DE OLHO NO SETOR
Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC, e Fernando Stucchi, da EGT Engenharia, PARTICIPARAM DO EVENTO COM A palestra DO professor Mounir Khalil El Debs
No dia 12 de maio, a Oficina de Textos, em parceria com a ABCIC e o IBTS - Instituto Brasileiro de Telas Soldadas, promoveu o Webinar sobre o livro Pontes de Concreto com ênfase na aplicação de elementos pré-moldados, do professor Mounir Khalil El Debs.
Destinada a estudantes de graduação, pós-graduação e a profissionais da engenharia civil, a obra aborda os principais fundamentos para projeto e manutenção de pontes de concreto, com um aprofundamento das possibilidades de uso de pré-moldados nas pontes – tanto na superestrutura como na infraestrutura. Outro destaque da obra está nos apêndices. Artigos escritos pelo autor e profissionais especialmente convidados tratam de tópicos relevantes sobre o tema, com exemplos numéricos, casos de sucesso e alternativas construtivas ainda pouco comuns no Brasil.
"Esperamos que a obra possa provocar o leitor a fazer reflexões sobre quais tipos de sistemas construtivos podem ser aplicados em cada caso. Isso porque existem situações em que a melhor não é aquela considerada tradicional, que o mercado está acostumado ou que o construtor possui experiência".
Debs ressaltou que o leque de alternativas construtivas, incluindo as não usuais no Brasil, devem ser conhecidas e são importantes para a tomada de decisão dos clientes. "Naturalmente, deve-se levar em conta as particularidades nacionais, regionais e locais e a experiência do setor produtivo. Assim deve-se ter os olhos no futuro com os pés no chão", acrescentou.
Por outro lado, o professor ponderou que é importante olhar o futuro, caso contrário pode bloquear a modernização da construção de pontes. "A adoção de novas alternativas tem seus riscos, que devem ser avaliados. Os responsáveis pela construção devem tirar o proveito das experiências para aprimora-las".
No caso da pré-fabricação em concreto, Mounir lembrou que o setor precisa vencer as amarras de natureza legislativa e tributária e que isso é fundamental para a evolução do setor da construção. "Caso isso não ocorra, ficaremos no atraso", avaliou. A seu ver, é importante buscar o equilibro entre a experiência e a inovação para melhorar a construção de pontes em pré-moldados de concreto.
Nesse sentido, a engenheira Íria Doniak, presidente executiva da ABCIC, lembrou que o pré-fabricado de concreto tem uma tributação diferenciada da construção civil, com incidência de ICMS, mas que o setor tem trabalhado para alcançar a isonomia tributária.
O engenheiro Fernando Stucchi, sócio-fundador da EGT Engenharia e professor titular na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, discorreu sobre o tema e falou sobre a questão da manutenção de obras especiais, no qual existem muitas construções que não possuem mais os projetos. "Esse é um problema muito sério. A ponte Eusébio Matoso, por exemplo, tinha apenas um problema de acesso. Os vãos principais, com 80 anos, estavam em condições razoáveis. Fizemos a verificação pela norma da década de 1940 e todos as avaliações bateram com o que preconizava a norma", explicou.
Outro ponto discorrido foi o concreto de ultra-alto desempenho (CUAD ou UPHC, em inglês). Para Íria, o UHPC aumenta a produtividade e pode impulsionar o setor, uma vez que possibilita produzir estruturas com dimensões menores e mais leves, próximas as da metálica. "Isso amplia ainda mais nossa competitividade".
Já Stucchi trouxe informações sobre os boletins da fib (Federação Internacional do Concreto) sobre pontes pré-moldadas de concreto e falou que o uso do UHPC tem aumentado no mundo. "Mas, no caso do Brasil, o primeiro passo seria consolidar a industrialização da construção, que abrirá caminhos para ampliar o uso do UHPC".