Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 10 - abril de 2017

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

“... E esse tal de ´BIM´ aí?...”

Coordenador da Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE-134)


Figura 3:  Dubai´s Opera House, projetada pelo Arquiteto Janus Rostock (Atkins Architecture).


O BIM é fundamental para que os processos de vantagens do uso de tecnologias para captura da realidade sejam concretizados e realizados.
O uso de laser scanning será cada vez mais comum e frequente nos empreendimentos construtivos. Os laser scanners  serão utilizados antes, durante e depois da fase de construção. A precisão de alguns equipamentos é tamanha que possibilitam até mesmo a contagem da quantidade de chapas de madeira empilhadas num canteiro de obras (inventário).


Figura 4:  Laser scanner


A figura abaixo mostra uma estação total, usada na obra para retirar informações de um modelo BIM, e fazer, por exemplo, a locação de pendurais para sustentação e fixação de tubulações para ar condicionado. Além da locação de componentes e subsistemas, a estação total pode verificar desvios de nível e prumo nas partes já construídas, com o trabalho de um único homem.


Figura 5: Uso de uma estação total no canteiro de obras


Uma das principais causas do baixo nível de industrialização e pré-fabricação no setor da construção civil no Brasil, reside justamente na falta de precisão dos projetos.
São inúmeras as experiências frustradas, onde os investimentos na pré-fabricação de componentes foram perdidos, porque na hora da montagem na obra, imprevistos e imprecisões nas partes construídas, inviabilizaram as montagens, e exigiram retrabalhos e gastos adicionais.
No BIM a coordenação geométrica de componentes pode ser verificada automaticamente por softwares, eliminando a maioria dos potencias erros e interferências.
Além disso, todos os passos das montagens podem ser “ensaiados” previamente nos computadores, com a utilização de processos de “Projeto e Construção Virtual” (VDC – Virtual and Design Construction), garantindo alto nível de confiabilidade e precisão aos projetos e especificações.
A maior acurácia proporcionada pela tecnologia BIM pode ainda ser combinada com soluções de captura da realidade e assim, garantir maior controle e previsibilidade nos processos de pré-fabricação e montagem.


3ª. Mensagem:
As vantagens do BIM sobre a tecnologia predecessora (CAD) são inúmeras, sendo que proprietários e investidores são aqueles que mais tem a ganhar com sua adoção. A essência de ´orientação a objetos´ do BIM equaciona e pode resolver problemas fundamentais e intrínsecos da indústria da construção, que é a necessidade de lidar, estruturar, organizar e validar um volume gigantesco de informações, entre diversos agentes, com muitos pontos de troca e interações.


5. Como implantar o BIM?
Cada empresa tem suas particularidades e elas precisam ser consideradas adequadamente num bom projeto de implantação BIM.
O primeiro passo, após um diagnóstico, é a definição dos objetivos do projeto de implantação BIM, que precisarão estar muito bem alinhados com os próprios objetivos estratégicos da empresa.
A boa prática mostra claramente que a implantação BIM exige a definição de um projeto ´formal´, documentado e gerenciado, incluindo todas as principais disciplinas normalmente envolvidas na gestão de qualquer projeto: definição do escopo, planejamento, controle, riscos, comunicação, etc.
Também é muito importante considerar a execução de projetos-pilotos, escolhendo escopos que não sejam nem exageradamente complexos nem tampouco simples demais.
Um ponto fundamental é que a escolha dos softwares e a definição das plataformas tecnológicas que serão utilizadas são uma decorrência do plano de implantação BIM, que deverá considerar os objetivos a serem atingidos e a identificação dos ´casos de usos BIM´ que deverão ser implementados seguindo uma ordenação priorizada de acordo com o ´valor´ que agregarem para a operação.
É preciso considerar, por exemplo, quais partes dos processos são realizados dentro da empresa, por equipes próprias e quais são realizadas por terceiros contratados. Um erro comum é começar com a aquisição de softwares sem sequer ter clareza de quais processos serão realizados internamente. Comece definindo exatamente o que você que fazer com BIM e como a adoção vai gerar valor para o seu negócio, evitando erros e melhorando os processos de comunicação e troca de informações, que acabarão se traduzindo em produtos melhores e processos de construção menos fragmentados. 
Outro erro comum é pensar que só existe um único tipo de modelo BIM. Na verdade existem inúmeros tipos de modelos, com maior ou menor nível de detalhamento, que deverão ser desenvolvidos de acordo com os propósitos, ou casos de usos BIM, aos quais se destinarem.
Já foram mapeados, descritos e documentados mais de 150 diferentes casos de usos BIM; ou seja, uma empresa que tiver interesse na implantação, não precisará partir do zero; ao contrário, poderá contar com um vasto conteúdo já disponível, parte dele até já traduzido para o Português, e acessíveis gratuitamente. Obviamente, será inevitável empenhar esforços de estudo, aprendizado e capacitação. 
Um dos 5 guias publicados pela CBIC documenta um procedimento com 10 passos para a implantação do BIM em construtoras e incorporadoras. Este documento e os demais volumes poderão ajudar no primeiro esforço de nivelamento de conhecimento e capacitação da equipe de uma organização que deseje implantar BIM.

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