ACONTECE NO MUNDO
Com participação ativa nas comissões, grupos de trabalho e no Model Code da fib, a delegação brasileira, liderada pelo engenheiro Fernando Stucchi, tem levado a expertise da engenharia nacional para auxiliar na elaboração de estudos e publicações internacionais, que norteiam o desenvolvimento das construções em concreto globais
Em 2022, quando o simpósio se realizou em Oslo, outra passagem importante foi a criação de um grupo no American Concrete Institute (ACI), de “Code Comparison”, no qual as normas da ACI e fib MC são comparados com a norma Brasileira ABNT NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto. Essa iniciativa foi motivada por um artigo de Stucchi apresentado no fib Symposium 2021, em Lisboa, com grupo de ex-alunos, sobre cisalhamento em laje, comparando a ABNT NBR 6118, o ACI318-14 e sua nova versão de 19, no qual foi dividido por dois a média da resistência das lajes ao cisalhamento e o fib MC2010 que dava um resultado parecido com o do ACI318-19.
“Vínhamos enfatizando junto a fib a necessidade de a entidade ajudar os países em desenvolvimento e com menos recursos, gerando propostas de norma menos conservadoras e mais econômicas; a discussão avançou com a entrada da sustentabilidade. Então, num encontro para discutir o assunto com um grupo de ex-presidentes, foi pedido que eu lavasse a proposta para o chairman do MC2020”, recordou Stucchi, repetindo minha frase: “a cidade de São Paulo tem mais prédios que a maioria dos países europeus e nunca houve um acidente por conta das lajes esbeltas que têm sido usadas em prédios e pontes”. Foi pedido ainda para acrescentar a pergunta: “como vamos continuar colocando mais concreto e aço nas nossas obras sem necessidade no século 21, emitindo mais carbono na natureza?”
Ainda durante o evento, houve uma sessão especial em comemoração de 25 anos de atividades da fib. Fundada em 1998, a partir da fusão de duas entidades: Euro-International Committee for Concrete (CEB) e a International Federation for Prestressing (FIP), atualmente, congrega 41 delegações nacionais e cerca de 2.500 empresas e membros individuais. As duas entidades predecessoras existiram de forma independente desde 1953 e 1952, respectivamente.
Como vice-presidente em seu pronunciamento, Íria destacou a importância da fib para o Brasil, para a engenharia e para a sociedade. “Todos os materiais produzidos pela instituição ao longo desses anos são referências para a engenharia mundial. No Brasil, as discussões e publicações contribuíram para o avanço da normalização no país, além de termos uma delegação nacional integrando a fib, que participa das comissões técnicas e que teve a oportunidade de colaborar para a elaboração do Model Code, contribuindo com a disseminação do conhecimento no mundo e no Brasil.
Íria ressaltou ainda a importância de todos os profissionais que participam da fib. “A experiência e dedicação dos engenheiros e das engenheiras que congregam e estão ativamente contribuindo com a organização agregam valor não apenas para a entidade, mas também para a sociedade mundial, que tem a disposição uma engenharia de vanguarda para atender as demandas por moradia, infraestrutura, transporte, saúde e educação. É um trabalho valioso e grandioso feito por todos os membros da organização”.
Felipe Cassol, Presidente do Conselho Estratégico da Abcic, também participou do simpósio em Istambul. Os trabalhos da comissão 6 de pré-fabricados de concreto, por reunir experts do mundo, sempre foram o objeto principal de atuação da Abcic, no qual militam Íria Doniak, os professores Mounir Khalil El Debs (USP- EESC) e Marcelo de Araújo Ferreira (UFSCar- Netpré), além do engenheiro Marcelo Waimberg da EGT Engenharia que coordena o grupo de Pontes Pré-Fabricadas.
A Abcic sempre apoiou a atuação da engenheira Íria não apenas nas questões técnicas e de interesse do setor, mas também em sua atuação institucional, desde que foi convidada a integrar o Presidium. “Neste momento, tão relevante para a engenharia de concreto nacional, entendi a importância de estar presente, mais do que apoiar, pois creio se tratar de um momento ímpar podermos ter o Brasil representado por uma mulher que teve seu valor reconhecido, sendo a primeira do gênero e o primeiro país sul-americano a frente da organização. Ao presenciar todo o trabalho voluntário, o nível das pessoas envolvidas e excelência nas questões técnicas que permeiam todos os trabalhos e que são de acesso a todo o mundo, entendi a importância de uma organização como a fib liderando as questões relacionadas a engenharia de concreto no mundo”, disse Cassol.