DE OLHO NO SETOR
O engenheiro espanhol David Fernández-Ordónez, secretário geral da fib, abordou ainda as ações da entidade na área de sustentabilidade, ressaltou a importância da avaliação do ciclo de vida na concepção do projeto estrutural de concreto, a abordagem do novo código modelo (MC2020) e a relevância da pré-fabricação em concreto neste contexto.
Os participantes do ENECE puderam acompanhar um panorama das 10 partes do MC2020. A primeira trata de escopo e terminologias. A segunda faz referência aos princípios básicos, que mostra quais seriam os princípios sob a perspectiva da sustentabilidade, e os princípios relacionados à circularidade e reuso. A terceira versa sobre os princípios de avaliação do desempenho estrutural. A parte quatro fala sobre as ações nas estruturas. A parte cinco explora a inclusão de dados sobre os materiais. A parte seis aborda a inclusão de dados por interfaces. A parte sete analisa o projeto e a avaliação. “Nessa parte temos muitos capítulos relacionados à sustentabilidade”, disse Fernández-Ordónez. A partes oito, nove e dez, apresentam a execução, conservação e circularidade e demolição, respectivamente. “Todas as partes estão ligadas à sustentabilidade, fornecendo informações para a tomada de decisão a partir desse pilar”, acrescentou. Ainda sobre as ações da fib na área de sustentabilidade, a entidade publicou um documento em 2021 voltado ao tema.
Sobre os capítulos do MC2020 ligados à sustentabilidade, Fernández-Ordónez mencionou nove deles, incluindo a perspectiva da sustentabilidade, que trata dos conceitos, princípios e performance dos três pilares (ambiental, social e econômico), a fim de dar respaldo para os engenheiros quando forem projetar suas estruturas.
“A sustentabilidade é uma meta global de desenvolvimento sustentável e os produtos e estruturas de concreto devem, através do seu desempenho ao longo de todo o ciclo de vida, contribuir para o crescimento sustentável, reduzindo os impactos negativos e aumentando os efeitos positivos na sociedade, no ambiente e na economia. A abordagem precisa ser considerada em todas as atividades, incluindo concepção, produção, construção, operação, manutenção, reparação e demolição de qualquer edifício ou obra de engenharia civil que forma o ambiente construído”, explicou o secretário geral da fib, que lembrou ainda a importância de se ouvir a sociedade porque são eles que utilizam os ambientes construídos.
Segundo Fernández-Ordónez, na concepção de novas estruturas e na avaliação de estruturas existentes, é preciso se levar em conta o desempenho social, o desempenho ambiental, e o desempenho econômico, sendo especificados desde o briefing até a concepção e avaliação do projeto, auxiliando no processo de decisão utilizado pelo proprietário.
Sobre a avaliação do impacto ambiental de uma estrutura de concreto, ele ressaltou sua complexidade por compreender uma grande variedade de aspectos que vão desde as emissões e consumo de recursos resultantes de sua produção e de outros materiais de construção, ao impacto do próprio processo de construção, da utilização da estrutura (como aquecimento, arrefecimento, etc.), bem como da demolição da estrutura. “O material é neutro, assim a responsabilidade está em quem usa o concreto, porque é dessa aplicação que o resultado pode ser mais ou menos sustentável. Assim, precisamos lidar com o material avaliando todo o seu ciclo de vida para alcançar nossos objetivos”, avaliou.
Na fase conceitual do projeto de novas estruturas e de intervenções em estruturas existentes, de acordo com o engenheiro espanhol, é importante identificar os diferentes fatores que podem afetar a vida útil da estrutura, e, se possível, encontrar soluções que possam mitigar tais fatores para serem integradas na solução adotada. “É fundamental ver a estrutura de modo completo, para projetar de maneira assertiva do início ao fim do ciclo de vida, com isso, o empreendimento será melhor para a sociedade. Assim, a chave está na forma de distribuir o desempenho dos três pilares da sustentabilidade”, fundamentou.
O engenheiro precisa lidar com a sustentabilidade na abordagem do projeto, pensando no ciclo de vida, tendo em sua mente outros parâmetros, além da durabilidade, qualidade e segurança, que são fundamentais. Na avaliação de Fernández-Ordónez, há questões do ponto de vista econômico, como os orçamentos do empreendimento, mas também as questões sociais e ambientais. “Por estas razões a solução sob o ponto de vista sustentabilidade precisa ser avaliada como um todo e não de forma isolada (em Kg/m3), ao final quanto reduzimos de emissões por m2 de obra construída levando em consideração todos estes aspectos?”, questionou.