Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 22 - abril de 2021

ARTIGO TÉCNICO

A pré-fabricação em concreto para edifícios altos

4.  Exemplos internacionais: referências para a indústria de pré-fabricados no Brasil
Na Europa, após uma série de aplicações bem sucedidas desses elementos estruturais em torres com mais de 100 metros de altura, a tendência aponta para o aproveitamento, cada vez maior, de estruturas pré-fabricadas de concreto.
Nos últimos anos, o continente tem sido palco da proliferação de arrojados arranha-céus executados com estruturas pré-fabricadas de concreto ou em combinação com outros sistemas, especialmente na Bélgica, Holanda, Dinamarca e Espanha. Os motivos que justificam a adoção dessa solução construtiva são vários. Obras limpas e rápidas, redução do desperdício de materiais, maior controle da qualidade, produtividade e previsibilidade de resultados são alguns deles. O outro ganho diz respeito à pré-fixação dos preços de compra dos insumos da construção. Nesses casos, os contratos são fechados a preços fixos, sem os aditivos contratuais normalmente presentes nos contratos das obras convencionais.
Em visita ao Brasil, o saudoso engenheiro Arnold Van Acker, grande especialista em estruturas pré-fabricadas, disse que o uso de vigas e lajes pré-fabricadas protendidas possibilita obter vãos maiores e construções mais esbeltas. Além disso, o uso desses elementos proporciona redução significativa do peso e altura, quando comparado a estruturas convencionais, permitindo a construção de um pavimento a mais a cada 35 andares. 
Segundo Arnold, em comparação com lajes em steel/ribdeck, as estruturas integralmente de concreto são menos deformáveis e resistem ao fogo por duas horas, sem necessidade de qualquer proteção adicional. Até os anos de 1990, o concreto pré-moldado não era muito usado nesse segmento de mercado, mas recentes avanços na indústria de pré-moldados mudaram esse quadro. Entre essas inovações, destacam-se os concretos de alta resistência. 
Além de Arnold, Kim Elliot (UK), Hugo Corres (Espanha) e Kaare Dahl (Dinamarca) compartilharam sua experiência no uso da pré-fabricação em edifícios altos em eventos e reuniões da ABCIC e da ABECE, com o apoio da fib e do Núcleo de Tecnologia da Pré-Fabricação (Netpré-Ufscar). Na ocasião, eles também visitaram fábricas e obras. Da mesma forma, a ABCIC organizou missões técnicas para a visitação de edifícios, fábricas e obras em execução nesses países. A última (sétima) incluiu o Japão, onde, em Tóquio, foi visitado um edifício residencial que está sendo integralmente construído em pré-fabricado de concreto, com as devidas considerações de resistência a sismos, pela Sumitomo Mitsui, uma das mais importantes da Ásia. Trata-se do Ebina Station Condominium, com 99,95 m de altura e 33 pavimentos, sendo 2 intermediários comerciais e 31 residenciais (Fig. 4).


 Fig.4 Missão Técnica Abcic 2019: visita técnica ao Ebina Station Condominium (a), com ênfase na execução das ligações (b)

Considerando todas as exigências à resistência ao fogo e aos sismos do país, os integrantes da missão concluíram que não há limite de altura para este tipo de processo construtivo, desde que se tomem as devidas providências, tendo em vista tanto o projeto e a execução quanto os elementos estruturais e suas ligações (ou conexões), visando a estabilidade global do edifício, além evidentemente das cargas acidentais e exigências de cada região.
Descreve-se brevemente a seguir alguns casos internacionais de edifícios altos que usaram os sistemas pré-fabricados.

4.1 TORRE DE CRISTAL (Espanha)
Construída em Madri, a Torre de Cristal, com 250m de altura, integrante da área de negócios denominada Las Cuatro Torres,  composta de quatro edifícios altos construídos com distintas tecnologias, é um exemplo interessante de uso de pilares mistos de concreto com perfis metálicos, de grande capacidade, e com adoção de lajes alveolares de concreto protendido no piso. Essa solução adotando lajes de concreto  pré-fabricadas, em combinação com estrutura metálica visa conferir maior rigidez à estrutura (Fig. 5).
A combinação dos sistemas construtivos, em aço e concreto, neste caso foi fundamental para a logística, considerando a capacidade dos equipamentos envolvidos e a necessidade de atendimento ao cronograma [3].

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