responsável pelo desenvolvimento do esquema de certificação de pessoas que atuam na área de movimentação de cargas, identificou-se essa oportunidade”, diz Ana Paula Giolo, coordenadora de Atividades Técnicas da entidade. “Além de promover a discussão sobre os padrões e referências normativas relacionadas ao tema, com a criação da norma brasileira, a difusão desse esquema de certificação também se torna mais significativa”, acrescenta.

Montagem de estruturas pré-fabricadas de concreto exige planejamento e capacitação profissional

Assim, em junho de 2020, foi instalada a CE-099:010.001 – Comissão de Estudo de Qualificação de Pessoas para Movimentação de Cargas com Equipamentos de Guindar, com o propósito de elaborar e publicar normas técnicas nacionais da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a qualificação de pessoas para movimentação de cargas com equipamentos de guindar, compreendendo os critérios para qualificação de rigger; supervisor de rigging; supervisor de sinaleiro amarrador e operadores de guindastes, gruas, pontes rolantes, pórticos e guindaste articulado, no que concerne a terminologia, requisitos e procedimentos.
Já foram realizadas três reuniões da Comissão, no qual foi definido o trabalho de dois documentos. O primeiro é Qualificação e certificação dos profissionais de içamento e movimentação de carga em guindastes – Requisitos. De acordo com Ana Paula, o relatório tem como objetivo estabelecer a sistemática para a certificação e registro de profissionais, como sinaleiro amarrador, supervisor de movimentação de carga e planejador de movimentação de carga, que atuam na execução, supervisão e elaboração de plano de içamento e movimentação de carga suspensa onshore. Já o segundo, Qualificação e certificação dos operadores de guindaste, guindaste articulado, grua – Requisitos, será redigido após o primeiro documento. 

Juarez Correia de Barros Junior: “Nenhum risco deve ser desconsiderado e a experiência adquirida em obras anteriores é de grande importância neste planejamento”.

Conforme comenta Ana Paula, são mais de 100 profissionais recebendo convites para participar dessas reuniões, considerando empresas de capacitação, empresas que fornecem ou utilizam a mão de obra, fabricantes de equipamentos, órgãos técnicos e reguladores, organismos de avaliação da conformidade, dentre outros. “Em média, por reunião, contamos com a presença de 25 participantes”, afirma Ana Paula. 
Um dos setores participantes é o pré-fabricado de concreto. A engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, é a representante da entidade e do segmento , e Luciano Catalano, da Sudeste Pré-Fabricados, é o representante da indústria. “Esse é um trabalho voltado a diversos setores, e um deles é o da construção civil, onde a participação e envolvimento de empresas e entidades representativas é de extrema importância nesse desenvolvimento, nessa discussão, e posteriormente na disseminação dessas certificações, assim como de seus benefícios”, ressaltou Ana Paula.
Na avaliação de Íria, a qualificação de pessoas que trabalham com o planejamento e operação de equipamentos para içamento e movimentação de cargas é de grande relevância para a construção industrializada de concreto, uma vez que a montagem é uma das etapas fundamentais para o sistema construtivo. “A especialização, a experiência e o conhecimento técnico nessa área eleva as garantias de segurança para todos os envolvidos e assegura produtividade, qualidade e eficiência de toda a operação. São muitas variáveis que precisam ser consideradas em seu planejamento, a fim de se definir as melhores soluções para um içamento seguro e eficiente das estruturas”, explica. “Além disto o tema está diretamente relacionado com dois importantes eventos que aconteceram recentemente o lançamento do manual de Montagem das Estruturas Pré-moldadas pela Abcic e o lançamento da NR-18 que contou com a votação da entidade, cuja proposta também integrou o material apresentado pela CBIC, ampliando o contextos das gruas para equipamentos de guindar” complementou.
O engenheiro civil e de segurança do trabalho Juarez Correia Barros Júnior, do Instituto Trabalho e Vida, concorda com a análise de Íria e pondera que trabalhadores capacitados, planejamento das atividades, medidas de proteção coletivas e de manutenção de máquinas e equipamentos formam a receita para uma boa administração dos riscos envolvidos em atividades com elementos pré-fabricados. Ele destaca que essa capacitação é fator preponderante para garantia de adequação das medidas de proteção individuais e coletivas e seu dispositivo normativo principal é a NR-1. 
Para o engenheiro Carlos Gabos, instrutor do Instituto OPUS de Capacitação Profissional e representante da Sobatema na Comissão de Estudos, os profissionais devem também ser certificados por um organismo de terceira parte que irá atestar se sua competência é compatível com a função que está exercendo. “Analisando as estatísticas de acidentes, fica evidente que só 6% deles tem como causa a falha mecânica, o restante é por falha humana, por falha no planejamento, por falta de habilidade ou por falta de procedimento ou inobservância desses processos”, explanou.
A capacitação profissional é fundamental para a montagem das estruturas pré-fabricadas de concreto, mas também um bom projeto, seguido pelo planejamento de atividades e análise de riscos são fatores também importantes. “Nenhum risco deve ser desconsiderado e a experiência adquirida em obras anteriores é de grande importância neste planejamento. Sabe aquele incidente que não resultou em danos e que em um primeiro momento queremos esquecer? Pois é, pode ser um excelente elemento a ser trabalhado no planejamento e reconhecimento de riscos de um projeto posterior”, reflete Correia Barros. 

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