Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 21 - dezembro de 2020

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Sinergia entre a industrialização em concreto e a arquitetura contemporânea fomenta construções inovadoras em diversas áreas

Possibilidade da utilização do pré-fabricado de concreto em obras de portes distintos e finalidades variadas, atendendo projetos arquitetônicos ousados e diferenciados, reforçam a versatilidade do sistema construtivo, cujos resultados, segundo os arquitetos, são extremamente positivos para os atores envolvidos na obra e para o público final

O contexto atual da pandemia do novo coronavírus aponta para uma realidade distinta entre os diversos setores da economia. Enquanto algumas áreas, com o turismo, foram bastante afetadas, outros segmentos já demonstram uma rápida recuperação, como é o caso do setor da construção, que vem registrando uma sequência de resultados positivos nos últimos meses, fomentando novos empregos, gerando renda para pessoas e contribuindo para a retomada da economia, especialmente, no próximo ano. Nesse cenário, a arquitetura está acompanhando essa expansão, atendendo a diversos novos projetos, especialmente, em áreas com maior investimento privado. 
“Apesar das dificuldades estruturais do mercado e de uma conjuntura impactada pela pandemia, a arquitetura brasileira segue produzindo com qualidade, com a consolidação de uma linguagem própria, vigorosas e destacadas de exemplos internacionais. Jovens arquitetos se esforçam por uma linguagem de conjunto, simplicidade e compromisso com a boa técnica construtiva e sustentabilidade em suas escolhas”, afirma o arquiteto Paulo Sophia, proprietário da Paulo Sophia Arquitetura.
Para o arquiteto Fernando Forte, sócio do escritório FGMF, o setor passa por um momento muito interessante, uma vez que diversos escritórios estão realizando um bom trabalho. “Mas, citaria acima de tudo uma volta dos arquitetos mais acadêmicos e investigativos para o mercado imobiliário. Isso estava um pouco separado desde os anos 70 e agora já é possível observar muitas edificações de grande porte, incorporações, com projetos interessantíssimos. É um movimento muito importante de volta de projetos autorais na construção da cidade via iniciativa privada”, pondera.

Lourenço Gimenes, Rodrigo Marcondes Ferraz e Fernando Forte, sócios do escritório FGMF

Roberto Aflalo Filho, Luiz Felipe Aflalo Herman, Grazzieli Gomes Rocha e José Luiz Lemos da Silva Neto, sócios do escritório Aflalo/Gasperini Arquitetos

Já o arquiteto Luiz Felipe Aflalo Herman, sócio-diretor da Aflalo/Gasperini arquitetos, concorda com a avaliação de Sophia e Forte, acrescentando que a questão do acesso à  informação de qualidade, por meio dos celulares, tem levado boa parte dos brasileiros a conhecer aquilo que tem sido feito no mundo da arquitetura contemporânea. Como resultado, aqueles que consomem arquitetura têm sido mais exigentes, provocando os empreendedores a uma constante atualização. 
Na visão do arquiteto Sidonio Porto, sócio-diretor do escritório Sidonio Porto Arquitetos Associados, no momento atual com o advento da pandemia, surge um novo boom imobiliário, com ênfase em projetos habitacionais, tanto em prédios de apartamentos como em residências particulares com vistas a uma fuga das grandes aglomerações. “No entanto, falta a nosso ver, uma maior ênfase, apesar de todas as suas vantagens, na industrialização de elementos construtivos, maior utilização equilibrada de sistemas mistos com o uso de aço e concreto na concepção das estruturas, lajes e vedações”, considera.
Corroborando com Porto, Forte analisa que a pré-fabricação em concreto ainda é subutilizada no país, sendo concentrada mais em outros tipos de projetos, como os fabris e shoppings. “Há pouca apropriação dos sistemas pré-fabricados de concreto e sua estética em obras arquitetonicamente interessantes”, lamenta.
Aflalo opina que utilização do pré-fabricado está ligada a construir em menos tempo. “Porém a demanda habitacional brasileira é altíssima, o custo é alto e não é atendida”, enfatiza. Desse modo, a seu ver, a construção tem que se industrializar, a logística das obras tem que mudar. “Existem muitos vícios de custos nas obras convencionais, acredito que temos de repensá-las numa linha de montagem. O pré-moldado de concreto tem se desenvolvido muito”.
Por isso, Sophia sempre considera a industrialização dos processos construtivos em seus projetos. “Os pré-moldados são uma ferramenta indispensável para o sucesso e desempenho de nossa arquitetura. Cabe aos arquitetos insistirem em um desenvolvimento conjunto e simultâneo da indústria associada à nossa arte da concepção de espaços, demonstrando assim ao mercado as possibilidades do uso destas tecnologias de racionamento e produção seriada das estruturas. Deste trabalho associado virão as encomendas de qualidade e impacto urbano positivo”, explica Sophia.
Relação histórica entre a arquitetura e o pré-fabricado
Desse modo, é importante remontar a história do sistema construtivo com a arquitetura, no qual fica bastante claro sua evolução e sua contribuição não apenas para a construção, mas para os projetos urbanos do país. 

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