Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 4 - abril de 2015

DE OLHO NO SETOR

Seminário na Feicon 2015: foco na industrialização e no aumento da produtividade

Especialistas das áreas de engenharia, materiais de construção e sistemas construtivos chegam ao consenso de que ampliar o grau de industrialização no setor é condição indispensável para o necessário e urgente aumento na produtividade da construção civil brasileira

Íria: “Quando falamos de industrialização, falamos da introdução de logística e muito planejamento no processo. Não estamos entregando pilar, viga e laje e, sim, soluções em engenharia”.

As palestras do Seminário Sistemas Construtivos, promovido pela Abramat – Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção durante a realização da Feicon Batimat 2015, atraíram um público de 220 pessoas, entre engenheiros, técnicos, empresários da construção civil e profissionais da área, numa clara demonstração do grande interesse despertado atualmente pelo debate sobre o tema da industrialização da construção civil no setor.
O ciclo de palestras foi aberto pelo engenheiro e mestre em estruturas Luiz Henrique Ceotto, que enfatizou a necessidade de se ampliar o grau de industrialização do setor no Brasil para atender a urgente necessidade de aumento na produtividade da construção civil brasileira. “Comparo o atual estágio de produtividade da construção civil brasileira como se estivéssemos num rudimentar balãozinho ao sabor do vento. Não adianta colocar uma turbina no balão. Temos de mudar de sistema e industrializar todo o processo construtivo. A construtora tem de passar a pensar e se ver como uma montadora”, afirmou Ceotto. 
Com tal avaliação concorda Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic – Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto, que também foi uma das palestrantes do evento e destacou, partir de casos reais em edificações de múltiplos pavimentos, a importância da logística e do planejamento nos sistemas industrializados. “Se nós continuarmos a raciocinar da mesma forma, não conseguiremos extrair dos sistemas construtivos industrializados todos os benefícios que eles possibilitam”, comentou. “Quando falamos de industrialização, um dos aspectos fundamentais é a logística o que requer um adequado planejamento do processo. Gostaria de ressaltar que no caso das estruturas pré-fabricadas de concreto, não estamos falando de mera fabricação de componentes. Não estamos entregando pilar, viga e laje. Estamos entregando soluções em engenharia de fundações, estruturas e/ou fachadas”, complementou.
Logo no início de sua apresentação, Íria lembrou a necessidade de mudar a mentalidade de como se constrói hoje no país. Após fazer um resumo das várias ações desenvolvidas em diversos âmbitos para estimular a industrialização da construção, como na ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e também no Deconcic – Departamento da Construção Civil, da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a presidente-executiva da Abcic chamou a atenção para a necessidade de se evoluir no debate. “Isso requer mudança na mentalidade de todo o setor. Não é possível passarmos para um novo patamar de industrialização sem um período de transição”, observou.
Avançando na proposição, Íria disse que, nesse período de transição, é preciso, inclusive, incluir uma análise sobre a forma como são formados atualmente os engenheiros. “Temos formados engenheiros para uma atuação com foco ainda no sistema convencional de construção”, apontou. A avaliação de Íria é referendada totalmente por Ceotto. “O engenheiro civil hoje precisa ter um viés mais próximo de um profissional da área de produção, que pense a obra de forma estratégica e holística, analisando aspectos que envolvam logística, fluxo de materiais dentro do canteiro, evolução tecnológica, normas técnicas, entre outros pontos”, pondera o engenheiro.
Nesse aspecto, segundo lembra Íria, ganha importância especial o planejamento e o projeto que devem caminhar juntos. “O plano de montagem é fundamental para a viabilidade de se industrializar um determinado empreendimento, e deve envolver não só o engenheiro de montagem, mas também o cliente, o arquiteto, o projetista da estrutura, a construtora e a empresa de pré-fabricados. Todos devem pensar juntos antes mesmo de se ter o projeto arquitetônico. Outro aspecto importante: se de fato pretendemos extrair todos os benefícios da industrialização, não podemos continuar adaptando projetos desenvolvidos para sistemas convencionais, mas alinhar o projeto desde o início com a forma com a qual se pretende construir. Isto vale para todos os sistemas industrializados”.

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