ARTIGO TÉCNICO
1.2) Segurança:
Número de agentes de polícia por 100.000 hab. (essencial)
Número de homicídios por 100.000 hab. (essencial)
Crimes contra a propriedade por 100.000 hab. (apoio)
Tempo de resposta da polícia a partir do 1º chamado (apoio)
Taxa de crimes violentos por 100.000 hab. (apoio)
1.3) Saúde:
Expectativa média de vida (essencial)
Número de leitos hospitalares por 100.000 hab. (essencial)
Número de médicos por 100.000 hab. (essencial)
Taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos a cada 1.000 nascidos vivos (essencial)
Número de pessoas da equipe de enfermagem e obstetrícia por 100.000 hab. (apoio)
Número de profissionais de saúde mental por 100.000 hab. (apoio)
Taxa de suicídio por 100.000 hab. (apoio)
Observa-se que para atender uma parte significativa de tais indicadores, além, evidentemente, de outras condições que requerem planejamento e o estabelecimento de políticas públicas, é preciso que haja o investimento do governo em infraestrutura, passando, necessariamente, pela construção de moradias, escolas, hospitais, presídios, mobilidade urbana, acessibilidade, para as quais seja considerada, também, a análise dos “sistemas construtivos inteligentes” que atendam as premissas de sustentabilidade.
Cabe salientar que a CEE 268 da ABNT tem ainda entre as suas responsabilidades, a elaboração de normas técnicas para as cidades inteligentes e as cidades resilientes. Outro importante conceito a ser introduzido no presente artigo. O Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas define resiliência como a habilidade de um sistema e seus componentes em antecipar, absorver, acomodar ou se recuperar dos efeitos nocivos de maneira oportuna e eficiente, inclusive por meio da garantia e preservação ou melhoria de suas estruturas e funções básicas.
A Arquitetura e a Engenharia passam então a ter um importante papel no desenvolvimento das cidades inteligentes, visando adequar os centros urbanos, a fim de que suportem as necessidades atuais e as oriundas da digitalização. Além do desenvolvimento de espaços inclusivos, a matriz energética para suportar tais mudanças é de fundamental importância e a busca por fontes renováveis de igual maneira. É importante considerar ainda a influência destas disciplinas em todo o ciclo de vida dos empreendimentos desde a sua concepção no projeto até o final da sua vida útil e o potencial de reciclagem. Apesar do pós-ocupação de moradias ou espaços comuns, representar a maior parte do tempo do ciclo de um empreendimento há que se considerar de igual forma o consumo de recursos empregados na sua fase de construção, fator pelo qual, uma análise de viabilidade que considere tais fatores seja exaustivamente avaliada, desde o início. Tal afirmação toma por base a reflexão do Professor Geraldo Cechella Isaia, pesquisador e profissional dedicado ao ensino do concreto no Brasil:
“O nível de qualidade de vida do planeta depende da quantidade de pessoas (população), dos recursos naturais disponíveis, do conhecimento para realizarem-se as transformações e o gerenciamento desses recursos e, ainda, o grau de poluição gerado durante os processos utilizados. (...) Historicamente, o desenvolvimento do homem esteve ligado à sua habilidade em detectar, manipular e aperfeiçoar os materiais disponíveis para atender suas necessidades de manutenção, proteção, abrigo. (...) O estado de conhecimento (informação) e a disponibilidade de energia e de materiais formam o tripé básico de desenvolvimento da humanidade em busca de melhores condições de vida.”
2. O concreto e a industrialização através da indústria de pré-fabricados
Segundo MEHTA & MONTEIRO (2014), o concreto é o produto industrializado mais utilizado pela sociedade, com consumo atual mundial estimado, em 19 bilhões de toneladas ao ano.
Portanto, através da utilização do concreto, da melhor maneira, com base em requisitos de desempenho e sustentabilidade, é possível racionalizar o uso, através da redução significativa do consumo de materiais e energia.
