ESPAÇO EMPRESARIAL
Nivaldo de Loyola Richter
Diretor da BPMPré-Moldados
Nosso setor é resiliente por natureza. Apesar de todas as dificuldades que temos enfrentado nos últimos três anos, continuamos investindo e nos preparando para um novo ciclo de crescimento.
Embora haja sinalizações de que o novo governo deva executar as medidas necessárias para o avanço de nossa economia, como a aprovação das reformas e o estabelecimento de uma política de desenvolvimento tecnológico e de competitividade para a indústria, sabemos que os resultados dessas ações não serão imediatas. Talvez se leve um ano para termos um retorno mais efetivo, com um número maior de obras para serem executadas, especialmente, se considerarmos o período de projeto e execução das fundações.
Mesmo assim, o clima de boas expectativas é importante para mudar o ânimo do mercado. Até porque, nosso segmento, a pré-fabricação de concreto, nunca deixou de acreditar que nosso país venceria os desafios e sairia ainda mais forte.
No mundo, vemos como a construção industrializada em concreto oferece respostas imediatas às demandas da sociedade, seja por infraestrutura, seja por habitação. Em nosso país, nosso segmento responde de igual maneira, basta conferir como o sistema construtivo contribui para vencer os prazos das arenas esportivas, aeroportos, BRTs, estações de metrô, entre outros. No caso das necessidades habitacionais, o sistema tributário ainda nos penaliza, impossibilitando que a industrialização ofereça o mesmo desempenho. Isso significa que as nossas barreiras não estão na tecnologia, mas em atividades fora da indústria.
Por falar em tecnologia, participei, recentemente, do Trimble Day, cujo tema foi Indústria 4.0. O evento desenvolvido em parceria com a nossa associação, a Abcic, mostrou que as ferramentas apresentadas nesse novo ambiente de digitalização são inerentes ao nosso ambiente e por essa razão rapidamente estão se incorporando à construção industrializada.
Esse novo contexto associado ao desenvolvimento da tecnologia do concreto, que apresenta muitos avanços, e à evolução da indústria de químicos, que nos oferecem aditivos de última geração, vêm promovendo novos desafios e ganhos para nossa indústria. Um exemplo é a consolidação do uso do concreto auto adensável, no qual somos pioneiros. Parece que foi ontem que estávamos às voltas de entender e aplicar este novo material, que agora já está presente há mais de 10 anos no mercado.
Como empresário, aderi, desde o início, ao Selo de Excelência ABCIC, programa que atesta as empresas em obras em relação à qualidade, segurança e meio-ambiente; posso assegurar que é uma base indispensável e sólida para a implantação das novas tecnologias. Hoje temos uma base de dados e informações relevantes principalmente no que tange ao ambiente favorável para o desenvolvimento tecnológico.
Nesse paradoxo em que vivemos atualmente – estamos diante de uma crise relevante, mas precisamos vencer o grande desafio de manter as nossas empresas funcionando e, ao mesmo tempo, precisamos nos reinventar a cada dia para sermos competitivo –, a Abcic também sofre os reflexos do mercado.
E, como nós, ela não pode parar; precisa continuar com as ações estabelecidas em nosso planejamento estratégico em 2015 que aponta o norte para os próximos 10 anos. Manter a normalização em dia, o canal de comunicação com os associados ativo e propor ao setor as diretrizes a serem tomadas, sempre alinhadas com as tendências internacionais são atividades que continuaram a ser desenvolvidas.
Acompanho de perto as ações da entidade. Hoje, como diretor financeiro, após ter reduzido drasticamente os custos, vejo que a Abcic tomou o mesmo rumo das nossas empresas, sobreviveu e manteve o foco no que era necessário. É resiliente como as empresas. Por isso, precisamos nos unir cada vez mais e mantê-la forte e ativa, não apenas com o nosso apoio financeiro, mas também com nossa presença, formando massa crítica e usufruindo de tudo aquilo que conquistamos.