INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
A industrialização em concreto, neste texto representado pela indústria das estruturas pré-fabricadas no mundo, tem se mobilizado em torno do conhecimento e da introdução do processo Building Information Modeling (BIM). Processo é uma terminologia adotada comumente dentro do ambiente industrial, pois traz em sua composição a mão de obra, as máquinas (equipamentos), a metodologia (procedimentos de execução), a medição incluindo a inspeção ou verificação e completando os chamados “emes”, e também do inglês “management”, o gerenciamento.
Segundo Terry Laisern, analista industrial, o BIM é um processo de representação que cria e mantém informações multidimensionais através do ciclo de vida de uma edificação, que tem por objetivos principais, o compartilhamento de informações, a colaboração, a simulação e a otimização.
Uma vez entendido como processo e analisada a sua extensão e abrangência numa visão mais conceitual, passa a ser possível correlacionar com o aspecto mais prático e afirmarmos que o BIM engloba geometricamente as características técnicas dos elementos individuais e dos sistemas construtivos que o integram (2D e 3D), o planejamento da execução (4D), os custos (5D), os requisitos de sustentabilidade ou ambientais (6D) e manutenção ao longo da vida útil de um empreendimento (7D), até a possibilidade final da representação na íntegra do projeto construído.
É consenso internacional de que o BIM na construção civil mundial está associado a uma maior quantidade de soluções construtivas industrializadas, pelos motivos já expostos ao longo desta matéria.
O benefício, portanto, para a indústria, do avanço da tecnologia e da implantação do BIM, além de indutor do seu próprio desenvolvimento, induz a todos os intervenientes do projeto a trabalharem de forma coordenada, promovendo a comunicação e a sinergia entre os mesmos reduzindo desta forma os erros e modificações desnecessárias que geram retrabalhos e outros custos, melhorando sobre tudo o planejamento que é essencial para que sejam mensurados os benefícios da adoção do sistema pré-fabricado de concreto, em seu máximo potencial.
Outro fator importante a mencionar no que tange as interfaces dos intervenientes é a diversidade de combinações possíveis da estrutura ou da fachada pré-fabricada com outros sistemas ou subsistemas construtivos desde o convencional às demais possibilidades industrializadas.
Apesar da dúvida comum: Quando estaremos operando em BIM?
Trouxemos nesta matéria a visão de que inciativas governamentais também em nosso país vem sendo tomadas e o desenvolvimento da normalização assim como a diretriz 2014/24/EU da União Europeia que determinou que os países membros pudessem exigir a adoção do BIM nas concorrências e concursos públicos, desencadeando desta forma uma série de desdobramentos junto a Comissão Europeia de Normalização (CEN/TC422) a fim de que a normalização correspondente para o devido suporte fosse providenciada e disponibilizada.
Evidentemente que em paralelo, assim como no Brasil, ao mesmo tempo em que organismos como MDIC (Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior), CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), ABDI (Agência Brasileira do Desenvolvimento Industrial), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estejam em andamento com a elaboração de Normas e Manuais, em paralelo a iniciativa privada antecipou a sua utilização, como é o caso das empresas integrantes do CTQ do SINDUSCON/SP e outras inciativas que já começam a exigir a apresentação dos projetos em BIM.
Os três grandes desafios da implantação pautam a indústria no mundo todo, nos seguintes aspectos: na interoperabilidade entre os softwares, a fim de que os ganhos obtidos sejam alcançados de fato, nas interfaces dos subsistemas que geram grande amplitude de intervenientes dos processos e que por vezes estão em diferentes “timing” de implementação e na cultura dos profissionais que desenvolvem ou contratam os trabalhos em BIM.
Trata-se do mesmo problema que o pré-fabricado de concreto tem para reverter uma obra projetada em sistema convencional, para se obter todas as vantagens do sistema construtivo industrializado.
É necessária uma mudança de mentalidade e não uma adaptação da mentalidade existente para o convencional.
A pergunta é: Melhora?
Sim melhora, mas não na totalidade que se poderia atingir e isto invariavelmente leva a uma segunda pergunta:
Valeu a pena mudar?
As medições corretas não foram acompanhadas e ninguém sabe responder ao certo e então vem a outra resposta: ”Achamos que sim”.
Justamente por esta razão é que se entende que a indústria será beneficiada, pois haverá uma quebra de paradigmas na introdução do BIM que nos “levarão de carona” a uma nova fase.
É claro que os ganhos são muitos, mas precisamos de fato nos dispor a enfrentar o nível de exigência que estas mudanças requerem. E evidentemente as transformações mercadológicas, acabam catalisando todo o processo.
Por esta razão, apresentamos também nesta matéria um apanhado geral das principais ações em andamento no Brasil, a fim de contextualizar em que momento nos encontramos e ter a noção de que, assim como outras mudanças, que ao longo da história, não somente da engenharia, o ser humano se adaptou, esta é outra que ele também se adaptará. Afinal, trata-se da evolução e de termos a consciência de que estamos na era digital, e que não somente uma decisão de implementar um novo processo poderá trazer impacto às nossas empresas, mas talvez até uma necessidade de rever nosso modelo de negócio, considerando o fato de estarmos adentrando, ou melhor, já tenhamos adentrado em uma nova era.
Em relação a pré-fabricação no mundo, de tudo o que tenha acessado e visto chamo atenção para o destaque do BOX da página 20: Extraído de um artigo publicado na revista FCI /CPI (Fábrica de Concreto Internacional), o engenheiro Alessandro, Diretor Técnico da ANDECE, publicou “TO BIM or not TO BIM - Desafio para a Indústria de Pré-Moldados”, onde destacamos a parte do texto no que diz respeito a utilização de softwares, as ferramentas que nos auxiliam neste processo. Recomendo a leitura de todo o artigo.
Recomendo também assistir o vídeo: BIM-BAM-BOM “The future of Building Industry”: http://www.archdaily.com/262008/the-future-of-the-building-industry-bim-bam-boom
Ler o depoimento: “How far has Bim come to the Precast concrete Industry?”, publicado na homepage da NPCA (National Precast Concrete Association – USA): http://precast.org/2010/07/how-far-has-bim-come-in-the-precast-concrete-industry/
Um material muito interessante do National Institute of Building Sciences: http://fiatech.org/images/stories/techprojects/project_deliverables/bpc_bimforprecastconcrete.pdf
É no meu entendimento, o material mais completo, um “road map”, para a implementação do BIM nas empresas de pré-fabricado, produzido na Austrália, trata-se de um guia completo com diversas orientações de forma didática que certamente traz uma visão sistêmica de toda a implantação do BIM, seus possíveis gargalos e a metodologia para superá-los: https://www.academia.edu/8582251/BIM_and_Precast_Concrete_-_A_Strategic_Guide_to_Adoption_and_Implementation?auto=download
Espero que as informações possam auxiliar a indústria neste processo e que possamos continuar seguindo por mais este caminho, tendo a consciência que é uma questão relativa à melhoria de processo. Mas, não invalida ou não faz sentido sem a expertise da indústria, ou seja, isoladamente sem o conhecimento acumulado pelas empresas como outros processos por si só não são autossuficientes. E vice-versa.