Analisando a eficiência de concretos de resistências elevadas e comparando a emissão de CO² de concretos de elevada resistência a partir de um caso real, construído em São Paulo, o edifício e-Tower, com concreto de alta resistência (80MPa), adotando concreto moldado “ïn loco” Helene et. al concluem que do ponto de vista do conceito de construção sustentável, alguns parâmetros importantes foram alcançados com essa modificação de projeto: a elevação da vida útil, a redução do uso de recursos naturais, de impactos ambientais, de energia e do volume total de concreto da obra (mesmo com um consumo de cimento por metro cúbico de concreto superior ao concreto do projeto original - com fck de 40MPa). Ainda que apresente um maior consumo de cimento por m³, e, por consequência, maior quantidade de emissões de CO² por m³, a redução no volume de concreto e o aumento considerável de vida útil justificam o uso dos concretos de alta resistência do ponto de vista da sustentabilidade.
Não podemos deixar de considerar que o concreto e os sistemas construtivos dele derivados não irão solucionar 100% das necessidades dos empreendimentos construídos, embora tenha um enorme potencial em suas diferentes formas de aplicação e inclusive em combinação com outros materiais e sistemas, para os quais se demonstra extremamente intercambiável. O ideal é que nas análises de viabilidade dos empreendimentos, desde a fase de projeto estejam sendo analisados os materiais, tecnologias e sistemas construtivos a serem empregados, em relação ao local em que serão construídos, avaliando a solução que apresente a melhor relação custo x benefício, levando-se em consideração requisitos de desempenho com base nas premissas de sustentabilidade na extensão de suas dimensões: social econômica e ambiental.
Visando o desenvolvimento sustentável de todo o processo de fornecimento de energia, deve-se maximizar o potencial de cada sistema construtivo, adequando-o ao novo modelo de construção, considerando o impacto ambiental em todas as fases. (Fernández-Ordoñèz 2012).
Neste contexto a industrialização da construção, através da pré-fabricação em concreto ao longo da história, tem estado associada a movimentos sociais, além de lembrar o importante protagonismo do sistema no pós-guerra na Europa, em que cidades inteiras, moradias e infraestrutura eram necessárias para reconstrução, podemos nos referir as recentemente às necessidades urgentes, que surgem em decorrência da imigração e do crescimento da população mundial. Os movimentos sociais geram demandas em larga escala que exigem velocidade, alta produtividade e qualidade, princípios básicos diretamente associados às formas não convencionais de construção visando à construção de moradias e infraestrutura necessárias à população, passando a ser uma alternativa importante a ser considerada na aplicação dos mais diversos empreendimentos.
Além das tradicionais e conhecidas referências como benefícios decorrentes do uso da pré-fabricação em concreto, tais como: a redução do prazo de execução, a produção industrial que assegura a garantia da qualidade dos processos em ambiente controlado, ao trazer atividades que nos sistemas convencionais são realizadas nos canteiros de obra (sujeitas inclusivas as variações climáticas), utilizar de forma racional os recursos materiais e humanos, promovendo condições mais seguras e ergonômicas de trabalho e também a possibilidade de introdução mais ágil e eficaz de tecnologias mais avançadas como o uso do concreto autoadensável e os concretos de ultraelevada performance e sob o ponto de vista de projeto trazer flexibilidade arquitetônica e estrutural, possibilitando grandes vãos pela adoção da protensão e grande intercambialidade com todos os demais sistemas construtivos em caso de sistemas híbridos e mistos e características intrínsecas do material, como a resistência ao fogo, destacam-se os estudos e aplicações mais recentes no âmbito globalizado, como a capacidade do concreto em relação a outros matérias tradicionais de construção (tabela 1, adaptada de Concrete Centre), em armazenar energia gerada por fontes renováveis através da flexibilidade na rede elétrica, fazendo com que a demanda dos consumidores ocorra ao longo do tempo, evitando os chamados picos de energia, através do pré-aquecimento ou resfriamento dos ambientes.