DE OLHO NO SETOR
O engenheiro espanhol David Fernández-Ordónez, secretário geral da fib, abordou ainda as ações da entidade na área de sustentabilidade, ressaltou a importância da avaliação do ciclo de vida na concepção do projeto estrutural de concreto, a abordagem do novo código modelo (MC2020) e a relevância da pré-fabricação em concreto neste contexto.
Em se tratando dos três pilares, ele explanou sobre a avaliação da performance de cada um deles. No lado social, o MC2020 contempla esse requisito para que se leve em conta a satisfação de todos os intervenientes envolvidos desde a fase de construção até à vida útil da estrutura. Uma melhor compreensão das ligações entre a engenharia civil e a sociedade pode ajudar a minimizar os seus impactos negativos e a desenvolver estruturas mais socialmente sustentáveis.
As questões sociais incluem, por um lado, critérios ligados aos efeitos sociais da construção e operação da estrutura, e critérios relativos à saúde, segurança e conforto dos ocupantes e trabalhadores no local, que é fundamental para a vida social da comunidade. As estruturas de concreto poderiam contribuir positivamente nesse aspecto, levando conforto acústico; conforto térmico; capacidade de manutenção; flexibilidade. “Vamos lidar com situações que não podemos medir, mas precisamos integrá-las em nosso projeto, como a comunidade local, o entorno, a cultura, a estética, a história daquela região”, afirmou Fernández-Ordónez.
No caso da performance ambiental, a avaliação do desempenho ambiental exige a utilização de metodologia multicritério e de técnicas de otimização multicritério respeitando a importância das inter-relações do sistema, sendo capaz de abranger todos os fluxos relevantes de materiais, energia e outros, e considerar os correspondentes critérios ambientais essenciais.
O MC2020 trata, portanto, da avaliação do ciclo de vida como fundamental para a performance ambiental, bem como da Declaração Ambiental do Produto (DPA), como importante ferramenta para contribuir nesse processo. “Temos muitos desafios específicos, por isso precisamos abrir nossa mente para incluir a avaliação do ciclo de vida em nossos projetos”, enfatizou Fernández-Ordónez.
A respeito da parte econômica, ele citou que a avaliação do desempenho econômico é feita através da análise de custo do ciclo de vida (LCCA), e a necessidade de se conhecer os custos direto e indiretos de todas as etapas da construção. Mostrou ainda como funciona a metodologia LCCA. Dessa forma, para uma decisão baseada em sustentabilidade, é preciso compreender que os critérios e indicadores que compõem os pilares não são geralmente combináveis de forma direta, pois cada cliente pode ter preferência quanto às suas demandas.
A apresentação de Fernández-Ordónez contemplou ainda um panorama das ações realizadas pelos grupos de trabalho da fib relacionados à sustentabilidade, como o grupo especial, que está dividido em subgrupos voltados a questão de dados, e em estruturas de concreto de baixo carbono e boas práticas. “Precisamos de ferramentas para dar embasamento para serem feitas ações”, enfatizou.
Desse modo, a fib está buscando estabelecer um banco de dados abrangente sobre o impacto ambiental de materiais usados em estruturas de concreto. A prioridade está nos dados relativos à fase de construção, mas também desenvolverá uma estratégia para gerir os dados das fases de operação e manutenção, bem como da fase de demolição. A plataforma de dados será mantida com a atualização de dados constantes, obtidos com fabricantes, projetistas, associações e outras instituições.
Outro ponto importante será a definição de uma abordagem metodológica para apoiar os projetistas na quantificação do impacto ambiental de projetos de estruturas de concreto, com base nos princípios da ACV (Análise de Ciclo de Vida) e focada nos requisitos e desempenho das estruturas. Também a entidade espera identificar as melhores ferramentas e conhecimentos para orientar o processo de tomada de decisão no sentido de soluções estruturais em termos de impacto ambiental.