Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 25 - maio de 2022

ABCIC EM AÇÃO

Abcic Networking IX apresentou aos associados e convidados as perspectivas e desafios para 2022

O tradicional evento da Abcic contou com a participação da economista Ana Maria Castelo, da FGV, que avaliou a conjuntura econômica atual e trouxe cenários para este ano, e do engenheiro Martin Maass, da Progress Group, que abordou o tema a pré-fabricação de concreto e a construção modular

Para a economista, a grande questão para a construção é como manter um crescimento sustentável. “A atividade corrente nesse setor reflete em grande medida as decisões que foram tomadas no passado. Da mesma forma, as decisões de hoje serão vistas nos próximos anos. Assim, as perspectivas de crescimento se refletem em grande parte nos negócios realizados, ou seja, nos projetos que já foram vendidos”. 

De acordo com Ana Castelo, o panorama mundial é de desaceleração, com crescimento desigual entre os países. Há ainda a inflação que subiu em todo o mundo, não apenas no Brasil, como reflexo da retomada, do problema de oferta das cadeias globais de suprimento e da pressão das commodities. “Um ano de crescimento com inflação alta deve ser enfrentado com as elevações das taxas de juros, para se contrapor a atividade menor”, afirmou. 

O Brasil teve uma alta maior em pontos percentuais nas taxas de juros, em uma guinada acentuada em um curto período de tempo. “O Brasil foi o país de economia emergente que respondeu mais forte nessa área para frear causas externas, como commodities, energia, mudanças climáticas, questões políticas e fiscais, e desvalorização do câmbio”. Os Estados Unidos chegaram a um patamar elevado historicamente e há a sinalização de FED (Banco Central americano) de iniciar a alta da taxa de juros. “Esse movimento ainda não é visto no mundo porque há o medo do que acontecer com a pandemia. Então, vemos muita cautela na Europa, por exemplo”. 

A seu ver, o Brasil também passa por um cenário de incertezas que trazem questionamentos e podem afetar a confiança dos empresários e dos consumidores, assim como ter uma reação negativa dos investidores.

Em sua apresentação, ela trouxe os pontos negativos e positivos que impactam a cadeia da construção. Os desafios estão a queda de renda real dos brasileiros, a elevação das taxas de juros pelo Banco Central, a redução do ritmo de atividade e a maior percepção de riscos e incertezas. Por outro lado, ela pontua como aspectos favoráveis, a compra de imóveis como ativo seguro, os investimentos privados em infraestrutura e a evolução dos investimentos públicos em ano eleitoral.

“Em infraestrutura, podemos citar a área de saneamento que ganhou força com o Marco Legal, o que permite projetar um crescimento a frente. No curto prazo, os recursos dos Estados são mais favoráveis, uma vez que eles se organizaram e foram beneficiados com as mudanças no sistema de pagamento de dívidas”, ponderou Ana Castelo.

Desse modo, a FGV projeta que o PIB da construção em 2022 deve ter uma alta de 2%, sendo o aumento das empresas da ordem de 4%; em edificações, 4,5%; em infraestrutura, 3,7% e em serviços especializados, em 3,5%. Já a autoconstrução e reformas, a previsão é de queda de 0,3%. Para Ana Castelo, esse percentual de elevação é uma sinalização de curto prazo importante e positiva. “Contudo, para sustentar um ritmo de crescimento, seria necessário crescer 5% ao ano por nove anos seguidos para chegar ao patamar de 2013”, avaliou. Isso porque a média de crescimento de 2006 a 2013 foi de 6,2% ao ano.

Sobre os insumos, Ana Castelo disse que, no final do ano passado, foi observada uma queda de preço em alguns materiais, como os vergalhões de aço e os tubos de ferro. “Mas, esse movimento vai continuar?”, questionou a economista, que acrescentou que o Banco Mundial e os economistas avaliam que as commodities não vão pressionar tanto. “Mas, ainda há uma questão que preocupa: a oferta das cadeias globais não se normalizou, o que resvala em 2022, principalmente a questão do frete. Existem fontes de pressão sobre custo que se mantém”.

Ela salientou a necessidade de investir em infraestrutura para crescer em um ritmo mais forte e de modernização da cadeia de produção. “É preciso investir em treinamento e aumentar a produtividade da construção. Não conseguiremos dar um passo a frente sem a qualificação”, enfatizou.

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