ABCIC EM AÇÃO
O tradicional evento da Abcic contou com a participação da economista Ana Maria Castelo, da FGV, que avaliou a conjuntura econômica atual e trouxe cenários para este ano, e do engenheiro Martin Maass, da Progress Group, que abordou o tema a pré-fabricação de concreto e a construção modular
Outro ponto comentado foi a escassez de mão de obra qualificada. Íria afirmou que essa questão já vem sendo percebida pelo mercado. “Está muito próximo do apagão de 2009”, pontuou. Nesse contexto, a industrialização tem um papel fundamental, pois vem com propostas e soluções com aumento de produtividade. “Fomos protagonistas em diversas situações, como nos eventos esportivos, na infraestrutura, entre outros”, explicou. A seu ver, o apagão de mão de obra está ligado, entre outras razões, pelos jovens estarem em busca de processos mais modernos, como a digitalização. "O cenário é de um ciclo pior do que tivemos em 2009”.
Ana Castelo: "A grande questão para a construção é como manter um crescimento sustentável“
Construção modular
O Abcic Networking IX contou ainda com a palestra do engenheiro Martin Maass, gerente de Vendas no Brasil da Progress Group, que tratou do tema “A pré-fabricação em concreto e a construção modular”. Ele mostrou equipamentos que possibilitam ampliar a produtividade e a automatização nas indústrias de pré-fabricado de concreto, como o sistema carrossel para a produção automatizada de painéis estruturais e de fechamento; as armaduras automatizadas; formas especiais e lajes alveolares protendidas.
De acordo com Maass, o sistema carrossel possibilita ganhos de produtividade indiscutíveis. “Quando se trata de uma obra residencial, a tecnologia permite ter entre 30 a 40 profissionais nos canteiros de obra, ao invés de 300 e 400 pessoas”, exemplificou. Da mesma forma, o sistema apresenta resultados nos quesitos: ganho de tempo, previsibilidade de prazos e entrega da construção com mais qualidade. “Quando há esse tipo de sistema e uma alta taxa de pré-fabricação dentro da fábrica, ou seja, realizando os acabamentos na indústria, a qualidade torna-se ainda mais controlada e garantida. Não é possível fazer na obra convencional dessa maneira”, reforçou.
Para Maass, esse último fator – qualidade - não tem como ser mensurado ou quantificado. Por isso, a comparação entre o sistema convencional e o pré-fabricado de concreto demanda uma análise completa, tanto no que diz respeito aos valores tangíveis como os intangíveis. “As reduções de custos, os ganhos de produtividade, sustentabilidade e qualidade, enfim, as vantagens são muito maiores nesse sistema construtivo”, pontuou.
O engenheiro da Progress Group destacou ainda a importância do uso de tecnologia na indústria de pré-fabricado de concreto, por meio de soluções de softwares que podem realizar a integração entre sistemas, o gerenciamento dos processos, o acompanhamento e coordenação das etapas de produção e dos fornecedores, com envio de informações às máquinas, planejamento 3D e controle de compras, resultando em rastreabilidade completa do ciclo de produção e em uma série de dados estatísticos.
As soluções permitem ainda visualizar detalhes da produção, com informações digitais sobre produção de armadura, traço de concreto por pallet e quantidade de concreto por pallet. Além disso, os dados são enviados para os robôs para o alisamento automatizado. Com as informações disponíveis na obra, é possível realizar a leitura de código de barra das estruturas, fazer a conferência e o controle da montagem.
Em sua palestra, trouxe também obras realizadas ao redor do mundo, como a construção de um edifício de 10 pavimentos em menos de um ano; prédios modulares 3D com diferentes acabamentos arquitetônicos; e casas modulares 3D. Ele ainda comentou sobre a necessidade de habitação acessível em todo o mundo. “Uma estimativa mostra que, em 2030, serão necessárias moradias acessíveis para três bilhões de pessoas. E, os preços das moradias sobem mais rápido do que o aumento dos salários das pessoas”, ponderou.